Durante o mês de julho, ESQUINAS publica reportagens especiais sobre o impacto da covid-19 no comércio e serviços. Este é o 8º texto da série
“Graças a Deus tínhamos uma reserva [financeira], pois estamos tendo que usar agora”, ressaltou Marcelo Dalla Costa, 52 anos, que está no ramo de academias há mais de 33 anos. Com a pandemia do novo coronavírus, Marcelo é mais um dos milhões de empreendedores que se viu sem opção a não ser fechar as portas de seu estabelecimento.
No dia 18 de março, em uma coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, o Governador João Dória recomendou que shoppings e academias fechassem como uma das medidas de combate ao novo coronavírus. “O Governo age de forma sensata e equilibrada, entendendo a gravidade dessa pandemia. É uma questão de saúde pública”, disse.
Na mesma coletiva, Dória pediu aos empregadores que “preservassem o emprego de seus funcionários”. Na academia de Marcelo, isso só foi possível graças ao benefício de afastamento garantido pelo governo federal. Mas disse que se as academias tiverem que reabrir com apenas 30% da capacidade máxima, como tem acontecido em outros estados, e o auxílio fosse revogado, teriam que funcionar “com o mínimo possível de funcionários, pois antes da pandemia já não estávamos tendo tanto lucro”, afirmou o proprietário. “A academia não conseguiria se sustentar”, concluiu.
Marcelo disse que como consequência da quarentena, houve cancelamentos de matrículas: “muitos não tiveram opção, perderam seus empregos, tem que pagar escola dos filhos e não tem como pagar mais a academia. Entre os que não perderam empregos, existem os que cancelaram pensando a longo prazo, tendo em vista que a pandemia não tem data para terminar.”
Alternativas durante a pandemia
“Estamos disponibilizando diversas aulas e treinamentos online, brincadeiras para as crianças e até mesmo locação de certos equipamentos”, relatou. “Uma plataforma online sempre esteve em nosso radar, e com a pandemia vimos nela uma maneira de tentar manter nossos clientes”, finalizou Marcelo. Essa tem sido a saída encontrada por muitos personal trainers para seguirem trabalhando durante a quarentena.
Medidas de prevenção academias
Dentro do plano apresentado ao governo pelo Sindicato das Academias de São Paulo estão previstas uma série de medidas de segurança que as academias devem cumprir quando for permitida a reabertura, entre elas está o fornecimento de álcool 70%, uso obrigatório de máscaras e medição de temperatura. “Fizemos um investimento na nossa unidade para poder cumprir todas as exigências feitas no plano para reabrir assim que possível. Creio que as academias tenham condições de oferecer segurança para seus clientes e funcionários”, afirma Marcelo em relação às exigências.
Ele ainda faz uma ressalva apenas em relação as chamadas academias lowcost, que são as com baixos custos e elevado número de clientes. “Na minha percepção essas acabarão perdendo mais, pois creio que as pessoas não se sentiram seguras em um ambiente com maior aglomeração”, concluiu Marcelo, agradecendo por não ser o caso de sua academia.