Com respeito ao lockdown, Nova Zelândia se tornou exemplo de combate ao coronavírus com apenas 25 mortes
Em todo o mundo, a Nova Zelândia foi uma das primeiras nações a sair do isolamento e a controlar a curva de contágio da covid-19, tornando-se um exemplo a ser seguido. Após dois meses de restrições rígidas, no início de junho o país se declarou livre do coronavírus e começou sua volta ao “novo normal”.
“Foram tempos duros”, relembra a professora brasileira Carolina Nery, 42 anos. Junto com o marido Ricardo e a filha Maria Victória, de 2 anos, ela vive na pequena Christchurch desde fevereiro de 2019. “A gente ficou em lockdown e, realmente, fechou tudo. Ficaram abertos somente mercados e farmácias. Mesmo ali, era extremamente rigorosa a entrada e saída, com álcool em gel em todos os casos, distanciamento entre carrinhos e de dois metros de qualquer pessoa”, afirma.
Para Carolina, a disciplina foi fundamental para que as medidas funcionassem. “Lógico que há um ou outro fazendo churrasco, porque aqui há o costume de fazer ao ar livre. Porém, em sua grande maioria, respeitou-se o lockdown”, conta.
A credibilidade da primeira-ministra Jacinda Ardern ajudou, assim como a condição geográfica do país. “A Nova Zelândia é uma ilha pequena que não se compara com o Brasil, país gigantesco cheio de fronteiras. Foi mais fácil restringir a circulação por aqui.”
Agora, a situação se restabeleceu. “Temos pouquíssimos casos no país. Na minha cidade, não há nenhum. Estamos vivendo vida normal mesmo. A diferença é que existe álcool em gel em todos os cantos, mas não é uma regra restritiva.” Até o fechamento desta reportagem, em 21 de setembro, o país conta com 1.815 casos de covid-19 e apenas 25 mortes.
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A maioria dos países que passaram por quarentena e lockdown sofreram abalos na economia. Com a Nova Zelândia, não foi diferente. Durante 40 dias de isolamento social, houve a concessão de auxílio para empresários e empregados – casos de Carolina e Ricardo. “Recebi entre 300 e 400 dólares por semana durante um mês. Dava para pagar o aluguel e comida”, comenta.
Uma das alternativas do país para a retomada da economia é o estímulo ao turismo interno – a primeira-ministra Ardern incentiva que empregadores concedam aos seus empregados a sexta livre para emendar com o final de semana e, assim, aumentar as chances de as famílias viajarem. “As estações de esquis se abriram e muitos amigos meus estão viajando. Se o povo não usufruir do próprio turismo, ele quebra, porque não irá haver quantidade significativa turistas estrangeiros tão cedo.”
Sobre o pós-isolamento, Carol se diz confiar nas ações da primeira-ministra Jacinta Ardern. “Se o governo continuar contendo e rastreando todos os casos, eu não acho difícil controlar e mesmo erradicar a covid-19 no país”. Os desafios devem aumentar com a abertura gradual das fronteiras iniciada em setembro.