Mesmo com proibição da Anvisa, venda e uso de cigarros eletrônicos continuam em alta no Brasil - Revista Esquinas

Mesmo com proibição da Anvisa, venda e uso de cigarros eletrônicos continuam em alta no Brasil

Por Ana Lara Ventura, aluna do projeto Redação Aberta #4* : outubro 27, 2022

Foto: Vaporesso/Unsplash

1 em cada 5 jovens de 18 a 22 anos utilizam o dispositivo no Brasil, segundo a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Anvisa participou da fiscalização para combater a venda irregular no Rock in Rio

O cigarro eletrônico, também chamado de vape, torna-se cada vez mais presente dentro do ciclo social de adolescentes e jovens adultos. Mesmo com a proibição de sua venda determinada pela Anvisa, ainda em 2009, o uso do equipamento se tornou uma moda e preocupa especialistas por conta de seus malefícios para a saúde física e mental.

“Eu comecei a usar o vape porque foi uma saída que eu encontrei em relação ao cigarro”, relata Pedro Machado, 21 anos, estudante de direito. Quando foi lançado, acreditava-se que o vape se tornaria uma alternativa “mais saudável” para o cigarro tradicional, pela ausência do tabaco e as diferenças nas composições.

Porém, pesquisas recentes contradizem essa ideia, ao mostrar que além de possuírem substâncias tóxicas como a nicotina, o cigarro eletrônico pode causar câncer, dermatite, doenças cardiovasculares e o poder de vício é maior do que o do cigarro tradicional. Antes da pandemia de covid-19, foi registrado nos Estados Unidos uma síndrome denominada Evali, que são lesões pulmonares associadas ao uso constante de cigarros eletrônicos ou vaping.

Hoje, ainda que saiba das consequências para a saúde, Pedro relata que segue consumindo por ter criado uma dependência com o produto. “Não consigo parar de usar, mesmo tentando várias vezes”, desabafa.

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Uso do cigarro eletrônico e a saúde mental

Mesmo diante da proibição, quase 20% dos jovens no Brasil utilizam cigarro eletrônico e a tendência é que a porcentagem aumente. “Um dos motivos para eles continuarem usando é o modismo. Como os jovens estão em uma fase de querer aceitação, tudo que o grupo está fazendo eles vão no embalo e possuem dificuldade em dizer não”, relata a psicóloga Simone Ferreira. O uso da razão é deixado de lado, o prazer com o uso do dispositivo e o medo de não ser aceito se sobressaem e, assim, as consequências do cigarro não são levadas em consideração frente a tais momentos.

“Conheci e comecei a usar por conta de propagandas e influências de amigos. Continuo usando porque o gosto é bom e no meu grupo de amigos todos usam”, relata Caio Silva, 18 anos, aluno do Ensino Médio. Apesar de estar inserido em um grupo de amigos em que todos fazem uso de vape, não-fumantes expostos ao fumo também são prejudicados e aqueles que se sentem atraídos pela nova moda se tornam usuários, como ocorreu com Caio.

Adolescentes e jovens adultos possuem consciência dos malefícios do uso do vape e, segundo a psicóloga, “é difícil usar a razão, ocorre o uso da emoção da sensação e do prazer”. Com o aumento no número de jovens que sofrem com transtorno de ansiedade e depressão, que dobrou durante a pandemia de covid-19, Simone explica que o uso do cigarro eletrônico está relacionado diretamente com esse fenômeno. “Todo vício vai diminuí-la [ansiedade] temporariamente. Mas, depois, a ansiedade é potencializada. É um engano total acreditar que aquilo que é gostoso mas não é saudável vai trazer um prazer prolongado”, finaliza.

*Redação Aberta é um projeto destinado a apresentar o jornalismo na prática a estudantes do ensino médio e vestibulandos. A iniciativa inclui duas semanas de oficinas teóricas e práticas sobre a profissão. A segunda edição ocorreu entre 20 de setembro e 1 de outubro. O texto que você acabou de ler foi escrito por um dos participantes, sob a supervisão dos monitores do núcleo editorial e de professores de jornalismo da Cásper Líbero.

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