Já era JUCA: Os impactos da pandemia no mercado de festas universitárias - Revista Esquinas

Já era JUCA: Os impactos da pandemia no mercado de festas universitárias

Por Gabriel Assis : junho 12, 2020

O mercado de festas universitárias foi muito afetado pela pandemia, que impossibilitou a realização de eventos, como o JUCA, que começaria hoje.

Atléticas, agências e empresas de bebidas perdem quase toda receita sem a realização de eventos como o JUCA

O JUCA (Jogos Universitários de Comunicação e Artes) estaria acontecendo neste exato momento se não houvesse pandemia. Inicialmente marcados para os dias 11 a 14 de junho, os Jogos foram remarcados para novembro antes de serem cancelados no último domingo, 7. Segundo comunicado oficial da Liga Atlética Acadêmica de Comunicação e Artes (LAACA), a pandemia do novo coronavírus tornou inviável a realização da 27ª edição do evento. “O foco do momento deve ser a proteção e os cuidados contra a doença”, diz a organização.

O cancelamento era a última opção, de acordo com a Atlética da Cásper Líbero. A associação já havia vendido cerca de 2000 ingressos para a primeira festa do ano, quando se viu obrigada a adiar o evento. A tão esperada “Cervejada dos Bixos” estava agendada para o dia 14 de março, na quadra da Rosas de Ouro.

“Muitas pessoas pediram o reembolso por meio da BlackTag, plataforma em que comercializamos os ingressos online, mas não chegou a ser a maioria do público”, conta Leonardo Boscolo, presidente da entidade. “Tivemos muita sorte de eles [administração do local] terem sido compreensivos e segurado uma data para nós, mesmo que posterior. Afinal, já havíamos pago 100% do valor do aluguel”, completa.

Uma pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC), em parceria com o Sebrae, concluiu que 62,5% das empresas estudadas teriam um faturamento entre 76% a 100% menor em abril de 2020 do que no mesmo período do ano passado. A Atlética da Cásper, chamada de Jesse Owens, sente o impacto dessa crise, já que não tem nenhum dinheiro entrando no caixa. “As atléticas como um todo buscam alternativas para gerar algum tipo de renda. Seja com produtos e coleção, campeonatos online com inscrição paga ou venda das festas, mesmo adiadas”, diz Leonardo.

Outro impacto da pandemia nesse mercado foi a perda dos patrocínios. “A gente realizava a parte de ativação de marcas. Empresas que queriam entrar em um evento pagavam por aquilo”, explica Lucas Mariano, sócio do Grupo TOY. Nos últimos anos, a agência ganhou notoriedade no âmbito das festas universitárias em São Paulo.

A TOY produz algumas das principais festas universitárias paulistanas, como a “Sleepover” e o “Baile dos Solteiros”. Em 2020, realizaria sete jogos universitários, incluindo o JUCA. Segundo Lucas, “o público das maiores festas varia de 15 a 20 mil pessoas. O faturamento também varia de R$ 2 milhões a R$ 2,5 milhões. Isso não é o lucro. Tem locação de espaço, contratação de artistas e bebidas”.

Eventos que geram aglomeração só poderão ocorrer quando a capital paulista estiver na última e quinta fase do “Plano São Paulo” de reabertura gradual da economia. Enquanto isso parece distante, o Grupo TOY organiza os protocolos a serem seguidos no retorno às atividades. “Temos conversado com parceiros de serviços de saúde, como postos médicos, ambulâncias e equipes de limpeza para saber como fazer a higienização dos locais, protocolo de distanciamento em filas e quais equipes contratar. Ainda é um cenário nebuloso, mas estamos trabalhando”, esclarece Lucas.

O sócio ressalta que a TOY não demitiu nenhum funcionário desde o início da quarentena, em março. Essa atitude vai na contramão da tendência do setor. Ainda segundo a pesquisa da ABEOC, as empresas do ramo dispensaram, em média, 6,7 contratados.

Companhias de bebidas também sofrem com a crise. A marca Piña 021, por exemplo, perdeu 95% de sua receita, já que 90% dela está atrelada às festas universitárias. “Estamos vendendo muito pouco. Foram criadas rifas e vouchers para venda de bebidas mais baratas e tentamos fazer o máximo de delivery possível, mas é muito difícil competir com o Zé Delivery, que vende bebidas da Ambev, e outros”, conta Gabriel Felipe, sócio proprietário da empresa.

Gabriel diz que, ainda assim, a Piña 021 também evita dispensar seus empregados. “Não temos lucros. Sobrevivemos para pagar as contas e de dinheiro de fundo de reserva, para manter a empresa como está”. O empresário não é otimista quanto à retomada do mercado: “Imagino que vá voltar muito devagar. Não vai voltar como estava. Os pedidos eram bem grandes”.