Augusta, a rua que ferve - Revista Esquinas

Augusta, a rua que ferve

Por Fernando Toledo, Guilherme Mello e Gustavo Brito : abril 15, 2020

A Augusta, jovial, noturna e badalada, nem sempre foi assim. Hoje, seu movimento e dualidade fazem dela uma espécie de microcosmo da cidade de São Paulo.

A primeira vez que se ouviu falar da Rua Augusta foi em meados de 1875, quando se chamava Rua Maria Augusta. Em 1875, mudou seu nome apenas para Rua Augusta, como conhecemos hoje em dia. No início, ela fazia parte das terras do português Mariano Antônio Vieira, dono da Chácara do Capão desde 1880, quando inaugurou várias ruas no Bairro da Bela Cintra, inclusive a Rua da Real Grandeza, atual Avenida Paulista. Vieira resolveu abrir uma trilha, pois os caminhos eram muito íngremes, para, posteriormente, em 1890, serem instalados bondes puxados por burros. Apenas em 1891, com a inauguração da luz elétrica, foram movidos com eletricidade. Por volta de 1910, a rua foi estendida até a Rua Álvaro de Carvalho e se tornou oficial em 1927.

Mas foi na década de 1960 que ela começou a mudar, transformando-se em uma rua voltada para a diversão dos jovens. Em meados de 1970, começou a se adaptar a mudanças, dado o pesado tráfego de automóveis e ônibus e a criação de inúmeras galerias e centros comerciais, aliados à falta de estacionamentos. Mesmo assim, os jovens continuaram por lá, principalmente entre 1976 e 1980.

Hoje, a rua conta com muitos bares, restaurantes e baladas, o que a torna muito movimentada durante todas as horas do dia, especialmente de madrugada. Sua localização é excelente, pois perto dela há muitas faculdades, comércios e empresas, que fizeram dela o “point” para quem quer se divertir.

Hernandez, de 43 anos, está há 12 em situação de rua. Ele anda pela Augusta todos os dias e mora em uma invasão do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) por perto. Ele diz que a Augusta nunca para e que sempre consegue beber por lá, seja pedindo moedas na rua ou diretamente nos bares, onde consegue uma garrafa ou uma dose do que o agrada. “A Augusta para mim é tudo. Não tem nada estranho, é 24 por 48 que ferve, tudo é muito rápido”, afirma.

A rua é popularmente dividida em “Alta Augusta” e “Baixa Augusta”. Na Alta Augusta, encontram-se bares e restaurantes. Na Baixa Augusta, baladas e prostíbulos. Na Alta Augusta há um salão de beleza inserido em um prédio de arquitetura bem antiga. O salão ocupa a parte de baixo do imóvel enquanto um estúdio de tatuagem ocupa a parte superior. A preservação da fachada e da estrutura interna revelam a idade e a história da rua.

A Augusta é um reflexo da cidade de São Paulo. Ela nunca dorme, nunca para, nunca se aquieta e garante noites memoráveis.