Atos do 1º de maio promovido pela direita levanta pautas sobre fraude eleitoral e defesa de Daniel Silveira
* Reportagem publicada simultaneamente pelo UOL
Não foi “gigante”, como prometiam as convocações pela internet. Com cerca de 3 quarteirões ocupados no pico do protesto, o 1º de maio bolsonarista na Av. Paulista teve como pauta central a “liberdade”, personificada na defesa do indulto concedido pelo presidente ao deputado Daniel Silveira (PTB – RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e nove meses de prisão pela divulgação de conteúdos anti-democráticos em redes sociais. Além de manifestações gerais de apoio ao governo federal, liberdade de expressão e críticas a outras condutas do STF estiveram presentes. A reportagem ouviu 4 manifestantes sobre suas demandas.
Marcos, 55, segurava uma placa em inglês defendendo o fim do voto eletrônico. “Brazilian ballot boxes fraudulent by the TSE / Urnas brasileiras fraudadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral)” eram expressas em imagens de uma urna brasileira e oficiais com cabeças de dinossauro. “É em inglês para atrair os repórteres de fora”, explica. O administrador defende a apuração paralela de votos pelos militares afirmando que a existência de “provas” dos votos é necessária.
Apesar da desconfiança em relação ao sistema democrático do país, Marcos defende a existência dos protestos que ocorreram no Pacaembu organizado por forças sindicais e de esquerda no 1º de maio. “Liberdade é para todos, eu sou a favor. Tem que ter todo tipo de protesto, da esquerda à direita, para o empresário e também para a dona de casa”, afirmou.
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Pedro Bissi, terapeuta de 78 anos, usava uma camiseta da Sociedade Brasileira de Eubiose e segurava um cartaz que pedia liberdade, destituição dos ministros do STF e a criminalização do comunismo. “Só tô mentalizando a paz do povo, a liberdade do povo”, afirma. Para Bissi, é necessário “extirpar o comunismo da face da Terra”. “Onde tem comunismo, o povo está oprimido”, diz.
Bruna Geórgia, 38 anos, é de Vargem Grande Paulista, município da região metropolitana de São Paulo. Estava com a filha pequena que usava um boné preto com uma arma estampada em sua lateral, em apoio ao presidente. “É importante os jovens irem em manifestações de bem para não serem reféns de políticos corruptos”, afirma. A bolsonarista também acredita que o presidente não é contra as mulheres: “ele fala o que ele pensa, só fala o que tem que ser dito”. Em 2003, Bolsonaro ameaçou a deputada Maria do Rosário (PT-RS): “Eu falei que não ia estuprar você (Maria do Rosário) porque você não merece”. Em 2017, atribuiu o nascimento da filha a uma “fraquejada”.
Integrantes de grupos de Whatsapp também estavam presentes. Maurício Pereira, metalúrgico aposentado de 62 anos, administra o Grupo Brasileiro de Bolsonaristas, que se organiza regularmente para as manifestações, inclusive a do 1º de maio. Pereira é de Teresina (PI) e veio para a capital paulista buscar trabalho há 40 anos. “Lutei muito pelo Lula, coloquei minha vida em risco”, relata ele, que parou de apoiar o ex-presidente em seu segundo mandato, “quando começou a se envolver com o que não prestava”. Hoje, diz que “a luta é pela liberdade e contra essa esquerda bandida.”