1º de Maio: Lula reencontra eleitorado e trata de prioridades sindicais - Revista Esquinas

1º de Maio: Lula reencontra eleitorado e trata de prioridades sindicais

Por Chico Stefanelli, Fabrizzio Lombardi, Julia Fratti, Julia Xavier Tortoriello, Mariana Ribeiro, Nathalia Jesus e Ronaldo Saez : maio 3, 2023

Movimentos sindicais em São Paulo no Ato de 1º de Maio 2023. Foto: Julia Fratti

1º de Maio das centrais sindicais ocorreu no Vale do Anhangabaú; faixas, bandeiras e balões carregavam o lema “Emprego, Renda, Direitos e Democracia”

Em clima de festival musical e no aguardo pela atração principal do 1º de Maio, o público clamou por ele. Lula, o candidato que ganhou as eleições presidenciais de 2022 e esteve nos 100 primeiros dias de seu governo resolvendo acordos exteriores e reforçando a política de que o Brasil está de volta à sociedade internacional teve que lidar com sindicatos e suas pautas prioritárias.

O retorno ao seu eleitorado era essencial, cheio de demandas ao trabalhador, o presidente procurou abraçar o público e passou a confiança que os sindicatos tanto desejam, além de alfinetar a imprensa.

“É a primeira vez em um milhão de atos públicos que eu participo, onde a impressão que temos é que vou dar uma entrevistas coletiva, a imprensa e o povo trocaram de lugar, porque a imprensa está na frente e o povo atrás. Parece que quem fez esse palanque estava em dívida com a imprensa e preferiu dar mais destaque as máquinas do que aos companheiros que são a razão desse ato”, questiona o presidente.

1º de maio

Lula discursando em palanque do ato de 1º de Maio no Vale do Anhangabaú.
Foto: Julia Fratti

O anúncio da elevação do salário mínimo para R$ 1.320 foi pauta no discurso de Lula, onde ele reforça que instruções foram tomadas pensando no trabalhador. “Instruímos o aumento real do salário mínimo acima do aumento da inflação, daqui pra frente o trabalhador receberá além da inflação o crescimento do PIB”. Além de manter, de forma saudosista, a tradição do mandatário em anunciar reajustes do mínimo nessa época do ano.

Lula prometeu ainda a volta da Farmácia Popular, a diminuição da taxa de juros, mudanças no Imposto de Renda, punição para os golpistas e salário igualitário para homens e mulheres. Por fim, o petista se despediu reforçando o combate contra fake news e destacou que a verdade venceu o último presidente da república.

Neste ano, as centrais sindicais se mobilizaram e levaram às ruas 15 reivindicações. Dentre elas: mais empregos e renda, fim dos juros extorsivos, política de valorização do salário mínimo, fortalecimento da democracia, aposentadoria digna, trabalho igual, salário igual, convenção 156 (OIT), revogação do “Novo” Ensino Médio e regulamentação do trabalho por aplicativos

O Dia dos Trabalhadores e das Trabalhadoras contou com presenças como a do deputado estadual de São Paulo Eduardo Suplicy, a presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Jade Beatriz, o secretário-geral da CUT-SP, Daniel Calazans, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, Edson Carneiro Índio, do Sindicato dos Bancário, entre outros nomes importantes do movimento sindical e trabalhador. O evento proporcionou atrações culturais, como a apresentação do músico Zé Geraldo e da DJ Maria Teresa.

1º de maio

Mobilização no palanque do ato de 1º de Maio no Vale do Anhangabaú.
Foto: Julia Fratti

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Eleitorado presente

Maria de Lurdes Francisca dos Santos, de 63 anos, moradora de uma ocupação na Vila Nova Palestina, conta quais são suas expectativas com relação ao governo e explica sua luta dentro de movimentos pela moradia digna. “O Lula está dando muito exemplo, espero que ele nos ajude com a aposentadoria e gere mais empregos. O Bolsonaro só deixou desordem e não queremos desordem. O movimento serve para conseguirmos um terreno que vire futuramente a nossa moradia, mas temos muitos obstáculos. Infelizmente querem que seja algo pago, mas isso não é moradia, isso é aluguel. O movimento não quer isso, queremos algo digno para chamarmos de nosso”.

“É muito cedo para cravar se está sendo bom ou mau governo, mas o Lula está tomando medidas importantes. As iniciativas feitas no estrangeiro para trazer investimento imediato são fundamentais. Vejo sinalizações positivas também com relação ao salário mínimo e a redução de impostos para pessoas físicas, mas acredito que nós ainda temos que discutir muita coisa”, Ernesto Izumi, de 57 anos.

Juventude partidária

Mariana, estudante de 24 anos, comenta sua impressão sobre os primeiros meses de governo Lula: “O governo tem o desafio de acabar com o legado negativo do Bolsonaro. O Brasil é unido pela força do povo e com essa união que o Lula está promovendo é que vamos conseguir esquecer os 4 anos anteriores de desgoverno. Espero muita mobilização por parte dos estudantes e trabalhadores nesse 1º de Maio”.

“Por enquanto o governo Lula só trouxe avanços para nossa população. Sobre o ensino médio, eu espero que ele revogue o novo ensino médio, porque não dá para continuar assim, está sendo realmente muito difícil esse sistema de educação. Eu não estou conseguindo me desenvolver muito bem, principalmente para o vestibular, estou sendo bem prejudicado”, Alexandre, estudante de 16 anos.

Emerson, de 25 anos, um dos representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), comenta suas expectativas com relação ao governo Lula e explica que esse é seu segundo ano consecutivo participando do evento. “Minhas expectativas são ótimas. Hoje o Lula aumentou o salário mínimo. Isso é muito legal, muito bom. Estamos aqui lutando, a esquerda sempre está de pé, sempre forte”.

Thales Caramante, de 24 anos, comenta sobre a importância do 1º de Maio: “Em primeiro lugar devemos relembrar a história de como começou esse dia, pensando nos operários de Chicago do século 19, que foram assassinados reivindicando às oito horas de trabalho, o aumento salarial e outros direitos. Essas pautas ainda continuam atuais, além de vermos pessoas trabalhando sem direitos básicos”.

1º de Maio: passo a passo

O Dia do Trabalhador se originou em decorrência de uma greve operária ocorrida nos Estados Unidos em 1886 durante o período da Revolução Industrial. O movimento, que reivindicava melhores condições de trabalho uniu cerca de 80 mil trabalhadores, iniciou-se dia 1º de Maio em Chicago, e logo se espalhou por todo o país, ganhando notoriedade mundial. Três anos depois do ato, um congresso organizado em Paris reuniu partidos socialistas, trabalhistas e anarquistas do mundo inteiro, onde se instaurou oficialmente o dia 1o de maio como o Dia do Trabalhador, homenageando os heróis do movimento operário.

No Brasil, o feriado só entrou para o calendário de forma oficial em 1924, após uma série de protestos e movimentos populares, ficando conhecido como a “comemoração dos mártires do trabalho”. O ex-presidente Getúlio Vargas também auxiliou na consolidação da data, pois usava o 1º de Maio como propaganda política.

A escolha pelo Vale do Anhangabaú representa grande importância histórica, já que a região sempre foi palco para protestos em prol da democracia, como o ocorrido em 16 de abril de 1984, data em que o Anhangabaú reuniu um milhão e meio de pessoas pelo fim da ditadura militar no Brasil.

Editado por Ronaldo Saez

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