“Nada é fácil para um ambientalista no Brasil”, diz coordenadora do Perifa Sustentável - Revista Esquinas

“Nada é fácil para um ambientalista no Brasil”, diz coordenadora do Perifa Sustentável

Por Luiza Pojar e Pedro Moreira : agosto 25, 2022

Foto: Reprodução / CavhCast

Bruna Barbosa, do Instituto Perifa Sustentável, é a convidada do CavhCast dessa semana para uma conversa sobre a importância do desenvolvimento sustentável e sua acessibilidade

O Instituto Perifa Sustentável é uma organização sem fins lucrativos, que mobiliza juventudes em prol de uma agenda de desenvolvimento sustentável para o Brasil, a partir da justiça racial e ambiental. Sua diretora e produtora executiva, Amanda Costa, esteve presente na COP23 e na COP26. Bruna Barbosa, ativista do movimento, foi a convidada da última edição do CavhCast. Em parceria com o Universidade Vai Às Urnas (UVAU) e outras entidades, o programa recebeu Bruna na terça-feira (23).

“A gente acredita no desenvolvimento sustentável em relação à agricultura, fomentando o apoio a agriculturas familiares, orgânicas, e mostrando que a economia circular é, sim, lucrativa a longo prazo”, afirma Bruna.

Inclusão de jovens periféricos

Bruna ressalta que as pautas do instituto têm como prioridade a abertura do diálogo ambientalista para mais parcelas da sociedade: “O Perifa vem com essa democratização do debate climático para engajar jovens de periferia, de populações tradicionais, quilombolas, de toda essa diversidade.”

“Tudo isso é para que eles sejam protagonistas dessa mudança. Afinal, eles estão na linha de frente, sofrem diversas negligências do estado de moradia e de alimentação”, explica.

O Perifa Sustentável é responsável pela criação da Horta Maria Angu, que é uma horta comunitária orgânica, instalada na Comunidade da Maré, no Rio de Janeiro. Além de auxiliar na alimentação de diversas famílias da comunidade, também contribui na parte de educação. “As escolas da região aproveitam a iniciativa para realizarem aulas sobre alimentação saudável e sobre a questão dos agrotóxicos, que lá não são utilizados”, afirma Bruna.

Em São Paulo, o projeto é voltado para educação ambiental. Quando for aprovado pela prefeitura, o Prêmio em Educação Climática e Racial da Brasilândia pretende engajar as escolas da comunidade, promovendo a discussão de questões ambientais no currículo escolar.

“A ideia é que os professores auxiliem os estudantes, em grupos, a proporem soluções para problemas ambientais da região”, aponta a coordenadora. O prêmio, que tem uma lógica não competitiva, será de incentivo, para colocar os projetos em prática. A iniciativa tem previsão de início em 2023.

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Dificuldades ambientais no governo Bolsonaro

“O Brasil está passando por uma crise ambiental sem precedentes”, alerta. Durante os últimos quatro anos, diversos retrocessos foram aprovados pelo governo federal. Questões como o marco temporal e o garimpo ilegal são graves exemplos de como o Brasil lida com as pautas ambientais.

“Foram anos muito difíceis, tivemos dois ambientalistas assassinados. Nada é fácil para um ambientalista no Brasil”, comenta. Durante a entrevista, Bruna cita diversas vezes a bancada ruralista, que teve respaldo especial durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

“Acredito que a principal forma que a gente conseguiu atuar nesse atual governo foi levando informação de qualidade e lutando contra as fake news, especialmente no período de pandemia”, explica.

“A gente não pode permitir que o governo retroceda tudo aquilo que a gente conquistou em anos de luta.”

Editado por Nathalia Jesus

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