Na data em que se comemora o Dia da Poesia, ESQUINAS traz a seleção de poetisas que se destacaram em seus tempos e, atualmente, todos deveriam conhecer
Hoje, dia 21 de março, é comemorado o Dia da Poesia. Essa data foi instituída em Paris, em 1999, na 30ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Sua criação tinha como objetivo celebrar a cultura escrita e oral, além de promover a diversidade linguística e visibilidades para línguas quase extintas.
A poesia é uma das formas mais antigas de expressar os sentimentos através da escrita. Grandes poetas são reconhecidos mesmo depois de séculos devido às suas tocantes palavras que comovem os leitores até na atualidade.
Como forma de celebrar a data, ESQUINAS listou cinco poetisas marcantes para o seu tempo e que você precisa conhecer no Dia da Poesia. Confira:
Emily Dickinson
Emily nasceu e viveu em Amherst, nos Estados Unidos, durante o século XIX. Ao longo dos seus 55 anos de vida, a poetisa se dedicou a escrever poemas sobre amor e natureza. Embora raramente se aventurasse fora de casa, passando grande parte do tempo em seu quarto, Dickinson escreveu mais de 1.700 poemas, que são apreciados até os dias atuais.
A história de Emily Dickinson até rendeu uma série em sua homenagem. A produção da AppleTV estreou em 2019.
Não sou Ninguém! Quem é você?
Ninguém — Também?
Então somos um par?
Não conte! Podem espalhar!
Que triste — ser — Alguém!
Que pública — a Fama —
Dizer seu nome — como a Rã —
Para as palmas da Lama!
Cecília Meireles
Considerada uma das maiores e mais importantes poetisas e escritora brasileira, Cecília foi um dos grandes nomes do movimento literário do modernismo durante o século XX.
A poeta atuou em diversas áreas ao longo de sua carreira, sendo jornalista, professora e pintora. Seu nome serviu de inspiração para diversas mulheres, pois sua importância durante um período de tanta descriminação de gênero incentivou diversas artistas atuais.
Despedida
Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? – me perguntarão.
– Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? – Tudo. Que desejas? – Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação…
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra…)
Quero solidão.
Sylvia Plath
A escritora e poeta Sylvia Plath se tornou um dos grandes nomes dos poemas melancólicos e se consagrou como um símbolo feminista do século XX, nos Estados Unidos. Porém, a história da artista não foi nada poética.
Plath foi diagnosticada com depressão ainda na faculdade, chegando a passar por terapia eletroconvulsiva. Ela descreve um pouco de seus relatos em uma de suas obras mais famosas: A Redoma de Vidro, um romance autobiográfico. Seus poemas de tons melancólicos se tornaram populares após sua morte.
Mulher Estéril
Vazia, ecôo até o mínimo passo,
Museu sem estátuas, grandioso, com pilares, pórticos, rotundas.
Em meu pátio uma fonte salta e mergulha em si mesma,
Casta e cega para o mundo. Lírios de mármore
Exalam sua palidez feito perfume.
Me imagino com um grande público,
Mãe de uma branca Nike e vários Apolos de olhos nus.
Em vez disso, os mortos me ferem com atenções, nada pode acontecer.
A lua pousa a mão em minha testa,
Pálida e silenciosa como uma enfermeira.
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Elisa Lucinda
Elisa Lucinda é uma atriz, poeta, escritora e cantora brasileira contemporânea. Mesmo tendo mais reconhecimento por suas obras como atriz e cantora, Elisa já publicou diversas obras como Aviso da Lua que menstrua; A Menina Transparente; Coleção Amigo Oculto, entre outros. Por isso, não poderia ficar de fora da lista do Dia da Poesia.
Cor-respondência
Remeta-me os dedos
em vez de cartas de amor
que nunca escreves
que nunca recebo.
Passeiam em mim estas tardes
que parecem repetir
o amor bem feito
que você tinha mania de fazer comigo.
Não sei amigo
se era o seu jeito
ou de propósito
mas era bom, sempre bom
e assanhava as tardes.
Refaça o verso
que mantinha sempre tesa
a minha rima
firme
confirme
o ardor dessas jorradas
de versos que nos bolinaram os dois
a dois.
Pense em mim
e me visite no correio
de pombos onde a gente se confunde
Repito:
Se meta na minha vida
outra vez meta
Remeta.
Cora Coralina
Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas ficou conhecida pelo seu pseudônimo Cora Coralina, e, desta forma, se tornou uma das mais influentes escritoras e poetisas brasileiras.
Seu primeiro livro foi publicado quando já tinha idade avançada, aos 76 anos, o aclamado Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Cora ficou conhecida pelos seus versos sobre a vida cotidiana do interior pelas clássicas ruas de Goiás.
Aninha e Suas Pedras
Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.