Pesquisa do IBGE aponta avanço do agronegócio em áreas de preservação ambiental - Revista Esquinas

Pesquisa do IBGE aponta avanço do agronegócio em áreas de preservação ambiental

Por Redação : outubro 11, 2022

Focos de incêndio ao longo da vicinal Paraná, via de acesso à Terra Indígena Bau, do povo Kayapó. Novo Progresso - PA. (Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real)

Na última sexta-feira (07), o IBGE divulgou dados que mostram a redução das áreas de vegetação nativa em relação ao crescimento da agropecuária no Brasil

Desde o início do desenvolvimento industrial do Brasil e no mundo, estudos apontam a tendência na diminuição da preservação de áreas ambientais. Segundo indicaram dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a relação de proteção e o uso produtivo da terra tem se intensificado nos últimos vinte anos.

De acordo com o levantamento, de 2000 a 2020 as áreas de vegetação natural diminuíram 513 mil km², o equivalente a 6% de todo o território do Brasil, enquanto no mesmo período, a área da Silvicultura no país cresceu 71,4% (36 mil km²), a Área agrícola cresceu 50,1% (229,9 mil km²) e a de Pastagem com manejo, 27,9% (247 mil km²). Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE e professor da Cásper Líbero, distingue os termos utilizados no relatório: “Por vegetação natural, entenda-se os domínios florestais somados às áreas de gramídeas e pasto, cunhadas de vegetação campestre”.

O estudo do IBGE também mostra um caso bem específico e que ilustra de maneira simples o impacto do avanço desenfreado da agropecuária. O Pará foi a Unidade da Federação com maior índice de expansão de Pastagem com manejo: 87,8 mil km², ao mesmo passo que também é líder na redução de espaços com vegetação natural: 123,2 mil km². Para Jefferson, o relatório atesta uma expansão predatória de atividades como a mineração.

“O Pará lidera a retração de zonas florestais em razão de suas características econômicas, com grandes interesses ligados à expansão da atividade de mineração. Houve até mesmo um debate ocorrido no Congresso em torno da divisão do estado – separando Tapajós e Carajás – que se associa com esses interesses”, afirma Jefferson.

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Em São Paulo, as atividades agrícolas se concentram na zona Oeste do estado e tiveram um aumento de 14,9% durante o período.

“Em relação ao Oeste Paulista, observa-se outro comportamento em função de dois elementos: a redução da disponibilidade de áreas e a intensificação da utilização da terra. Na agricultura de São Paulo são observadas as taxas mais reduzidas de espaçamento em algumas culturas, fato que possibilita maior produtividade por metro quadrado. Além disso, há um maior nível de assalariamento e conexão da agricultura com a indústria”, pondera Jefferson Mariano.

De acordo com o analista, o avanço das atividades econômicas em espaços de preservação natural prejudica a proteção da vegetação nativa, além de indicarem uma má tendência para os próximos anos:

“O estudo permite observar que há um modelo de expansão das atividades econômicas, como o agronegócio e mineração, que vem comprometendo sobremaneira a possibilidade de preservação das áreas de vegetação natural. Nesse sentido, vale destacar a aprovação do Código Florestal em 2012, que modificou o entendimento legal sobre o tema”, ressalta Mariano.

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