Mauricio de Sousa e Ziraldo realizam crossover com seus principais personagens
Durante o segundo dia da 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no último sábado (4), fãs das mais diversas idades se reuniram na Arena Cultural BIC para receber Mauricio de Sousa e Ziraldo. Ali aconteceu o lançamento do livro “MMMMM – Mônica e Menino Maluquinho na Montanha Mágica”, parceria entre os cartunistas e o escritor Manuel Filho, conhecido por “O ouro do fantasma”, da popular Série Vaga-Lume, que buscava oferecer o gosto pela literatura para o público infantojuvenil.
O livro narra o encontro entre as duas famosas turmas dos quadrinhos. “Ele tem muitas camadas. Está recheado de informações que, quanto mais você lê na vida, mais coisas você vai descobrindo”, explica Filho, que escreveu a história enquanto os cartunistas o ilustravam. “MMMMM” traz diversas referências como “A fantástica fábrica de chocolate” de Roald Dahl, “A montanha mágica” de Thomas Mann e “O mágico de Oz” de L. Frank Baum. Colecionador de gibis, o escritor decidiu homenagear as duas HQs, mas a proposta do livro sempre foi ter ilustrações, e não quadrinhos.
Filho, que foi o mediador da mesa no sábado, enfatizou sua satisfação ao ver a nova junção “Ziraldo + Mauricio” publicada. A vontade de realizar algo com Mauricio surgiu quando era criança e teve sua “cartinha” publicada em um dos gibis da Turma da Mônica. O contato com a obra de Ziraldo, por sua vez, se deu quando era um mais velho – o que não foi empecilho para se tornar um apreciador da obra do jornalista. “Ziraldo toca nas coisas mais delicadas de nossas vidas, como a infância e as pessoas bacanas que compõem nosso cotidiano, um avô e uma professora. É muito poético”, explica.
A primeira parceria da dupla foi nos anos 1960 quando Maurício, no início da carreira, desejava ter sua própria revista em quadrinhos periódica. A convite de Ziraldo, desenhou tirinhas do personagem Pererê para serem publicadas nos Diários Associados. Porém, as histórias se perderam e nunca foram publicadas. “A gente vende e rateia o valor com quem estiver com elas”, brincou Mauricio caso alguém as encontrasse.
O tempo que Mauricio passou no Rio de Janeiro, contribuindo com o amigo, o fez perder o nascimento de sua filha Mônica, que inspirou a criação da turma. “Quem perdeu mais fui eu. Precisei fazer 300 coisas para ficar meio conhecido. Mauricio só precisou fazer a Mônica”, Ziraldo rebateu com humor para se livrar da culpa.
Durante toda a conversa no sábado, eram perceptíveis os traços de cumplicidade entre os dois colegas, vindos de décadas de amizade. “Quando mais novo, ele sempre falava que viria a ser reconhecido por fazer personagens que fariam parte da vida do povo brasileiro. O danado conseguiu!”, lembrou Ziraldo, ressaltando o sucesso obtido por Mauricio e elogiando sua genialidade. O pai da Mônica disse que a possibilidade de novas parcerias entre os mundos das duas turmas dependerá da recepção do público a este lançamento.
A 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo acontece até 12 de agosto, próximo domingo, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na Zona Norte da capital. Para mais informações, basta acessar o site oficial do evento.