Além do ex-comandante de Palmeiras, Vasco e Seleção Brasileira, o jornalista Léo Miranda também entra na polêmica
Em 2007, Mário Sérgio comandou o Botafogo por apenas 8 dias, e pediu para sair após ser eliminado da Copa Sul-Americana. PC Gusmão também durou pouco no Flamengo: disputou apenas cinco jogos e ficou contratado por menos de um mês. Não faltam exemplos de técnicos pouco duradores e de trocas rápidas nos times de futebol.
Pensando nisso, em 24 de março deste ano, o Conselho Técnico do Brasileiro da Série A aprovou uma nova regra para limitar a troca de técnicos em clubes da elite do futebol brasileiro. A determinação, aceita por 11 clubes (Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos, Red Bull Bragantino, Atlético-MG, Internacional, América-MG, Chapecoense, Sport e Fluminense) diz o seguinte:
“O clube começará o Brasileirão com um técnico inscrito e, caso demita este treinador, poderá inscrever apenas mais um técnico. Em caso de segunda demissão, o profissional substituto tem que estar trabalhando no clube há pelo menos seis meses. Em caso de pedido de demissão por parte do treinador, o clube não sofrerá limitação para inscrever um novo técnico.
O técnico, uma vez inscrito no Brasileirão por um clube, só poderá se demitir uma vez, caso queira treinar outra equipe que dispute a competição. Se pedir demissão novamente, ele não poderá ser inscrito por outro time. Se for demitido pelo clube, o técnico não sofrerá nenhum tipo de limitação quanto à sua contratação por um novo time”.
🚨 IMPORTANTE: A troca de treinadores será limitada na edição de 2021 da Série A do Campeonato Brasileiro.
O Conselho da CBF aprovou, junto aos 20 clubes, uma regra que determina apenas uma demissão de técnico por parte das equipes.#RádioBandeirantes pic.twitter.com/cOiKdScU2F
— Rádio Bandeirantes (@RBandeirantes) March 25, 2021
No dia seguinte da aprovação para clubes da Série A, a segunda divisão do Campeonato Brasileiro também foi integrada à regra de limite de trocas de técnicos, acatada em votação que teve 18 clubes a favor e apenas 2 contra, Londrina e Vila Nova.
‘’Acho que todo tipo de demissão é ruim. No Brasil, banalizamos as demissões. ‘Não deu certo, demite’. Isso é muito ruim. Quando você demite, você não dá chance para a pessoa melhorar. Entendo que os técnicos precisam ser melhor formados, precisamos de tempo, leis que estipulem tempo mínimo ou algo parecido’’, opina o jornalista do Globo Esporte e da SporTV, Léo Miranda.
Para o analista tático, já deveria haver há tempos algum tipo de lei que regulamentasse o tempo hábil dos técnicos, o que pode contribuir para elevar o nível do futebol nacional. Um exemplo de trabalho longevo e de sucesso é o de Renato Portaluppi, comandante do Grêmio. O técnico, que está no cargo desde 2016, é o mais antigo no comando de um clube da primeira divisão do futebol brasileiro, e já conquistou uma Copa do Brasil e uma Copa Libertadores da América, além de dois títulos estaduais.
No entanto, segundo o técnico e ex-futebolista Vanderlei Luxerburgo, a regra ainda precisa ser revisada. Em entrevista a ESQUINAS, ele analisou a determinação: “Eu não sei se isso funciona porque a Constituição não permite cercear o direito de trabalho de ninguém. E eu acho que deveria partir da ABTF (Associação Brasileira de Treinadores de Futebol) criar essa lei em que determinasse uma regra do jogo para os técnicos e a CBF desse a anuência, não a CBF colocar dessa forma como está colocando’’.
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Apesar de considerar a regra ‘’inexequível e inconstitucional”, Luxa confessa que, como Léo e a maioria dos técnicos e comentaristas do esporte, acredita que pode beneficiar o futebol brasileiro: “Eu vejo uma coisa legal’’.
Ainda restam dúvidas sobre a nova norma. Não houve esclarecimento da CBF sobre a constitucionalidade da regra, nem da ABTF sobre uma possível conversa com a Confederação Brasileira de Futebol.