Fantasma da Ópera segue em cartaz no Renault; leia a entrevista com as atrizes
Há 30 anos em cartaz na Broadway, O Fantasma da Ópera é um dos grandes pilares do teatro musical. O longo tempo nos palcos rendeu o recorde de permanência e, assim, a peça foi produzida em 35 países. Baseada no livro do escritor francês Gaston Leroux, traz a história do músico Erik, que se isola da sociedade e passa a viver nas catacumbas casa de ópera Garnier, em Paris, por causa de uma deformação no rosto. Batizado de Fantasma, ele se apaixona por Christine Daaé, uma atriz e cantora de ópera. Porém, a jovem reencontra um antigo amor de infância, Raoul, durante um dos ensaios da peça, acendendo um triângulo amoroso entres os três artistas.
Em 2005, a peça estreava nos palcos brasileiros no antigo Teatro Abril, ficando em cartaz por dois anos e sendo a produção mais cara até então. Cerca de 880 mil brasileiros foram assistir à montagem. No ano passado, a empresa Time For Fun traz pela segunda vez a produção para São Paulo, desta vez no Teatro Renault. Cenários enormes erguidos, figurinos luxuosos costurados, 38 atores encenando no palco. Tudo para levar o espectador para a ópera de Paris e apresentar um espetáculo visualmente atraente.
Os escalados para viver o triângulo amoroso são Lina Mendes e Giulia Nadruz no papel de Christine, Fred Silveira como Raoul e Thiago Arancam é o Fantasma. Mendes, Nadruz e Silveira já são artistas renomados do teatro musical brasileiro. Já Arancam é tenor lírico e inicia sua carreira de ator como protagonista do espetáculo.
Fantasma da Ópera fica em cartaz de quarta-feira a domingo no Teatro Renault até abril de 2019 – sendo que as exibições se encerrariam no final de fevereiro, mas foram renovadas. Os ingressos variam entre 37,50 a 280 reais. ESQUINAS conversou com as responsáveis por interpretar Christine Daaé. Confira abaixo.
ESQUINAS Antes de mais nada, o espetáculo tem sido um sucesso de vendas. Qual a sensação de interpretar um dos protagonistas de um dos maiores clássicos dos musicais?
Lina Mendes Sem dúvida, interpretar a Christine foi um dos maiores presentes que eu pude receber. Desde as audições quando me preparava, eu já sentia uma forte conexão com a personagem e isso só foi aumentando durante o período dos ensaios até hoje nos shows. Cada vez que subo no palco para contar essa história, é sempre emocionante e especial.
Giulia Nadruz É uma grande honra. Todos os dias dou meu melhor para contar essa história tão icônica em todo o mundo.
ESQUINAS Como e quando se iniciou a produção desta versão aqui no Brasil?
LM O processo de audições começou de fevereiro a maio de 2018. No mês seguinte, começamos os ensaios para estrear em agosto.
GN A produção começa muito antes da estreia, passando por pré-produção, audições e ensaios até chegar à temporada.
ESQUINAS Na opinião de vocês, por que Fantasma da Ópera se consagrou como um dos pilares da Broadway enquanto outros musicais não conseguiram o mesmo sucesso?
LM Acho que além da belíssima música e da história que tem como base as relações humanas com aquilo que nos causa repulsa e encantamento, este musical foi planejado para funcionar de forma grandiosa. Por isso, há um imenso aparato técnico que sustenta toda a beleza e luxo que tanto nos cativa.
GN Não temos como precisar isso, mas o Fantasma traz um conjunto de excelência. A história é muito interessante, a música muito bonita, figurinos e cenários grandiosos e imponentes, a maneira como foi dirigido. Acredito que tudo isso contribui para o seu sucesso.
ESQUINAS E qual a maior dificuldade de ser um artista de musical no Brasil? Há aquele sonho de chegar à Broadway?
LM Para qualquer ator, é fundamental ter uma excelente formação, e muitas vezes as oportunidades demoram a aparecer por falta de incentivos na área cultural, fazendo com que o ator precise buscar outras formas de subsistência para poder investir na carreira e assim começar a colher os frutos na sua própria área. Claro que é um sonho trabalhar na Broadway! Seria maravilhoso.
GN A instabilidade da carreira é a maior dificuldade, mas isso é inerente a quase toda classe artística. As leis ainda protegem muito pouco os artistas de musical aqui no Brasil. Na Broadway, por exemplo, os artistas têm uma estrutura de leis e sindicatos de fato atuantes que faz com que a carreira traga um pouco mais de segurança. O que eu realmente sonho é que o mercado no meu país se aprimore cada vez mais.
ESQUINAS Mendes, você menciona a falta de incentivos culturais. Diz-se que há a possibilidade de os musicais sumirem do Brasil sem a Lei Rouanet [mecanismo de fomento à cultura nacional]. Qual sua opinião sobre esse assunto?
LM Eu espero que isso não aconteça, mas caso se torne realidade, que possamos encontrar novas possibilidades para que a arte não desapareça no nosso país. Isso seria, sem dúvida, um imenso retrocesso.
ESQUINAS E você, Nadruz? O que pensa desse assunto?
GN Acho que tudo deve ser feito com cuidado. Atualmente os musicais dependem da lei. Qualquer mudança deve ser feita aos poucos, com muita atenção e incentivo.
ESQUINAS O musical foi renovado mais uma vez. Qual lembrança vocês levarão do Fantasma?
LM Levarei para sempre comigo a lembrança de me entregar de corpo e alma a um trabalho totalmente novo que me transformou no âmbito pessoal e profissional.
GN Levarei muitas boas lembranças. Realmente é mágico fazer esse espetáculo. Estar num trabalho tão rico e bonito, levarei a parceria dos meus colegas de trabalho e o carinho do público.