Individualidade coletiva - Revista Esquinas

Individualidade coletiva

Por Eduarda Sanches, Mychelle Joyce e Nathália Vicentin : abril 20, 2018

Mulheres se unem no teatro para sua luta ganhar força

O teatro é um ambiente plural e diverso. De pessoas, de ideias, de atitudes, de comportamentos e de estilos. Não é à toa que é considerado a ágora do mundo, um local para debates e discussões. Por esse motivo, os coletivos feministas não ficam de fora quando falamos dos espetáculos e peças. Mulheres buscam voz para mostrar sua realidade a partir de uma arte conscientizadora.

O cenário nas artes não deixa de ser muito distinto de outros cenários como empresas privadas e o Legislativo. A desigualdade entre homens e mulheres é expressiva. As mulheres sofrem preconceitos e violências nesse meio, “são subestimadas e diminuídas em todos os lugares e funções”, critica Julianna Firme, de 23 anos, que já participou do coletivo Mulheres de Buço e atualmente faz parte o coletivo Dupla da 3. A existência de coletivos feministas de teatro se dá tanto pela questão micro, o preconceito em seus trabalhos, como pela questão macro, na sociedade como um todo.

Firme relata que conheceu as integrantes das Mulheres de Buço em um grupo de teatro amador no Rio de Janeiro quando ainda estava no período de graduação em Artes Cênicas na PUC-Rio. Assim que foram se aproximando, convidaram-na para participar do coletivo e produzir a peça que estavam planejando.

As mulheres que se unem para fazer teatro e criar apresentações abertas querem questionar, discutir e pensar no papel da mulher em sociedade e em contextos políticos. Nas peças, buscam disseminar a realidade que vivem, lutam e têm direito.

Quando os coletivos feministas surgiram, por volta de 1981 em São Paulo, o objetivo era unir mulheres para refletirem e conhecerem melhor seus corpos, lutar pela sua saúde e melhorar suas condições de vida.

Os coletivos feministas atuais buscam as mesmas coisas que eram reivindicadas há anos. No teatro, as mulheres não deixam de abordar temas ligados à luta feminina em suas peças e espetáculos. Lidi Seabra, de 36 anos, faz parte do grupo A Baixa Coletiva. Na peça In Cômodos, temas como abuso sexual são retratados por vinte mulheres para o público refletir ao que assistem.

Cada mulher tem um objetivo ao procurar se unir às outras dentro desses coletivos de teatro. Todas possuem sua própria história e particularidade. Partilhar e compartilhar angústias e reflexões com outras mulheres, pessoas que estão no mesmo lugar de fala, é algo que dá forças e motiva a continuar buscando e lutando por seus mais que devidos direitos.