"Não dá mais": alta de preço afasta brasileiros de planos de saúde - Revista Esquinas

“Não dá mais”: alta de preço afasta brasileiros de planos de saúde

Por Gustavo Orito de Carvalho, João Luiz Freire, Lucas Werneck, Tamires Batista e Thais Bueno : outubro 9, 2024

Em 13 de maio deste ano, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou um reajuste de aproximadamente 7% nos planos de saúde individuais. Foto: Reprodução/Pexels

Com aumento dos preços nos planos, direito à vida é retido aos brasileiros, e SUS se faz presente como último suspiro à cidadania

O crescente aumento no preço dos planos de saúde é ferida exposta para uma população já desassistida, onde a continuidade de tratamentos médicos é testada ao limite, chegando a margem da vida humana. Em contextos como esse, o SUS (Sistema Único de Saúde) – o nome bem representado pela unidade isolada de serviços públicos aceitáveis, é verdadeiramente único.

Apesar dos problemas com filas e a falta de médicos, o Sistema ainda é cartilha seguida por diversos países “desenvolvidos”, e o que salva pessoas de escolherem entre um prato de comida e uma consulta médica, como acontece em um certo primo rico que mora na América do Norte.

Planos de Sáude

Em 13 de maio deste ano, durante reunião da diretoria colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), foi determinado um reajuste de aproximadamente 7% nos planos de saúde individuais. É o menor valor desde a pandemia de Covid-19. O índice calculado pela ANS não se aplica aos planos coletivos, uma vez que o preço deles é decidido com base no custo do grupo.

“Quanto maior o uso de médicos, hospitais, exames laboratoriais, maior será o custo desse grupo. Isso é refletido no preço das mensalidades”, explica Sandro Prado, economista e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Com isso, apesar do reajuste definido pela Agência, o aumento nos planos coletivos pode chegar a 20%.

População

“Hoje, não tenho plano especificamente por conta do valor, acabo realizando minhas consultas e exames pelo SUS. Antigamente eu tinha um plano que era muito bom”, relata Bianca Afonso, que lamenta o alto valor, e acaba por recorrer, esporadicamente, ao sistema público.

“Não uso o SUS com frequência, mas como não tenho convênio, é a única opção. Mas as consultas e os exames demoram, o que já me fez deixar de buscar alguns tratamentos.”

Quem também sofre é a dentista Cecília Maria que, em 2022, teve que trocar seu atual plano para um mais barato devido ao aumento no valor. Além desse acréscimo, Maria também soube que haveria um outro aditivo nos valores finais por conta da mudança de faixa etária. Com isso, o “investimento” final saltaria de R$ 3 mil para cerca de R$ 4,5 mil. Além do aumento de R$1,5 mil, a dentista enfrenta um novo problema: o reajuste anual que pode chegar a 20% no preço do plano.

“Eu me encontro em um dilema e fico chateada. Queria pagar algo melhor, mas está difícil. Não dá mais, cada mês é um aumento diferente. É quase uma máfia dos convênios médicos.”

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SUS

O Sistema Único de Saúde, mantido por meio de impostos, busca se manter ativo apesar da falta de recurso e da má administração. Entre 2013 e 2023, o investimento em saúde pública recuou 64%, uma perda de aproximadamente R$ 10 bilhões. Os números do Instituto de Estudos Para Políticas de Saúde (IEPS), revelam que a redução não se limita a meras estatísticas, mas corresponde também a menos recursos disponíveis para a ampliação da infraestrutura do SUS e, consequentemente, para a garantia do direito universal à saúde.

Segundo o Governo Federal, o investimento no setor pode chegar a R$ 30,5 bilhões até 2026, valor que está previsto no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Além disso, o marco fiscal aprovado em 2024 reservou um orçamento para a saúde 30% maior em relação ao orçamento do ano passado.

Editado por Ronaldo Saez

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