Estudantes, escritores e expositores reforçam a importância de eventos de livros como a Festa e contam sobre a dinâmica do evento fora do grande galpão na Cidade Universitária da USP
A 24ª Festa de Livro das USP, realizada pela Edusp com apoio do PUSP-C (Prefeitura do Campus USP da Capital), aconteceu nesta quarta-feira, 9, até sábado, 12, contando com 190 editoras diversas e muito diferentes entre si.
O evento, que havia ocorrido de forma online nos dois últimos anos, volta presencialmente à Cidade Universitária da USP e ganha o público com seus descontos de, no mínimo, 50%. Segundo o Jornal da USP, o evento é sobre celebrar a leitura e, por isso, chama-se Festa.
Para que uma editora esteja presente na Festa, é necessário o pagamento de uma taxa de inscrição ou a realização de uma parceria com a Edusp. Carlos Henrique Eduardo Constancio, servidor da UEM ( Universidade Estadual de Maringá) e formado em Ciências Sociais, atualmente trabalhando na editora da Universidade, afirma que “a taxa é mais para manutenção do local. Não tem intuito de ganho financeiro, tanto que a taxa não é um valor significativo para isso”.
Carlos também relata que houve um aumento durante os anos de 2018 a 2022 na procura de livros sobre história e política relacionados com os movimentos de direita. Ainda, ressalta que a participação no evento pode ocorrer apenas pelo site da Feira, como realizado pela Eduem (Editora da Universidade Estadual de Maringá) em 2019.
O catálogo da festa acompanha todas as faixas etárias e objetivos, apresentando desde livros acadêmicos à infantis. Luís Fernando Catives, 24, estudante de ilustração, frequentou a feira à procura dos livros para sua área. “Achei os livros que eu tanto queria por um preço legal. Livros de desenho no geral também são muito caros”, conta. Entre as editoras presentes encontram-se a Brasiliense, Boitempo, Companhia das Letras, Expressão Popular e as editoras universitárias, como da UNESP, UNICAMP e USP. Mas, o evento vai além da venda de livros.
Christiane Damien, 45, expositora na Attie Editora e mestre em Língua e Cultura Árabe, conta como a pandemia afetou as expectativas da empresa e também a relação das pessoas com os livros.
“A feira nunca é só a venda de livros, ela é troca de experiências, quando as pessoas conseguem se abrir às novidades, acho que essa feira traz a possibilidade de trocar novamente contatos, experiências, emoções”, afirma.
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O que também chama a atenção é a extensão da festa aos arredores do toldo principal. Entre barraquinhas de livros usados, artesanatos, roupas e food trucks, Wesley Barbosa, 32, escritor, vende suas obras e conversa com o público. Wesley é autor do recém lançado romance “Viela Ensanguentada” pela editora Ficções, romance que aborda a realidade das periferias e a religiosidade.
“Os espaços para além do enorme galpão que abarca as grandes, pequenas e médias editoras, lá fora onde artesãos e livreiros se misturam, de certa forma a margem do evento, é como se fosse outro evento”, diz.
Ainda, a experiência que acompanha o escritor Wesley, “de impressões da festa do livro que, no final das contas, acaba se tornando uma festa e uma troca de afetos”, é compartilhada pelo restante do público.
Patrícia Garcia, 42, que folheava os livros à mostra com seu filho Bruno Garcia, 8, aguarda a Festa o ano inteiro. “Vir com uma criança é importante para incentivar, para despertar essa cultura de que é importante ler, que é importante conhecer o mundo através dos livros”, compartilha.
Para ela, existe uma diversidade muito grande de livros infantis que abordam os temas da diversidade e a questão racial e que valem a pena pois “os preços realmente valem a pena, os descontos são verdadeiros”, conclui.
A organização da Festa do livro ficou por conta tanto da Edusp quanto das editoras presentes. A Editora da USP optou por separar a tenda em que acontecia a exposição em três blocos: verde, azul e laranja, que por sua vez estavam divididos em ilhas sendo 1 até 15 verde, do 16 até 35 azul e 36 até 51 laranja.
As próprias ilhas podiam também estar repartidas com duas ou mais editoras presentes, em alguns casos havia apenas uma ocupando a ilha toda, como conseguiu a Editora 34.
O evento até meio-dia estava tranquilo, dava para se locomover sem acabar esbarrando em alguém e não havia filas na realização da compra. Após o horário a situação se inverte, ao ponto de algumas ilhas optarem por entregar uma lista contendo todos os livros disponíveis das editoras organizadas naquela ilha junto ao preço, e pedir para as pessoas marcarem quais comprariam para já separarem os livros e facilitar a hora da compra diminuindo a fila.