Exposição milionária leva a arte do pintor suíço-alemão a São Paulo; depois, o projeto segue para Rio de Janeiro e Belo Horizonte
“Cor e eu somos um. Eu sou um pintor”. Depois de 58 anos da sua primeira – e única – exposição individual no Museu de Arte São Paulo (Masp), Paul Klee (1879-1940) volta à cidade com Paul Klee – Equilíbrio Instável. Desta vez, quem traz as obras do virtuoso do modernismo é o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), cujos quatro andares e subsolo ficam ocupados pelo trabalho do artista suíço-alemão até o dia 29 de abril.
O número de obras por si próprio impressiona: são 123, entre pinturas, desenhos, projeções, fantoches e águas-bravas salvaguardados pelo Zentrum Paul Klee de Berna, na Suíça. Cada andar do CCBB representa uma fase do pintor, começando em ordem decrescente pelo quarto, com seus desenhos de infância, e terminando no segundo, com suas últimas obras. Estas são marcadas pelo estado de saúde afetado pela esclerodermia – uma doença autoimune rara que o acometeu em 1935 – e por uma libertação de padrões de composição e forma.
Por sua vez, no primeiro andar é projetado o documentário Paul Klee: O Diário de um Artista, que funciona como uma visitação guiada post scriptum. A última parte da exposição, no subsolo, traz uma extensa cronologia da vida de Klee, acompanhada de algumas respostas do artista a um questionário no estilo Proust: “Personagens favoritos na poesia? Os demoníacos”. Essa resposta é particularmente interessante visto que uma parte aclamada do seu trabalho é inteira preenchida com figuras angelicais.
Devido à multiplicidade de técnicas empregadas por Klee – aquarela, desenhos transferidos a óleo, ranhuras, borrifados –, as peças necessitam de um estado de conservação rígido. Para entrar em qualquer uma das salas (rigorosamente climatizadas) é preciso abrir e fechar duas portas, e o número de visitantes por galeria é controlado, o que deixa a exposição um pouco engessada; revés aceitável dado que trazer uma coleção desse porte custou cerca de 12,4 milhões de reais em leis de incentivo à cultura.
Embora Equilíbrio Instável destaque interações profissionais importantes de Klee como sua entrada no principal grupo de expressionismo alemão, O Cavaleiro Azul, sua contribuição acadêmica com a Bauhaus e sua posterior influência a mentes mais novas como Walter Benjamin e Theodor Adorno. A exposição ainda ilumina melhor suas raízes familiares intrinsecamente conectadas aos estímulos a diversas formas de arte na vida de Klee: a avó Anna Catharina que encorajou o artista a começar a desenhar; a influência musical da esposa Lily, uma pianista profissional, e de seus pais, Hans e Ida, que o incentivaram a tocar violino desde criança (“música para mim é como uma amada encantada”); e seu filho Felix, um diretor de ópera na vida adulta a quem os fantoches são dedicados.
Serviço
CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Rua Álvares Penteado, 122, Centro
(11) 3113-3651 / (11) 3113-3649
Abre todos os dias (exceto às terças-feiras) das 9h às 21h
Entrada gratuita
A exposição fica até o dia 29/04