Passado e futuro do rap nacional se encontram na Virada Cultural
A Rapaziada da Zona Oeste (RZO) marcou presença na madrugada do Palco Skate da Virada Cultural 2018. Consolidado ao lado dos maiores nomes do rap nacional, o RZO não decepcionou quem esperava o melhor em termos de ritmos e batidas. Trouxe clássicos como “O Trem”, “Role na Vila” e homenagens ao Sabotage, lenda do rap que tem toda sua carreira atrelada ao grupo.
A apresentação, no entanto, não se limitou apenas à “velha guarda”. Teve também a participação de Coruja BC1, considerado um dos maiores nomes na nova geração. O artista de Osasco cantou seus sucessos e aproveitou a oportunidade para demonstrar seu respeito e gratidão aos protagonistas do show, honrado em dividir o palco com o RZO.
Momentos de diálogo com o público estiveram presentes sobre o palco. Uma das discussões recorrentes do cenário político que surgiram foi a causa indígena. O RZO declarou seu apoio à luta e convidou membros da Comunidade Indígena do Jaraguá ao palanque para falar em defesa de suas terras. A questão armamentista também foi um dos temas da noite, questionando a liberação do porte de armas e apresentando a mais nova música do grupo, “Armas que Matam”.
Na madrugada de domingo, às 2 horas da manhã, ainda foi a vez do grupo de rap nacional Haikaiss se apresentar. Criado em 2006 por Spvic, Spinardi, Pedro Qualy e DJ Sleep, o grupo tocou algumas músicas como “Inimigos”, “4 e 21”, “Rap Lord”, “A Praga” e “Casual”. O show fez as pessoas presentes na esquina da Rua General Osório com a Avenida São João tirarem o pé do chão. Inclusive, Pedro Qualy e Spinardi fizeram o mesmo: pularam do palco em direção à plateia, levando o público ao delírio.
O evento em geral apresentou alguns problemas como atos de vandalismo, furtos e conflitos entre parte do público e a polícia. Em diversos momentos os artistas no palco pediam colaboração para que a festa não fosse prejudicada.
O que muitos não esperavam é que haveria uma atração surpresa. O Trilha Sonora do Gueto (TSG) cantou suas músicas mais famosas, como “3ª Opção”, “Vida Loka Também Ama”, “Calix-se” e “Favela Sinistra”. Ainda com os membros do Haikaiss no palco, Kaskão, rapper do TSG, fez um discurso impactante e motivacional sobre as suas formações em Direito e Teologia após a saída do presídio em que ficou por sete anos.
O cantor elogiou o Haikaiss pelo seu comprometimento com o rap nacional. Ele também fez um apelo a todos que curtem estilo musical, inclusive aos rappers, para que deixem a rivalidade de lado, com músicas atacando uns aos outros, e passem a fazer mais músicas para o público. “Unido a gente fica em pé, dividido a gente cai”, deixou bem claro.
O que ficou claro é que o rap nacional não deve se dividir entre nova e velha geração, e sim, andar lado a lado um com o outro, sem preconceitos. Afinal, por mais que haja modos diferentes de fazer rap, ele continua sendo o mesmo.