Afinal, o uso do vape faz mal? É uma “porta de entrada” para o cigarro comum? Veja o que dizem os especialistas
Provavelmente você já deve ter visto em bares, festas, restaurantes e em muitos outros lugares. Seu cheiro já é reconhecido por todos, enquanto a fumaça, que se espalha no ar, torna visível sua presença: o vape.
Nesse sentido, o cigarro eletrônico, ou também conhecido como pod, vaporizador, vape e e-cigarro, tornou-se um grande fenômeno entre a população brasileira, principalmente entre os jovens, sendo um dos produtos mais consumidos em 2022. Isso ocorre visto que, segundo Euromonitor, sua venda foi mais de 2 bilhões de dólares nos últimos anos.
Porém, não se engane pela sua cor chamativa, ou pelo seu gosto e cheiro de fruta, ou até mesmo pela promessa de acabar com seus vícios, pois pode causar consequências ao seu organismo.
A origem do vape
A ideia do cigarro eletrônico surgiu na década de 1960, nos EUA, por Herbert A. Gillbert que, logo, em 2003, foi aperfeiçoada pelo chinês Hon Lik. Depois de seu pai ter morrido devido ao câncer no pulmão e de um sonho no qual se afogava em uma nuvem de vapor, fez com que desse a ele inspiração para o dispositivo. Dessa forma, o chinês teve como principal finalidade minimizar os danos à saúde do fumante. Apesar de ter sido comercializado há duas décadas, sua atenção frente às consequências começou atualmente.
O vaporizador é constituído por uma lâmpada LED, atomizador, bateria, sensor, e um cartucho de nicotina líquida. Enquanto é composto por glicerina vegetal, nicotina, propilenoglicol, água, entre outras substâncias as quais ainda estão sendo descobertas se podem ou não serem prejudiciais a saúde dos usuários.
O cigarro eletrônico no Brasil
Apesar de ter sido proibido no Brasil desde 2009, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério da Justiça decretou a proibição da comercialização do vape com maior rigor no dia 01 de setembro deste ano, com uma multa de até 5 mil reais diários para quem descumprir a regra.
E mesmo assim os números de seu uso não param de subir. De acordo com o Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), 20% dos adolescentes usam o dispositivo, sendo um a cada cinco jovens que o utilizam.
Uma pesquisa realizada por ESQUINAS, feita em São Paulo, do bairro de Higienópolis, foram feitas algumas perguntas para 15 jovens, mostra os seguintes dados:
A maioria concluiu que começou a usar o dispositivo devido a influência do seu ciclo social. Além disso, todos afirmaram que estão cientes das consequências (como mostra no gráfico), mas continuam utilizando.
E a saúde?
Pode ser para minimizar a ansiedade, por estar na moda, ou pelo fato de trazer um prazer para o indivíduo. Independentemente das causas do seu uso, as consequências maléficas – apesar de serem pouco conhecidas e ainda estarem sob estudo por diversos especialistas – são existentes e inevitáveis.
Segundo o psicanalista Dr. Eduardo S. Najjar e o médico pneumologista Ricardo de Godoy seus malefícios estão relacionados a dependência de nicotina (substância que leva ao vício, pois produz a sensação de prazer), lesão pulmonar e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Além disso, o cigarro eletrônico pode causar uma outra doença pulmonar chamada EVALI (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury), a qual foi identificada em 2019. A comorbidade é causada pela presença de acetona de vitamina E – uma substância psicoativa da maconha, interferindo no sistema respiratório. “A dependência ela acontece como uma questão psíquica e, logo, leva a uma dependência física” afirma o pneumologista.
Além de anomalias que ainda não são completamente conhecidas presente no organismo do fumante. “Estão sendo usados a muito pouco tempo para se ter a certeza de que não causam dano”.
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Depoimentos famosos
Há vários exemplos de pessoas que sofreram com o uso do dispositivo. Como a cantora norte-americana Doja Cat, a qual precisou fazer uma cirurgia de emergência na amígdala devido ao uso excessivo de vape e álcool misturados. Outro exemplo é do modelo Lucas Viena, que relatou uma grande falta de ar, levando-o para o pronto-socorro.
Além desses, uma youtuber norte-americana chamada McCall Mirabella, do canal de mesmo nome, gravou sua experiência em parar de fumar o vape por 4 meses.