Sociólogo destaca que o tipo de informação consumida pode tanto aproximar quanto afastar de um perfil questionador
Ao se aventurar pelo universo da internet, não é difícil encontrar semelhanças entre a vastidão de fotos e vídeos expostos virtualmente. Nesse meio, o público jovem é responsável por uma grande reprodução de conteúdos — como as famosas trends e coreografias do TikTok — disponíveis em um feed sem fim.
Na avaliação do professor e sociólogo Bruno Novaes Araújo, formado em Ciências Sociais, a explicação de deparar-se diante de tantas réplicas advém da cultura de massa, que fabricar produtos em função da indústria de entretenimento.
A cultura torna-se um mercado movido pelos likes e views das redes. Se os internautas aprovam, mais do mesmo é visto até que seja substituído por outra tendência. “A gente está inserido em um processo que desconhece seu próprio funcionamento. Daí, o processo de alienação é inevitável. Você não enxerga sua real condição.”
Segundo o professor, o jovem pode buscar uma alternativa mais crítica, mas, em geral, o que ocorre é pelo puro e simples entretenimento. ‘Perde-se a visão crítica de perceber que esse entretenimento não é tão inocente assim.”
No entanto, engana-se quem pensa que o jovem de hoje em dia, apesar de estar inserido em uma realidade digital, não é capaz de se desprender de tal cenário.
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O despertar da crítica jovem
O sociólogo destaca que o tipo de conteúdo consumido pelo jovem pode tanto aproximar quanto afastar do pensamento crítico. “Tem um pensador chamado Pierre Lèvy que diz que existe um dilúvio na internet, ou seja, um mar informacional. Então, do mesmo jeito que há o consumo do entretenimento (…), existe muita discussão de viés mais questionador e crítico. Depende muito do perfil do indivíduo. Basta ter internet para buscar diferentes tipos de conhecimento.”
Para Araújo, o jovem dos anos 1990, por exemplo, era muito alienado e bastante manipulado por parte do aparato de mídia pelo fato de haver na época menos recursos para obtenção de informação. A alienação só mudou de forma”.
E conclui: “Hoje, o jovem tem muito mais possibilidade de quebrar essa alienação, por isso tende a ser mais engajado que o jovem de antigamente, mas parte da escolha individual. “Se ele não quiser, ele se mantém alienado.”.