O que o recorde de público entre Corinthians e Inter indica para o futuro do futebol feminino? - Revista Esquinas

O que o recorde de público entre Corinthians e Inter indica para o futuro do futebol feminino?

Por Guilherme Catellino e Sarah Campos : setembro 27, 2022

Foto: Guilherme Catellino / Revista Esquinas

Neo Quimica Arena registrou público de mais de 41 mil torcedores para ver o Corinthians vencer o Internacional de virada e ser tetracampeão do Brasileirão

O público do futebol feminino vem em uma crescente disparadora e com isso, o apoio das torcidas se faz presente e se tornou uma figura importante na final do Brasileirão Feminino 2022. Os torcedores movimentaram as redes sociais e buscaram o maior apoio para os jogos das meninas.

A partida, muito além da final e da premiação, apresentou um fator importantíssimo. A presença de 41.070 torcedores nas arquibancadas da Neo Química Arena representou a quebra de um recorde sul-americano em partidas válidas pelo futebol feminino de clubes, além de ser a de maior renda.

No cenário nacional, antes da decisão, o recorde de público em uma partida feminina pertencia à equipe do Corinthians desde 2019 , em um Majestoso contra o São Paulo, quando 28. 862 estiveram presentes em Itaquera, sem a cobrança de ingresso. No ano passado, 30.077 torcedores corinthianos também se fizeram presentes em mais um clássico contra a equipe do Morumbi.

A marca até então tinha sido superada pelo Internacional, que levou 36.330 torcedores para o Beira-Rio para acompanhar a primeira partida da decisão. Contudo, a torcida do Corinthians voltou ao topo da lista ao colocar mais de 40 mil torcedores, na partida de sábado, cobrando ingresso, o que lhe rendeu, de maneira bruta, R$ 900.891,00 e superou o então recorde sul americano de 37.100 torcedores que estiveram presente na final do Campeonato Colombiano entre América de Cali e Deportivo Cali, no estádio Pascual Guerrero, em Cali (COL).

Vale ressaltar que o maior público da história do futebol feminino do Brasil aconteceu nos Jogos Olímpicos , Rio 2016,  quando 70.454 torcedores estiveram presentes no estádio do Maracanã para assistir a semifinal entre Brasil e Suécia.

publico

Setor de visitante da Arena Corinthians.
Sarah Campos / Revista Esquinas

O que as equipes têm a dizer sobre o público

“Para Nós é um motivo de muito orgulho e de reconhecimento de um trabalho realizado. A torcida do Internacional foi em uma crescente acompanhando o time (…) o sentimento é de responsabilidade, mas de muita realização por estar vivendo esse momento.”, declarou Maurício Salgado, técnico do Internacional após o jogo de ida.

“O público vem conforme você vai desenvolvendo o trabalho, então a gente fez um grande Campeonato Brasileiro e a torcida do Inter é extremamente apaixonada, então a gente sabia que quando precisasse deles, eles iam comparecer.”, disse Bruna Benites, capitã da equipe do Internacional.

Na partida de volta, a torcida do Corinthians também queria deixar uma marca na história do futebol feminino nacional e invadiram as redes com a hashtag Invasão Por Elas, criando uma página, desafios diários e ajudando a movimentar caravanas. O movimento ganhou grande visibilidade, chegou a ser comentado em reportagens na televisão, conseguiu que grandes personalidades adentrassem e convocasse a torcida, como por exemplo, o ex-jogador Rivelino.

O movimento acabou sendo adotado pelo clube, que passou a se utilizar da hashtag, assim, 41.070 torcedores lotaram as arquibancadas da Neo Química Arena, com ingressos que variavam entre R$20,00 a R$60,00, batendo novamente o recorde da categoria.

Em entrevista para ESQUINAS, a capitã da equipe do Corinthians e atleta da seleção brasileira, Tamires, comentou sobre a movimentação da torcida:

“A torcida é muito importante para movimentar tudo o que vem acontecendo, o crescimento que o futebol feminino vem tendo e a torcida vem fazendo parte de tudo (…) e que essa possa ser cada vez mais a realidade do nosso futebol feminino”.

Já o técnico do Corinthians, Arthur Elias, pontuou sobre o aumento da visibilidade por várias torcidas: “Incrível o momento que o futebol feminino vive cada vez mais canais passando e procurando passar o futebol feminino, torcedores acompanhando cada vez mais, não só os nossos”.

Aline Pelegrino, coordenadora das competições femininas da CBF, quando questionada sobre a grande presença da torcida:

“Incrível, eu vi a entrevista da Duda lá no Beira-Rio, a Duda é uma geração antes da minha e ela fala que sabia que isso ia acontecer há 35 anos atrás, que a gente sonhava com isso e eu um pouco depois, tinha certeza que era possível , então ver isso acontecendo é incrível, é legal a questão do recorde e para quem está assistindo , muita gente achava que o futebol feminino era ruim, não dava audiência , vai ligar a Tv e ver tudo diferente, não foi a Aline que tentou entrar na cabeça dele. Não tem 40 mil corinthianos obrigados a ir para o jogo e não teve 36 mil colorados obrigados”.

publico

Nas arquibancadas da Neo Química Arena, era possível visualizar grande presença de mulheres e crianças acompanhando a partida.
Guilherme Catellino / Revista Esquinas

As mulheres em grande parte, possuem o futebol feminino como representação de seu maior espaço na sociedade e gostam de apoiar a categoria, já no caso das crianças, muitos pais consideram as partidas de futebol feminino um ambiente mais propício para levar as crianças.

Sem grande favoritismo, Corinthians e Inter chegaram a final, mas não surpreendem

A equipe do Corinthians, acostumada a disputar todas as competições com status de favorita, iniciou o Brasileirão feminino com uma certa desconfiança. As ‘Brabas’, como são chamadas as jogadoras alvinegras, são referência na categoria e, mesmo com a perda de atletas importantes, como a atacante Cacau e a meia Andressinha, garantiram acesso à sexta final consecutiva no Brasileirão.

Apesar das dúvidas, a equipe do Parque São Jorge, treinada pelo experiente treinador Arthur Elias, chegou a decisão da competição sem grandes dificuldades, após emplacar uma goleada de 4 a 0 contra o Palmeiras, no jogo de volta, no Allianz Parque.

Por outro lado, a equipe do Internacional apostou no planejamento e nas categorias de base para conquistar acesso à decisão. As ‘Gurias Coloradas’ chegaram pela primeira vez à final da elite do futebol feminino brasileiro, no entanto, ocupam protagonismo na base, vencendo a competição pelo sub 16,17,18 e 20, em anos anteriores.

A jovem equipe do Internacional contratou apenas duas jogadoras para a temporada, preservando o entrosamento das jogadoras.

As coloradas desbancaram potências do futebol, como o Flamengo nas quartas e o São Paulo, na semifinal da competição, com o placar agregado de 2 a 1.

Veja mais em ESQUINAS

Sede da Copa 2022, Catar ainda coloca futebol feminino em segundo plano

Machismo no esporte: o que elas têm a dizer

20 anos do penta: relembre a trajetória da Seleção Brasileira na Copa de 2002 

Beira Rio – 18/09/2022: Internacional 1 X 1 Corinthians

Em uma disputa bastante equilibrada, Internacional e Corinthians empataram por 1×1 no primeiro jogo da final do Brasileirão, disputado no Beira-Rio. Apoiadas pelo público de mais de 36 mil torcedores presentes, as Gurias Coloradas pressionaram a equipe paulista no começo da partida, mas pararam nas belas defesas da arqueira corinthiana Lelê. O gol das gaúchas veio apenas aos 31 minutos, com a atacante Millene, após bela jogada de Duda na linha de fundo.

No segundo tempo, contudo, o Corinthians teve mais posse de bola e criou boas oportunidades. Aos 12 minutos, a atacante Jheniffer recebeu um lançamento e chutou na saída da goleira, empatando o jogo. Poucos minutos depois, a equipe do Parque São Jorge criou bela chance com Gabi Portilho, mas não alterou o marcador.

O final da partida contou ainda com um desfalque para a equipe do Inter no jogo de volta. Depois de análise do VAR, a jogadora Belinha foi expulsa após falta na adversária, e não jogou a decisão em Itaquera.

Neo Química Arena –  24/09/2022: Corinthians 4 X 1 Internacional

O frio de São Paulo não impediu que mais de 40 mil torcedores fossem à Neo Química Arena acompanhar o tetracampeonato do Corinthians, no último sábado (24). O gol da equipe colorada, no início do jogo, não intimidou as Brabas que viraram ainda no primeiro tempo e venceram a partida por 4 a 1, garantindo o título.

Logo no início da partida, aos 2 minutos, o Corinthians abriu o placar com Gabi Zanotti, mas o gol foi anulado após checagem do VAR.

A resposta do Internacional veio logo em seguida. Depois de confusão na área alvinegra, a bola sobrou para a zagueira Sorriso, que não desperdiçou a oportunidade e abriu o marcador para as visitantes.

A equipe da casa não se abalou com a desvantagem e aos 22 minutos empatou o jogo com Jaqueline após cruzamento preciso de Yasmin. No final do primeiro tempo, o público presente viu a lateral Diany subir de cabeça e virar o marcador, agitando a Fiel Torcida.

publico

Na volta do intervalo, o Corinthians continuou administrando a partida e criando as melhores jogadas. Gabi Portilho recebeu na entrada da área e ajeitou para Victória (Vic Albuquerque) ampliar, com categoria, o placar.
Sarah Campos / Revista Esquinas

Por fim, nos acréscimos, com direito a “olé” e ola dos torcedores, Jheniffer aproveitou o belo cruzamento de Jaqueline pela direita e pôs números finais à decisão. A equipe do Parque São Jorge garantiu seu 4º título do Brasileirão feminino, sendo o 3º de forma consecutiva.

Editado por Nathalia Jesus

Encontrou algum erro? Avise-nos.