Os povos originários são os primeiros habitantes de um território, que constituíram sua cultura, linguagem e identidade primária
No Brasil, por exemplo, esses povos são os indígenas, os quais estão espalhados por toda extensão do país e, hoje, eles representam apenas 0,4% de toda a população brasileira. Isso, pois desde o início da colonização predatória europeia no território sul-americano, esses povos lutam para manter seu espaço e identidade, frente ao constante extermínio a que são submetidos: desde as doenças que os dizimaram, a mão de obra explorada e a marginalização social.
Um olhar para dentro indígenas
Ao longo da História, os nativos sempre foram colocados em posição de tentativa de comparação a maneira de ser dos povos ocidentais considerados “civilizados”, por meio de adjetivações como “receptivos e gentis” e “primitivos, bárbaros” e que precisavam dar valor a questões de honra, virgindade e heroísmo, segundo o estudo “O indígena na construção da identidade nacional”, por Danglei de Castro Pereira. Dessa forma, a imagem do indígena com base na perspectiva eurocêntrica, colocando-o como parte exótica brasileira, inclusive por parte desse povo.
Dessa forma, é necessário compreender os indígenas não como um elemento a parte da cultura nacional, mas como essencial e necessário de ser valorizado, haja vista que hábitos alimentares e linguísticos atuais, derivam de seus costumes. Além disso, as relações interpessoais sociais (como a valorização dos ancestrais e do conhecimento acumulado) e preservação do nosso espaço (como a luta contra o desmatamento) estão, intrinsecamente, associados com a herança do modo de vida desses povos.
Os mais conhecidos são: os Guarani, os Pataxó, os Yanomami, os Xavante e os Potiguara e possuem esse papel de destaque, em especial pela divulgação da mídia acerca do empenho deles na manutenção de sua existência, diante da constante tentativa de apagamento dela.
Museu das Culturas Indígenas
Tendo essas questões e a necessidade de valorização dos principais formadores da nação brasileira foi materializado o Museu das Culturas Indígenas. Inaugurado no segundo semestre de 2021, ele está localizado na região da Água Branca, em São Paulo – próximo à estação Barra Funda na linha vermelha do metrô.
Ele é “administrado pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, em parceria com a ACAM Portinari e o Instituto Maracá” e tem o objetivo de desenvolver “uma proposta inovadora de gestão compartilhada com protagonismo do Conselho Indígena Aty Mirim, composto por lideranças de diversos povos indígenas do Estado de São Paulo”, de acordo com o site oficial do museu.
O que é possível experienciar? indígenas
O museu MCI é um prédio de sete andares (sendo do terceiro ao sétimo andar, espaços expositores). Durante o trajeto é possível ter experiências sensoriais diversas – do olfato ao tato – que fazem o visitante imergir em cada detalhe da vida valorizado por esses povos.
Em conversa com Xipu Puri, Indígena Puri, historiador e mestrando em Letras, é ressaltado que a militância indígena a favor das demarcações, do respeito a sua identidade e dos símbolos tradicionais é amplamente exposta em cada espaço museológico. Da mesma forma como a valorização do que é produzido por eles, bem como a sua maneira de ver o mundo em que habitam.
Ademais, ao longo do acervo, é possível ter contato e compreender detalhes mais profundos acerca da importância dos sonhos, dos hábitos alimentares, entretenimento, bem como as formas artísticas nativas. Para tanto, é possível ouvir depoimentos de lideranças indígenas das mais diversas zonas brasileiras.
Juntamente a isso, é possível sentir-se como parte integrante da floresta por meio de uma zona imersiva repleta de vegetação, visões de diferentes ângulos das paisagens e uma sala que simula a realidade em contato com o meio ambiente. A íntima relação com a água, com o fogo e com a terra é estimulada e sentida.
Programação
A programação do mês de maio foi marcada pela presença do ativista Ailton Krenak, contação de histórias e trocas de experiências durante a Virada Cultural. Além disso na quinta-feira (23) ocorreu o CineClube TAVA, com a apresentação do filme “Shuku shukuwe – A vida é para sempre” e na terça-feira (28), a mediação de leitura acessível e inclusiva para crianças da obra “Os Olhos do Jaguar”, de Yaguarê Yamã.
O mês de junho, por sua vez, apresentará a Mostra “O Cinema Indígena: do território à tela” no dia 13, a partir das 18h e, no sábado (15) ocorrerá uma contação de histórias “As Aventuras de Kara’i Tukumbó, com Djagwa Ka’agwy Kara’i Tukumbó”.
Para se inscrever nessas e demais atividades do ano, basta acessar a programação completa pelo site oficial. Lembrando que as vagas são limitadas.
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Ingressos e visitação
Os ingressos estão disponíveis diretamente no museu via dinheiro, cartões de débito e crédito ou via Vale Cultura. É possível também adquirir os ingressos antecipadamente pelo site.
Eles variam de R$7,50 (meia-entrada) a R$15,00 (inteira) por pessoa.
Há também gratuidade para algumas pessoas como:
-indígenas;
-crianças até 7 anos (com documento comprobatório);
-profissionais da educação;
-alguns funcionários públicos;
-guias de turismo credenciados;
Para saber mais e conferir detalhes sobre as condições de gratuidade e ingressos, clique aqui.
Segundo Xipu, há muitas visitas de “grupos acadêmicos, em especial, escolares; grupos de outras cidades e também visitas individuais de educadores, comunicadores e o público em geral.” Para ele, todos saem impactados de alguma forma, “seja pela apreensão de novos conhecimentos até a criação de memórias afetivas pela decoração ou experiências sensoriais, como ocorre com os pequenos.”
Endereço: Rua Dona Germaine Burchard, 451 – Água Branca, São Paulo – SP
Horário de funcionamento: das 9h às 18h de terça a domingo e até as 20h às quartas-feiras. Para visitas em grupo é necessário agendamento.
Para mais informações, acesse o site oficial do Museu.