O terceiro destino mais visitado do Brasil atrai 44,3% dos estrangeiros apenas a negócios.
A cidade de São Paulo, reconhecida por seu caráter cosmopolita, conforme dados divulgados pelo Observatório de Turismo e Eventos da SPturis e pela iniciativa Visite São Paulo, recebeu em 2017 mais de 15 milhões de turistas, sendo 12,69 milhões deles domésticos, que por conta da recessão financeira, diminuíram as viagens ao exterior. Ainda segundo a amostra, a maior cidade da América Latina é sede de 75% dos principais eventos no país e destacou-se por abrigar 1963 deles no ano da pesquisa, como: Parada do Orgulho LGBT, Comic Con Experience, Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, São Paulo Fashion Week, Bienal Internacional do Livro e o Reveillon na Paulista, que atraíram quase 25 milhões de participantes. Além disso, o carnaval de 2018 superou a marca de 800 mil visitantes.
Apesar disso, existe uma considerável defasagem do turismo paulistano, tanto em relação a outros estados brasileiros, quanto ao das demais megalópoles, uma vez que atribui-se à Terra da Garoa apenas uma noção de corporativismo. Permanecendo entre 1 e 3 dias de acordo com a agência turística “CVC”, os visitantes, que geralmente são custeados por suas respectivas empresas (o que faz com que praticamente não se vendam pacotes turísticos nas agências de viagens), não aproveitam, por exemplo, a ampla rede gastronômica, que conta com mais de 20 mil tipos de restaurantes e 52 tipos de cozinha, segundo a SPturis, empresa de capital misto cuja sócia majoritária é a Prefeitura de São Paulo. Ademais de museus, estádios de futebol, áreas verdes e teatros, em 2014 a emissora televisiva americana CNN ranqueou a metrópole como a 4ª melhor vida noturna do mundo, com 184 casas e boates em geral.
Mariana Aldrigui, professora e pesquisadora do curso de turismo da Universidade de São Paulo, acredita que a sociedade e principalmente os governantes não reconhecem o setor turístico como uma atividade financeira que poderia atrair baixos custos e mais qualidade de vida para essa cidade. “De fato o setor de negócios é muito positivo, porque o turista que vem a negócios gasta muito mais. O que acontece é que ao contrário de cidades como Paris, Nova York, Roma, Londres, Hong Kong ou Xangai, o visitante não percebe que poderia ficar mais e aproveitar a parte de compras, diversão, entretenimento, cultura, gastronomia”.
Para Aldrigui, um planejamento interno eficaz seria essencial, já que a qualidade de vida dos moradores é diretamente afetada com a sobrecarga dos serviços a eles destinados. A pesquisadora sugere ainda a identificação dos centros de aglomeração e a realização de programas que descarreguem as multidões.Ainda que São Paulo seja o único estado do Brasil a ter recursos destinados anualmente para o turismo de suas cidades, a SPturis, revelou que a alguns anos não ocorre o correto repasse do Fundo Municipal de Turismo (FUTUR), uma captação de recursos a serem aplicados no Plano Municipal de Turismo, legislado em 1992 e comandado pela Conselho Municipal de Turismo. Assim, o que existiria atualmente seriam recursos exclusivos para o desenvolvimento de projetos específicos, haja visto que a empresa administra também o Anhembi e o Autódromo de Interlagos.
Quanto às medidas adotadas para o aprimoramento da problemática interna do turismo, a companhia cita a implementação de placas sinalizadoras nas vias urbanas e rurais para a localização do visitante e de centrais de informações turísticas, roteiros temáticos, linha circular exclusiva e visitação ao Edifício Matarazzo e ao polo de ecoturismo de São Paulo na região Sul da cidade. Estabeleceu-se também uma parceria com a rede hoteleira São Paulo Convention & Visitors Bureau e alguns outros membros do âmbito turístico da cidade.
Por outro lado, a SPturis admite que com a supressão na área de publicidade da empresa, que promovia campanhas e anúncios da cidade como destino no país e também internacionalmente, além da redução na participação em feiras e eventos específicos de promoção, ainda há muito a ser feito, além da adoção de outras medidas como a captação de recursos para o desenvolvimento de políticas públicas do turismo no município de São Paulo.