Iniciativa da UMES, a mostra conta com entrada franca e busca compartilhar e debater a cultura italiana no Brasil
A sétima edição da Mostra Permanente de Cinema Italiano retorna ao formato presencial com início em 14 de fevereiro e permanece de portas abertas até 5 de dezembro. Ao longo de todo o ano, serão apresentados 41 filmes de 22 diretores distintos. As exibições, organizadas pela União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES), ocorrem no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, no Bixiga, bairro paulistano de raízes italianas.
A Mostra é uma iniciativa do CPC (Centro Popular de Cultura) da UMES e toda a programação, com sessões sempre realizadas nas segundas-feiras, conta com entrada gratuita. Segundo Luísa Lopes, organizadora e curadora do evento, “nossa política é incentivar programas culturais de qualidade a baixos custos ou mesmo gratuitamente. É uma tentativa de fazer com que as pessoas procurem a cultura”.
Além de um catálogo repleto de clássicos do cinema italiano, a edição de 2022 faz-se ainda mais especial ao marcar o retorno das atividades do grupo à modalidade presencial. Em decorrência da pandemia da covid-19, as Mostras de 2020 e 2021 foram realizadas de maneira virtual, formato que, segundo Luísa, abriu novas possibilidades para o projeto: “gente do Brasil todo se mostrou interessada, foi uma coisa muito legal de se ver. Fizemos até um ciclo de entrevistas no Youtube, um programa chamado Café Italiano, que consistia numa roda de conversa sobre os longas”.
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A boa experiência com o formato online, porém, não substitui a oportunidade de estar presencialmente no Denoy de Oliveira. As sessões não se resumem apenas à exibição dos longas e contam também com debates entre os espectadores – experiência coletiva cada vez mais escassa em um cenário audiovisual marcado pela hegemonia dos serviços on demand. “Temos a proposta de um cineclube abrangendo o cinema e depois um debate. O streaming não permite que você coletivize, sociabilize o que você está sentindo, aqui você pode compartilhar de uma mesma emoção com mais de 50 pessoas”, ressalta Luísa Lopes.
Para todos os públicos
A organização da Mostra reitera o acolhimento aos diferentes públicos como a essência do programa cultural. Geraldo Gomes, filósofo e frequentador do evento, alega que as sessões proporcionam trocas enriquecedoras provenientes da interação entre indivíduos de todas as idades: “há uma afinidade, um entrosamento. A palavra chave seria empatia. Essa coisa que eu acho super bacana aqui. Cada vez que você vê, você aprende mais”
Você pode conferir a programação anual completa da Mostra no site da UMES, onde está disponível a relação de títulos, datas e duração de cada filme. A seguir, você confere a agenda de sessões até o final de Junho, com uma pequena sinopse dos longas:
04/04: Django (Sergio Corbucci, 1966, 91 min)
O longa-metragem de ação retrata a chegada do pistoleiro Django, na fronteira mexicana, carregando consigo um caixão, que guarda uma potente metralhadora. Com o desejo de vingar a morte de sua esposa, ele acaba fomentando um conflito sangrento contra duas gangues rivais, enquanto se alia à María, jovem que fora resgatada pelo sujeito, cujo objetivo de ambos é a fuga do bandido local, Hugo Rodriguez.
11/04: Alemanha, ano zero (Roberto Rossellini, 1948, 78 min)
No cenário da Alemanha, pós Segunda Guerra Mundial, o menino Edmund, único trabalhador de sua família carente, enfrenta um dilema, ao ser aconselhado por um antigo professor. Este, sugere que o garoto mate o pai convalescente, levando os pensamentos do menino a um estado caótico.
18/04: O fascista (Luciano Salce, 1961, 100 min)
Uma amizade inesperada é o foco da comédia “O fascista”, em que Primo Arcovazzi, membro da organização fascista, deve levar o professor Bonafè até Roma, sendo que tal filósofo se manifesta extremamente contrário ao regime em curso. Ao longo dos dias na estrada, os dois acabam se aproximando, em meio ao caos político e violento da época.
25/04: Verão violento (Valerio Zurlini, 1959, 100 min)
O drama romântico se passa em plena Segunda Guerra Mundial, expondo as vivências de um grupo de jovens italianos burgueses, urbanos e inconsequentes, desfrutando de seu tempo à beira mar sem sequer preocupar-se com o fascismo de Mussolini que sucede no país durante o período.
02/05: Tomara que seja mulher (Mario Monicelli, 1986, 120 min)
Elena Leonardi vive com suas filhas Franca e Malvina, a sobrinha Martina, a criada Fosca e a filha desta, Immacolata, em um casarão de campo, herança de sua família aristocrática. A paz da convivência entre as moças é interrompida com a chegada do marido da moça, Leonardo, que logo desperta interesse pelas propriedades da esposa.
09/05: Feios, sujos e malvados (Ettore Scola, 1976, 115 min)
A família de um patriarca italiano começa a planejar seu assassinato quando este, além de se recusar a gastar a quantia de dinheiro que possui escondido para que a situação de vida melhore razoavelmente, leva a amante a miserável residência em que habitam.
16/05: A noite (Michelangelo Antonioni, 1961, 122 min)
A obra integra a segunda parte da trilogia de Antonioni acerca da alienação, solidão e incomunicabilidade presentes no cenário da sociedade moderna. Tais sentimentos são expressos no desgaste da relação de Giovanni e Lídia, que intuem disfarçar a frieza e distância entre si no decurso de uma festa burguesa com amigos.
23/05: Quando o amor é mentira (Valerio Zurlini, 1955, 102 min)
A comédia romântica se passa em Florença, local habitado por Bob, um mecânico galante, que há de enfrentar as consequências ao se apaixonar por uma garota de coral, uma professora de escola e uma designer de vestidos.
30/05: América – o sonho de chegar (Gianni Amelio, 1994,116 min)
Após a queda dos comunistas na Albânia, dois oportunistas italianos vão ao país com o intuito de fundar uma fábrica de sapatos fictícia e ressarcir doações. Entretanto, convocam um ex-preso político para ser presidente da empresa, Spiro. Não demora para que o mais novo da dupla, Gino, comece a enfrentar dificuldades em adaptar-se à sua nova e melindrosa realidade.
06/06: O ouro de Roma (Carlo Lizzani, 1961, 96 min)
O drama de guerra italiano, fundamentado em eventos reais, conspira acerca do tumulto na comunidade judaica, consequente da postura de um comandante alemão que lhes oferece uma saída custosa da morte: entregar 50 quilos de ouro em dois dias, do contrário, fará 200 chefes de família reféns. Posta essa chantagem, a população se divide entre ceder à extorsão ou desconfiar do discurso militar.
13/06: A arte de dar um jeito (Luigi Zampa, 1954, 95 min)
A película cômica é o capítulo final de uma trilogia política, retratante da continuidade do fascismo italiano em cenário pós Segunda Guerra Mundial.
20/06: Il Boom (Vittorio De Sica, 1963, 88 min)
Nesta comédia satírica, Giovanni Alberti, um pequeno empreiteiro, busca incessantemente manter o elevado padrão de vida de sua família no período do “milagre econômico italiano, após a Segunda Guerra Mundial”.
27/06: Partner (Bernardo Bertolucci, 1968, 105 min)
O drama tem seu entorno focado em Jacob, um estudante recluso de ideologias revolucionárias, que, após o surgimento de seu duplo, é encorajado a engajar-se politicamente, no contexto do movimento estudantil de 1968.
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