Feira Miolo(s) reúne editoras e autores independentes na Biblioteca Mário de Andrade - Revista Esquinas

Feira Miolo(s) reúne editoras e autores independentes na Biblioteca Mário de Andrade

Por Maria Clara Castilho Wunderlich e Bruna De Santis : novembro 7, 2022

Feira Miolo(s) é a maior iniciativa de editoras independentes e arte gráfica do país; stands de autores tomaram a Mário de Andrade, no centro de SP

Feira Miolo(s) é a maior iniciativa de editoras independentes e arte gráfica do país; stands de autores tomaram a Mário de Andrade, no centro de SP

Nos dias 5 e 6 de novembro, a Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo, sediou a 9ª edição da Feira Miolo(s). O evento marcou o retorno presencial após dois anos de pandemia e contou com entrada gratuita. A editora Lote 42, responsável pela realização da feira, afirma ter reunido mais de 190 editoras, coletivos e artistas entre os expositores.

A primeira edição da Feira Miolo(s) ocorreu em 2014, com 59 editoras. Ao longo dos anos, foi crescendo e, em 2022, se consolidou como o maior evento de arte gráfica do país. Além dos livros, os stands ficaram dominados por serigrafias, zines e xilogravuras. Havia também a oportunidade de conversar com próprios os autores, editores e designers gráficos das obras expostas.  

O evento deu destaque à obra La Prose du Transsibérien et de la petite Jehanne de France (“A Prosa do Transiberiano e da pequena Jehanne de França”, em tradução livre), produzido em 2013 pela pintora ucraniana Sonia Delaunay-Terk e pelo poeta suíço Blaise Cendrars. O livro faz parte do acervo da Biblioteca Mário de Andrade e esteve exposto durante a feira. A programação da feira também contou com dez palestras sobre arte gráfica contemporânea e presença de editoras independentes de todo o Brasil.  

Autores e iniciativas independentes 

Muitos autores independentes também marcaram presença. É o caso da ilustradora e editora Kelly Alonso. Ela é a responsável pela produção de todas as suas obras, e conta que seus livros “sempre tem um espírito crítico social”. Seu público-alvo são as crianças e jovens, mas afirma produzir também para adultos. Uma de suas obras mais famosas é O Elvis que eu amo, que concorreu ao prêmio Desgráfica. 

Já a autora de livros independentes Gabriela Gullich, que esteve no evento pela sua primeira vez, relatou à nossa equipe sobre seu livro-reportagem em quadrinhos São Francisco, vencedor dos prêmios HQ Meets e finalista do Ângela Agostini. A obra trata sobre os impactos da transposição do Rio São Francisco na população ribeirinha de Pernambuco e da Paraíba. 

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“O São Francisco foi uma viagem de 20 dias. Fizemos entrevistas com o Ministério Federal do Desenvolvimento e com a população local. Demoramos um ano de produção para o livro ser publicado”, afirma Gullich. A primeira edição saiu em 2019 e a segunda em 2021. “É uma proposta que consiste numa mistura de reportagem com quadrinhos e fotografia”, diz a autora.  

O autor Vitorelo também esteve presente no evento e conta sobre a publicação do seu livro Kit Gay, junto à editora Veneta: “O livro é uma resposta ao atual governo negligente que antagonizou muito o público LGBT, inspirado na linguagem de almanaques, com muitas sátiras e várias explicações sobre vestuário, ideologia de gênero e linguagem neutra. Ele aborda assuntos que pregamos e que sejam tratados com leveza, sem preconceito”, afirma o autor.  

Stands da feira Miolo(s)

A Feira Miolo possuía vários stands, cada um com produtos e propostas diferentes. Desenhos, adesivos, broches, blusas, bags e quadrinhos dividiam espaço com os livros nas prateleiras. Ea Damaia, uma das expositoras, destacava o lançamento de uma história em quadrinhos a respeito do período de isolamento social, além de desenhos sobre elementos da natureza e espiritualidade. Ela conta que seu público-alvo são “jovens adultos e o público LGBTQIAP+. 

A Bebel Books era uma das principais editoras presentes. A marca já participou de todas as outras edições da Feira Miolo(s). Bebel Abreu, dona da editora, contou que “seus livros tentam dialogar com o nosso tempo e trazer assuntos que importam para as rodas de conversa”. A maioria das obras são de caráter ativista e irônico e se utilizam da arte como ferramenta de engajamento.