Consequência na saúde mental pelo olhar de quem perdeu o emprego durante a pandemia - Revista Esquinas

Consequência na saúde mental pelo olhar de quem perdeu o emprego durante a pandemia

Por Larissa Calixto, aluno do projeto Redação Aberta #1* : junho 2, 2021

Foto: Nik Shuliahin

No meio da maior crise sanitária que o país já enfrentou, a instabilidade no mercado de trabalho gera efeitos negativos na vida psicológica

A grave crise econômico-financeira agravada pela pandemia afetou a classe trabalhadora, elevando o número de desempregados e ampliando a falta de perspectiva de acesso a novos postos de trabalho. Além do aspecto econômico, esses trabalhadores têm sofrido em sua saúde mental. Luciana Giordano Ferrini, 43 anos, psicoterapeuta clínica e professora de desenvolvimento para adolescentes, relata que as principais queixas apresentadas são ansiedade, desesperança, tristeza, preocupação nervosismo, angústia, insegurança, desânimo e depressão.

Fernanda Anjos Pereira, 29 anos, professora e empresária, teve essa experiência em 2020. Ela conta que ao perder o emprego em abril de 2020 recebeu o seguro desemprego e a rescisão. A partir daí, deu um novo passo trabalhando com vendas de doces no condomínio onde mora junto ao marido.

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“Foi uma fase difícil. Engordei, desenvolvi um transtorno compulsivo alimentar e tive um quadro leve de refluxo que já estou tratando”. Ela conta que chegou a fazer três sessões de terapia, mas não conseguiu bancar os custos. “Pretendo voltar assim que for possível”. Luciana diz ainda que pode identificar na maior parte das pessoas o sentimento de luto e medo pelo desemprego. “Ficar sem trabalho implica a perda financeira — afetando a base dos lares, como alimentação, compra de remédios e vestuário –, queda de produtividade, insegurança, instabilidade, diminuição de execução de tarefas e dúvidas sobre o potencial da pessoa”.

A psicóloga afirma que o medo está relacionado à preocupação com o futuro e como continuar mantendo a família, considerando gastos com saúde, educação e alimentação. “Em certos casos, é preciso buscar diferentes formas de tratamento: psicoterapia individual, terapia em grupo, grupos de apoio e auxílio de remédios em casos psiquiátricos”, finaliza.

* Redação Aberta é um projeto destinado a apresentar o jornalismo na prática a estudantes do ensino médio e vestibulandos. A iniciativa inclui duas semanas de oficinas teóricas e práticas sobre a profissão. A primeira edição ocorreu entre 17 e 28 de maio. O texto que você acabou de ler foi escrito por um dos participantes, sob a supervisão dos monitores do núcleo editorial e de professores de jornalismo da Cásper Líbero.