Fotos, instalações e um documentário mostram a experiência de refugiados em rota para Europa, e evidenciam a questão de suas identidades
Dia 20 de outubro de 2022, a artista multimídia, a suiço-brasileira, Sonia Guggisberg, abriu sua exposição intitulada “Silêncio”, que ficará exposta até 29 de Janeiro de 2023. As obras expostas no Centro MariAntonia, da Universidade de São Paulo, misturam as pesquisas da artista com uma experiência imersiva na vida dos refugiados que migram para Europa.
A inspiração de Silêncio
Sonia é comunicóloga e mestre em artes pela Universidade Federal de Campinas, realiza pesquisas, filmes documentais e instalações de imagem e som. É uma artista que mescla experiências de vivência real com seu viés artístico.
A exposição traz, com a obra “Travessia”, feita em 2017, um vídeo de uma escotilha em um barco com sons que a artista gravou em um campo de refugiados. Para Sonia, as obras que compõem Silêncio buscam tratar a questão das identidades dessas pessoas sensibilizadas pela situação. Pela escotilha, a artista mostra a visão das famílias que, em busca de melhores condições de vida, atravessam o Mar Mediterrâneo.
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Em entrevista para a TVPUC, Sonia relata que, durante uma viagem para Malta, entrou em contato com a Ilha de Lampedusa, no Mar Mediterrâneo. Esse é o lugar de travessias de refugiados que saem da Tunísia e Líbia, em direção à Itália e à Grécia. Os sons que acompanham a obra “Travessia” são de crianças brincando e de músicas que os refugiados cantam em grupo, uma cultura que tenta sobreviver junto da migração forçada.
“O objetivo da exposição é abrir essa discussão para que as pessoas possam entender um pouco mais, de uma maneira sensível e delicada, a dor deles. Eu pensei essa questão com diferentes meios para fazer as diferentes peças”, afirma a artista.
Silêncios e identidades
Sonia teve acesso a um campo de refugiados em Atenas em 2019, seguindo seus trabalhos com o tema. No espaço, as famílias ficam de frente a uma mureta, observando a cidade que será sua porta de entrada para a Europa. Crianças brincam e as pessoas tentam manter seus costumes, olhando a cidade e o resto de mar que se põe entre eles. Nele, a artista produziu as peças que completam a exposição, fotografias e instalações que, para Sonia, não compele mostrar rostos, como forma de mostrar seres humanos com identidades despidas de gênero e origem.
“Identidades, que estão em trânsito. Não são somente refugiados, são pessoas que estão em trânsito de vida e buscando uma saída para o seu próprio momento de vida. Eles estão em busca de um outro espaço no mundo. E o trabalho fala sobre essa questão do silêncio, cada vez menos se fala desse assunto e cada vez menos inclui essas pessoas, quanto menos você fala, menos você inclui”, finaliza.