Famoso por explorar os efeitos da ilusão de ótica em suas obras, Erlich provoca a interação e curiosidade do público em São Paulo
Em terras paulistanas, a exposição “A Tensão”, de Leandro Erlich, traz – sob curadoria de Marcello Dantas – algumas das mais importantes obras do artista argentino. Exposta no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), a mostra já passou por Belo Horizonte e Rio de Janeiro, dando em abril boas-vindas a São Paulo. A entrada gratuita, com agendamento pelo site, tem atraído todo tipo de público, formando filas que podem levar cerca de uma hora do lado de fora do edifício.
![erlich](https://static-revistaesquinas.casperlibero.edu.br/uploads/2022/04/FullSizeRender-3.jpg)
As nuvens “Brain”e “Mani”
Edgar Marques / Revista Esquinas
Erlich no CCBB
Dentre todas as criações de Erlich que estão expostas no local, “Swimming Pool” é possivelmente a mais conhecida. Ocupando todo o átrio central do prédio, a obra – cujas imagens circulam pelas redes sociais há alguns anos, deixando muitos internautas intrigados – se trata de uma piscina em tamanho real que possui uma peculiaridade: permite que os visitantes andem dentro dela. Se utilizando de acrílico e uma fina camada de água, Erlich criou uma ilusão de ótica dupla.
Quem vê de fora da piscina, acredita que ela está cheia de água, e se assusta ao ver pessoas caminhando naturalmente nesse ambiente. Já quem está dentro é banhado por um jogo de luz que, além de contribuir para belíssimas fotos, gera a ilusão de que está realmente dentro de um ambiente preenchido por água. Essa atração, porém, possui dois reveses: a parte exterior da piscina não possui acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, uma vez que o acesso se dá apenas por escadas, e, por conta da alta demanda do público, o período de permanência na parte de dentro da piscina se limita a um minuto e meio.
- “Swimming Pool” vista de cima. Foto: Edgar Marques / Revista Esquinas
- Uma camada de vidro e água traz a sensação, para quem vê, de que as pessoas estão submersas. Foto: Edgar Marques / Revista Esquinas
Essa mesma restrição de tempo também está presente na obra “Classroom”, que ocupa o 3° andar do edifício. Essa criação de Erlich é composta por dois ambientes distintos: uma sala de aula abandonada – a qual o público não tem acesso – e uma sala toda preta, com blocos pretos de diversos tamanhos presos ao chão. A surpresa da atração está na interação do visitante com o cenário, que contém um elemento enigmático.
A “Lost Garden”, pequena em relação às outras, brinca com a ótica e ilusão a partir de janelas e espelhos. A estrutura por fora remete ao que seria a parte de dentro de uma casa, enquanto seu interior, um jardim. Sendo ambos os lados separados por quatro paredes e algumas janelas. O público ao olhar através dos vidros se depara com um belo paisagismo, mas o principal ali, é que ele também vê a si mesmo no reflexo das outras janelas. Isso é causado por um espelho posicionado de maneira que as pessoas consigam ver a si mesmas de todos os ângulos, independentemente da posição da fresta em que olhar.
“Proximamente” é uma obra diferente das outras da mostra, a começar pelo fato de não recorrer a interatividade ou a ilusões de ótica. Além de um letreiro que lembra os dos cinemas de rua antigos e uma porta dupla de madeira que nos remete antigas salas de projeção, há pouco mais de uma dúzia de quadros pintados à mão que apresentam pôsteres de filmes fictícios inventados por Erlich, e que fazem referência às obras do artista, incluindo algumas presentes na exposição no CCBB. Um exemplo: o pôster de The School of Jesus – que apresenta uma garotinha engatinhando sobre a água de uma piscina – uma clara alusão a “Swimming Pool”.
![erlich](https://static-revistaesquinas.casperlibero.edu.br/uploads/2022/04/proximamente_-uma-experiência-aos-apreciadores-da-sétima-arte-2.jpg)
“Próximamente”: a ala para os amantes da sétima arte.
Edgar Marques / Revista Esquinas
Veja mais em ESQUINAS
Guia da Paulista: programação cultural na avenida do dia 18/4 a 25/4
Conheça “Amazônia”, exposição do fotógrafo Sebastião Salgado no Sesc Pompeia
Passagem Literária: por baixo da Consolação, uma cidade de livros
Para conhecer
A construção histórica que abriga o CCBB costuma receber dos mais diversos tipos de atração, com capacidade para 16 delas, além de sua programação de cinema, no teatro que também existe dentro do prédio.
Para visitar a exposição e conhecer as mais de 10 atrações, além do ingresso que pode ser adquirido gratuitamente no site filiado, é necessário apresentar um documento com foto e comprovante de vacinação contra a covid-19, com pelo menos duas doses tomadas. A exposição ocorre de 13 de abril a 20 de junho, funcionando todos os dias – com exceção das terças-feiras – das 9h às 19h.
O CCBB fica localizado na Rua Álvares Penteado, 112, no Centro Histórico de São Paulo, a uma distância de aproximados 5 minutos a pé tanto da estação Sé do metrô, quanto da estação São Bento (linha azul). Há um estacionamento filiado na Rua da Consolação, 228, que disponibiliza um translado gratuito até o centro de exposições. O custo do estacionamento é de R$ 14,00 por um período de até 6 horas, e é necessária a validação do ticket na bilheteria do CCBB.
As dependências do Centro Cultural contam com Wi-Fi gratuito mediante a cadastro, tomadas, elevadores, banheiros em todos os andares, além de uma unidade especial do Café Girondino com cardápio variado. A entrada com bolsas e mochilas não é permitida, porém há um guarda-volumes gratuito no térreo do edifício.
O CCBB possui um site oficial onde é possível encontrar todas as informações sobre a exposição e um catálogo que contém diversas obras de Erlich, inclusive algumas que não estão presentes na exposição. O artista também possui um site oficial, além de um Instagram (@leandroerlichofficial) onde ele posta fotos de suas obras nas exposições ao redor do mundo.
Ver essa foto no Instagram