Papel das mídias sociais no automobilismo e como elas auxiliam no crescimento dos jovens em categorias de base
Cenas do Brasil no pódio não se repetem na F1 nos dias atuais. Mas a maneira como o país se destacou na história das corridas jamais será esquecida. A época de Ayrton Senna nos traz de volta um momento no qual o Brasil estava em seu ápice no automobilismo. Era evidente o ânimo dos brasileiros no alto consumo de notícias sobre as corridas, e a forma como os corredores tinham êxito nas competições.
Hoje, mesmo sem representantes com alto destaque na F1, sabemos a importância das figuras brasileiras, não só ocupando espaço nas corridas mas também nas mídias sociais. Murilo Diniz, piloto na F4 de 15 anos, comenta que com o auxílio das redes sociais, o alcance do esporte se torna mais viável, e facilita na questão de patrocinadores e parcerias para os próprios corredores.
AUDIÊNCIA E JOVENS PILOTOS
Na perspectiva do piloto de Kart Vinicius Duzzi, de apenas 13 anos, é fundamental receber apoio principalmente por parte da mídia.
“Eu tive muitas pessoas que me ajudaram no kart, além de pilotos mais velhos que me apoiaram e divulgaram minhas corridas para todo mundo”.
Além do apoio do público, o suporte entre pilotos que já estão inseridos no meio é essencial, uma vez que já passaram por todas as dificuldades que o caminho propõe e visam promover jovens talentos.
Segundo dados da Liberty Media, a audiência da Fórmula 1 está cada vez mais mais jovem. A média de idade caiu de 36 para 34 anos, além de aumentar o número de telespectadores do esporte. Nas mídias, os canais da Fórmula 1 tiveram um aumento de 13% no número de seguidores. Em uma entrevista para a revista Exame, o diretor comercial da Absolut Sport – agência de marketing esportivo – afirma que o aumento da audiência é resultado de uma mudança no formato de conteúdo.
Levar a Fórmula 1 para redes sociais e produzir uma série contando os bastidores de cada equipe, gera um interesse maior em todos, mas principalmente nos jovens. O piloto de Stock Cars Series, Felipe Barrichello, compartilha a mesma opinião que Vinicius Duzzi, e acredita que com o apoio necessário (incentivos e ajuda financeira dos pais, além da visibilidade nas mídias) é possível alcançar as grandes categorias.
Apesar de todas as adversidades e abdicações necessárias, como estar longe de família e amigos, deixar de fazer coisas que gostam, e até mesmo uma questão financeira (da falta de ou realocação de investimentos), entender a importância das mídias e como elas podem ajuda a cada vez mais deixar um piloto próximo de alguma categoria com grande prestígio.
Na visão da piloto Rafaela Ferreira, de 19 anos, que atualmente compete na categoria Fórmula 4 Brasileira, conciliar a vida profissional, acadêmica e pessoal é complexo, mas necessário, assim como também foi dito anteriormente pelos seus colegas de profissão. Com sua paixão e gosto pelas pistas desde seus 5 anos, Ferreira começou acompanhando o pai no kart e aos 8 tornou essa área um pouco mais profissional, participando de corridas.
Era preciso dar conta de suas corridas e estudos, e para isso ela recebeu o apoio de seus familiares e pessoas de fora que a apoiavam. Apesar dos bons incentivos, por ser a única menina em categorias específicas (como em corridas de kart), ela também ouvia comentários maldosos sobre sua pilotagem, mas isso não a desanimou, aos poucos a garota foi conquistando seu espaço na pista e mostrando o poder feminino existente no automobilismo.
Em um recado para todas as meninas e mulheres que sonham em fazer parte do automobilismo, a piloto incentivou e mostrou que há sim espaço para todos
“Nunca desistir, deve se dedicar ao máximo, se vc quer chegar, tem que dar aquele 101%, entender e estudar mais que os outros…”.
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MÍDIA E MUNDO AUTOMOBILÍSTICO?
Um dos principais motivos que evidenciam a grande contribuição das mídias para o universo automobilístico é a crescente no consumo de notícias, conteúdos e atletas por parte do público. As mídias desempenham um papel fundamental ao divulgar informações em redes sociais e transmitir grandes campeonatos na televisão.
Felipe Bassani, 20 anos, que atua como engenheiro de carros na equipe OAKBERRY Bassani F4, destaca, assim como Murilo, a importância da visibilidade nas redes sociais e plataformas digitais.
Felipe ressaltou a forte influência do documentário “Drive to Survive”, produzido por James Gay-Rees e Paul Martin (produtores britânicos com experiência em documentários sobre automobilismo – Senna, de 2010, e Amy, de 2015) no qual mostra os bastidores da Fórmula 1, as dificuldades que os pilotos e suas respectivas equipes sofrem em cada etapa da competição.
A série documental também visa expor ao público como os atletas e as equipes conciliam as viagens, o trabalho e sua vida pessoal. Felipe também conta que sua irmã, através do documentário, pôde enxergar o automobilismo de uma maneira diferente.
“Minha irmã não gostava do automobilismo porque dizia que era a profissão que deixava meu pai fora de casa em datas especiais, mas quando ela viu o documentário da F1, ela teve uma noção dos bastidores e hoje não vive fora do autódromo”.