Após cinco anos de espera, a banda inglesa Arctic Monkeys lança seu sexto álbum, “Tranquility Base Hotel & Casino”
Arctic Monkeys surgiu nos anos 2000 com uma missão quase impossível: suceder o Oasis na lista de grandes bandas inglesas que tomaram o mundo. Originários da cidade de Sheffield, o primeiro álbum despertou o interesse de diversas gravadoras e conquistou fãs. Para os que escolheram apostar nos quatro jovens espinhentos a sorte foi próspera, o segundo álbum reafirmou a qualidade da banda, com uma sonoridade melhor acabada e mais dançante.
Se grandes poderes acarretam grandes responsabilidades, os rapazes não mostravam sentir o peso do sucesso a cada trabalho. Foi graças ao “AM”, o quinto álbum, que a banda ganhou o status de rockstars, arrancando elogios de diversas bandas em relação a nova sonoridade.
Entre o “AM” e o recém lançado “Tranquility Base Hotel & Casino” temos uma pausa de cinco anos. Muita coisa aconteceu e, é claro, o mundo não é mais o mesmo. Nesse tempo, o baterista Matt Helders tocou com o aclamado roqueiro Iggy Pop e o vocalista Alex Turner fez participações em trabalhos de diversos artistas, além de produzir o segundo álbum de seu duo com Miles Kane, o “The Last Shadow Puppets”.
A expectativa para o novo álbum era gigante, o que esperar dos músicos que têm a mudança no DNA? Quase não houve divulgação, nenhum single foi lançado, apenas um teaser. Novos terrenos, novas invenções e, quem sabe, uma viagem interplanetária. O título do álbum foi originado de uma base real, o lugar onde, em 1969, Neil Armstrong pousou na lua, seria um aviso do futuro? Feito a partir de composições do vocalista Alex Turner no piano, o álbum foi pensado para que quem ouvisse pensasse na sonorização de um hotel nos anos 70 e apresenta uma sonoridade totalmente diferente dos trabalhos anteriores. Produzido primordialmente pelo vocalista, temos um álbum que flerta intensamente com o rock dos anos 70, com teclados meio The Doors e composições que parecem ter sido inspiradas pela fase Ziggy Stardust do David Bowie.
É, de fato, o álbum com mais referências da banda, que vão de cinema de ficção científica, com 2001: Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick e ícones de composição como Bob Dylan, John Lennon e Leonard Cohen. É visivelmente conceitual, onde precisamos de tempo para realmente entender as nuances das músicas. Não existem tantos solos de guitarra, a bateria agitada ou refrãos grudentos. Com letras marcantes, uso de sintetizador e linhas de baixo chamando muito a atenção, é um álbum que demonstra a maturidade da banda e nos faz questionar se, atualmente, faz sentido segmentar um artista em apenas um gênero, como indie rock.
Para quem abre o álbum dizendo que queria ser como um dos Strokes, a banda alcançou outro patamar, é a ascensão do grupo de uma fase jovem para a fase adulta. É, talvez, a obra que inicie uma nova perspectiva para a banda. Um som mais macio que o convencional que nos leva a refletir sobre a vida, um ar de nostalgia que toma conta e nos abraça. Seriam músicas para dança lenta ou para viajar ao pôr do sol?
É um tipo de obra de arte complexo de entender, mas, afinal, o que não é difícil? Será uma obra de arte marcada ou esquecida? Mais uma vez o grupo de garotos (nem tão garotos assim) deixou todos de queixo caído. Nos resta perguntar qual será o próximo destino espacial da banda e who the fuck are Arctic Monkeys?