Em 3 histórias, como a cobertura esportiva se reinventou na pandemia - Revista Esquinas

Em 3 histórias, como a cobertura esportiva se reinventou na pandemia

Por Dayana Natale, Laís Martins, Rafael Bianco e Renan Lima : junho 23, 2020

Diante das dificuldades geradas pela crise sanitária, produtores de conteúdo esportivo buscam novos formatos para continuar suas atividades

Há três meses, o esporte parou no Brasil. Jogos, campeonatos, treinos, eventos: tudo foi suspenso ou cancelado por conta da pandemia. Nesse momento de março, a repórter esportiva da Globo, Gabriela Ribeiro, e seus colegas de redação ficaram diante de algumas questões: “E agora?”, “O que vamos cobrir?”, “Como vamos trabalhar?”. Ela, acostumada a trabalhar em campo, em cabines de imprensa ou à beira dos gramados, recebeu o desafio de falar sobre uma pandemia, no meio de uma. 

Em poucos dias, Gabriela, que não faz parte do grupo de risco da covid-19, foi realocada para o jornalismo factual da emissora, na linha de frente da cobertura da pandemia. Ela teve que aprender sobre vacinas, leitos hospitalares, auxílio emergencial, curva epidêmica – tudo na prática. “No esporte, eu já havia feito matérias de economia e política, mas em uma pandemia o desafio é muito maior, porque ninguém sabe exatamente como fazer, e é preciso sempre buscar o tom certo”, conta.

Novos conteúdos

No dia 30 de março foi ao ar o primeiro episódio do podcast Jogo em Casa. Apresentado pelo jornalista do Globo Esporte, Guilherme Pereira, o primeiro episódio trouxe uma entrevista exclusiva com Maique Tavares, o primeiro atleta brasileiro infectado. Além disso, também foi feita a análise de problemas para o calendário do futebol e os desafios da olimpíada de 2021. Segundo a descrição do programa, o objetivo é abordar os impactos da pandemia no mundo esportivo.

Além de apresentador, Guilherme foi um dos idealizadores do Jogo em Casa e sentia que, sem jogos e competições, o esporte estava virando um assunto à margem. “Mas ele é muito importante para a vida dos atletas, para a economia, mas principalmente para a vida das pessoas”. 

O jornalista também entende que o debate sobre o futebol e o esporte de maneira geral não pode ficar afastado em momentos como este. Devido a isso, juntou-se com uma equipe com mais cinco pessoas para entregar um produto jornalístico diário que reafirma essa relevância dos esporte, a partir de diferentes perspectivas.

O podcast Jogo em Casa foi muito bem recebido e já soma mais de 50 episódios. Além do esporte, o programa levanta debates que tocam em questões políticas, culturais e de saúde pública. “Fico feliz em fazer um podcast mostrando o quanto existem histórias que precisam ser contadas”, comemora Guilherme. O jornalista conta que teve de adaptar o escritório de casa e comprar um microfone para gravar os programas.

Futebol no YouTube

Falando de uma maneira diferente sobre futebol, o canal PELEJA conta histórias atemporais do mundo da bola desde antes da pandemia. No youtube eles possuem mais de 500 mil inscritos e  abordam desde polêmicas no futebol, até significados de comemorações e história de uma camisa específica. 

De casa, os produtores conseguiram manter a produção do canal e ainda estrear dois novos projetos durante a pandemia. Murilo Megale, um dos criadores do canal, explica que o único formato repensado foi o de quadros com gravações presenciais, de resto “a gente até que se deu bem, porque mudou pouco o dia a dia”, conta. 

Ainda assim, o PELEJA sentiu os efeitos da pandemia. Como exemplo, precisaram adiar um documentário original e perderam parte da receita que vinha dos anúncios no Youtube. “Antes, quando a gente batia 100 mil visualizações em um vídeo, vinha uma quantidade de dinheiro. Agora, com o mesmo número de views, vem menos”, explica Murilo.