Estudantes paralisaram e realocaram suas aulas de hoje para o lugar do povo, a rua; saiba mais sobre o ato em São Paulo contra os ajustes orçamentários na educação
Pelo menos 188 cidades brasileiras deram voz à população hoje (15). Manifestantes, ou “idiotas úteis” e “massa de manobra”, como colocado pelo presidente Jair Bolsonaro logo antes das paralisações pelo país, se reuniram para protestar contra as mudanças orçamentárias na educação propostas pelo governo federal.
Anunciado no final de abril, o Ministério da Educação (MEC) irá congelar 1,7 bilhão de reais destinados a gastos como luz, água, materiais básicos, contratação de terceirizados e realização de pesquisa em instituições federais – as chamadas despesas discricionárias – devido à arrecadação abaixo do esperado. Um dos argumentos apontados pelo responsável pelo ministério, Abraham Weintraub, é a suposta “balbúrdia” nas universidades.
Em São Paulo, a partir das 14h, centenas de pessoas se reuniram no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, em um ato unificado contrário aos cortes de verba. Estavam presentes estudantes de faculdades públicas e privadas, jovens do movimento secundarista, crianças, idosos, sindicalistas relacionados ao movimento e professores de todos os níveis de ensino e outros cidadãos preocupados com a educação nacional.
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Apesar de os grupos estarem mais dispersos e movimentos de esquerda, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), aproveitarem para se manifestar contra a Reforma da Previdência – também em tramitação pelo governo federal – o maior foco era na importância de preservar a educação do País.
Vitória Andrade Reis, educadora de um cursinho popular do Capão Redondo, falou sobre a dificuldade de lecionar na periferia. “Temos que permanecer com essa pressão, essa frente a esse governo que quer desmontar tudo que pretendemos construir, a quebrada resiste”, critica.
As federais da Bahia, Brasília e Niterói foram as primeiras a sentirem na pele os cortes de 30% de seus recursos anuais e temem graves consequências. A estudante de Medicina da Unicamp Lívia Gaspar está preocupada. “A pesquisa está indo por água abaixo, já sinto as consequências disso lá. Vejo várias pessoas que não podem mais fazer seus mestrados, doutorados e eu tenho medo de não conseguir nem me formar”, desabafa a jovem.
O ato chegou ocupou cerca de nove quarteirões da Avenida Paulista, chegando próximo à Rua da Consolação. Os manifestas seguiram em caminhada acompanhada pela Polícia Militar pela Avenida Brigadeiro Luis Antônio em direção ao Monumento às Bandeiras e à Assembleia Legislativa de São Paulo. O encerramento oficial foi às 19h33, debaixo de chuva.
O contingenciamento das despesas não obrigatórias na educação é uma ferramenta para retardar a peça orçamentária devido à alegada insuficiência de receita. Já ocorreu em outros governos. A União Nacional dos Estudantes (UNE) convocou um segundo megaprotesto para o dia 30 deste mês.