Veterinárias explicam quais cuidados devem ser tomados por tutores de pets durante a pandemia
O fato de o papagaio andar livremente pela casa assustou seus donos, com medo de que o animal pudesse se infectar com o novo coronavírus. Para evitar a contaminação, borrifaram álcool 70% pelo corpo da ave, que sofreu uma intoxicação, perdeu a coordenação motora e não conseguia se deslocar com coerência. Um porquinho da índia passou por uma situação semelhante depois de ser limpo com álcool em gel. Ele teve depressão cardiorrespiratória e sintomas neurológicos, que podem incluir perda da coordenação motora e fraqueza. A médica veterinária holística Luciana Sales cuidou desses dois casos em que animais de estimação foram vítimas da desinformação de seus tutores. Depois de aplicar medicamentos neles, ambos tiveram alta em 24 horas.
Ainda não há nenhum estudo que comprove que animais podem ter covid-19. Luciana explica que existem diferentes gêneros de coronavírus. “Em cães, a espécie CCov os faz adoecer de gastroenterite e temos as vacinas V8 e V10 para proteger. Em gatos, a espécie é a FCov que causa peritonite infecciosa felina, que ainda não tem vacinas disponíveis no Brasil. O gênero Beta, que atinge os humanos, tem três espécies, a Síndrome Respiratória Aguda Grave-SARS, a Síndirome Respiratória do Oriente Médio-MERS e a covid-19”.
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“Não existem animais de rua. Existem animais nas ruas e essa não é condição deles”, diz protetor
Recentemente, tigres do Zoológico de Nova York testaram positivo para o novo coronavírus. Em relação a esse caso, a veterinária esclarece que “o que foi detectado em animais – cães e alguns felinos — recebeu a denominação de SARS-CoV-2 [o vírus], mas eles não estavam com a doença covid-19”. Segundo ela, os exames não devem ser feitos em animais sem sintomas e sim por motivos reais. “Se positivo, pode ser motivo de abandono e eutanásia, não por necessidade e sim por medo”, diz.
Mesmo sem a confirmação de que animais transmitem o vírus, a médica veterinária Silvia Daniela Ramos atenta para alguns cuidados que devem ser tomados pelos tutores em relação aos seus pets. Em primeiro lugar, as pessoas infectadas ou com suspeita da doença devem evitar o contato com eles. “Os animais não devem ter contato com os doentes. Eles podem acabar se tornando uma fonte de infecção pelo contato do vírus com seus pelos, como uma superfície contaminadora”, diz Silvia.
Uma dúvida muito frequente entre os tutores é em relação ao passeio. Caso não haja alternativa, é permitido, desde que seja curto e feito com muita responsabilidade, evitando aglomerações e outras pessoas. O condutor deve usar máscara. Se possível, seu pet deverá usar sapatos para evitar o contato das patas com o chão, que precisam ser lavadas, assim como a coleira, com água e sabão ou com antisséptico veterinário. O álcool em gel deve ser evitado, pois pode ser um risco de vida. Para evitar acidentes, como sufocamento, enforcamento e ingestão de corpos estranhos, os animais não devem usar máscaras de proteção.
Luciana apresenta outras alternativas para o programa. Se o intuito é levar o animal para realizar suas necessidades fisiológicas, o indicado é “preparar um novo local para os bichinhos em casa”. Se a intenção é fazer exercícios, o tutor poderá estabelecer brincadeiras divertidas para “manter a saúde física e mental do animal e do humano”.
Caso o pet apresente alguma doença, deverá ser levado a uma clínica. “Apenas o médico veterinário está apto e é capaz de identificar e tratar as doenças dos animais. Portanto, o mais correto a fazer em qualquer sinal de anormalidade é levá-lo a uma consulta. De preferência, agendar de acordo com os horários do profissional para que não haja aglomerações”, ressalta Silvia.
Nesse contexto pandêmico, muitos donos ficam desesperados para proteger seus animais e são levados à desinformação. Por isso, quaisquer dúvidas que surjam devem ser encaminhadas aos veterinários. “Nós, médicos veterinários, estamos em vantagem nesse quesito. Em nossa formação adquirimos um amplo conhecimento sobre tudo que se relaciona com cuidados, higiene, segurança e saúde pública. Ou melhor, saúde única!”, afirma Silvia.