Depois de três longos anos sem nenhum single, Florence and The Machine retorna com o álbum ‘‘High As Hope’’
A banda Florence and The Machine surgiu em 2007 com o objetivo de emplacar o indie pop nas paradas musicais, não só britânicas, mas mundiais. O hit ‘‘Dog Days Are Over’’, lançado em 2009, é o mais conhecido do grupo e com o qual adentrou no universo do mainstream.
Originária de Londres, a banda é liderada pela vocalista Florence Welch, responsável pela composição das músicas e também da produção, junto com sua amiga Isabella Summers, musicista (teclado) e produtora, além de contar com outros integrantes.
Para os que apostaram no som da banda indie, os resultados foram melhores do que as expectativas. Tal fato pode ser comprovado com o uso de singles e músicas gravadas exclusivamente para integrar a trilha sonora de filmes, séries e até mesmo da Copa do Mundo de 2010.
A banda lança em 29 de junho seu quarto álbum. Entre o quarto, ‘‘How Big, How Blue, How Beautiful’’, de 2015, e o recém-lançado quarto álbum ‘‘High As Hope’’ houve uma pausa de três anos, o que possibilitou a participação de Welch em outros trabalhos, como no dueto de ‘‘Hey Girl’’, em 2016, com Lady Gaga.
Sobre “High As Hope” era aguardado algo diferente, mas o que realmente se pode esperar de uma banda que a cada álbum muda todo o seu arranjo musical como se fosse a rápida troca de uma nota para outra? O mais novo lançamento, composto por dez músicas, é repleto de letras preenchidas por um lirismo íntimo e, ao mesmo tempo, duramente honesto, tendo como exemplo o single ‘‘Hunger’’, que explora a vulnerabilidade da vocalista sobre distúrbio alimentar e analisa a juventude atual, além das outras faixas abordarem a questão da bebida, família e histórias pessoais. No entanto, Florence parece escolher temas das profundezas de cada um – nesse caso, dela mesma – e incide uma luz sobre eles, traduzindo-os em versos poéticos.
Além disso, esse é o primeiro álbum da banda inglesa co-produzido, tendo a colaboração de artistas como Tobias Jesso Jr. (piano), Kelsey Lu, Jamie xx, Sampha e Kamasi Washington (responsável por alguns arranjos).
De fato, Florence explora um novo terreno musical, com músicas que se iniciam apenas com sua voz potente, oscilando com uma progressiva elevação de um coro no estilo soul ao fundo, enquanto uma orquestra, gradualmente, acompanha o ritmo se igualando à amplitude da calmaria ao ápice dos refrãos. Há, ainda, versos marcantes entonados de uma maneira grandiloquente por sobreposição vocal da própria vocalista, o que torna explícito o talento singular da artista e da banda.
Com ritmos que transformam-se dentro de uma mesma música, o álbum inteiro traz consigo uma atmosfera nova, exibindo um álbum totalmente pessoal, que, em algumas passagens de entonação vocal, é possível até mesmo ouvir a respiração da cantora e o pedal do piano, aproximando a música ainda mais dos ouvintes.
Ao abrir o álbum dizendo que após o show estava começando a se despedaçar, é indiscutível a mudança nesse novo processo de composição para uma produção mais madura. Welch ainda afirma, em entrevista a Universal Music, que ‘‘é sempre um trabalho em andamento, e eu definitivamente não tenho tudo planejado. Mas isso parece uma pura expressão de quem eu sou agora, como artista. Estou mais confortável com quem eu sou’.’