Anfitriões perdem final no futebol, enquanto Marta se despede da Seleção com sua terceira prata; os bronzes ficaram com Marrocos e Alemanha
Durante os Jogos Olímpicos de Paris, o futebol foi disputado em sete cidades diferentes: Saint-Étienne, Nantes, Nice, Bordeaux, Lyon e Marselha, com as finais ocorrendo no Parque dos Príncipes, em Paris.
Na oitava participação do feminino, realizada entre 24 de julho e 10 de agosto, os Estados Unidos venceram o Brasil em mais uma final olímpica, já é a terceira vez que as norte-americanas ganham da seleção brasileira na disputa pelo ouro, as outras duas foram em Atenas 2004 e Pequim 2008. Um dia antes, na vigésima oitava edição do masculino, a Espanha conquistou o ouro sobre as donas da casa em plena capital francesa.
Futebol Masculino
Ouro: Espanha
A seleção espanhola iniciou a sua campanha no Grupo C com duas vitórias seguidas na fase de grupos diante do Uzbequistão (2×1) e da República Dominicana (3×1). Na última partida da fase preliminar, a equipe perdeu para o Egito por 2×1, encerrando o 100% de aproveitamento e ficando com a segunda colocação da chave. Nas quartas de final, a Espanha venceu o Japão por 3×0, com brilho de Fermín López, meio-campista do Barcelona, que marcou duas vezes, e do atacante Abel Ruíz que fechou o placar da partida e selou a classificação para a próxima fase.
Nas semifinais do torneio, a seleção venceu o Marrocos por 2×1. Os marroquinos abriram o placar aos 37 minutos da primeira etapa, com Rahimi, artilheiro da competição, cobrando pênalti. No segundo tempo, aos 20 minutos, López acertou empatou a partida e já nos minutos finais contribuiu com uma assistência para o zagueiro Juanlu Sánchez marcar o gol da vitória.
A disputa pelo ouro olímpico trouxe um confronto entre Espanha e França. No primeiro tempo, os espanhóis estabeleceram uma vantagem de 3×1 em menos de 30 minutos. Contudo, a França conseguiu empatar na segunda etapa, forçando o duelo ir para a prorrogação após um gol nos acréscimos.
Durante os 30 minutos extras, a Espanha garantiu o título com uma vitória de 5×3. Lopez anotou dois gols na final e se consolidou como o principal jogador de sua equipe. o ponta-esquerda Alex Baena marcou um gol de falta, enquanto o atacante Sergio Camello fez os dois gols da prorrogação. A França balançou as redes com Enzo Millot, Maghnes Akliouche e Jean-Philippe Mateta.
Essa conquista não apenas coroou o futebol masculino espanhol com o segundo ouro olímpico, mas também encerrou um longo jejum de 32 anos, últimas sete edições olímpicas, em que uma seleção europeia não terminava os Jogos no lugar mais alto do pódio.
Prata: França
Já a prata ficou com a seleção da casa. Comandada pelo ídolo nacional Thierry Henry, campeão do mundo como jogador em 1998, a França teve uma grande campanha. Passou com 100% de aproveitamento na fase de grupos, vencendo Estados Unidos, Nova Zelândia e Guiné. Nesses três jogos, marcou sete gols e não sofreu nenhum. Nas quartas de final, encarou a Argentina. Mesmo tendo menor posse de bola, o gol do atacante Mateta aos cinco minutos classificou os franceses. O jogo ficou marcado pelas vaias aos jogadores argentinos, que possuem uma canção ofensiva ao povo local, e briga generalizada após o apito final.
O primeiro gol sofrido pela França foi na semifinal, quando saiu perdendo para o Egito. Apesar da desvantagem inicial, conseguiu levar a partida para a prorrogação e sacramentou a classificação com um 3×1. Até o momento, eram 11 gols feitos e somente um sofrido.
Na decisão, conseguiu bater de frente com a Espanha pelos 90 minutos regulamentares. Na prorrogação, acabou perdendo o torneio e ficando com a prata, que por sinal é a segunda em sua história na modalidade, sendo que a primeira veio em 1900.
Os principais destaques foram Mateta, anotando cinco gols em seis jogos; e Michael Olise, de apenas 22 anos, que somou dois gols e cinco assistências. Foi o maior assistente da competição e o segundo jogador com mais participações em gols.
Bronze: Marrocos
O início de Marrocos na competição foi contra a Argentina, que era cotada como uma das favoritas para conquistar o ouro. O jogo, com direito a polêmica de arbitragem, teve gols do atacante Rahimi e do ponta-direita Akhomach pelo lado marroquino, já para os argentinos o atacante Simeone que marccou. Placar final: 2 a 1 Marrocos. No segundo jogo da fase de grupos, a seleção marroquina venceu o Iraque por 3 a 0, em um confronto resolvido já na primeira etapa. Os gols foram do meia Richardson, Rahimi e do ponta-esquerda Ezzalzouli.
Já classificada, a equipe encontrou os ucranianos na última rodada e acabou perdendo por 2 a 1, com gols do meia Kryskiv e do atacante Kransopir pelo lado da Ucrânia e mais uma vez Rahimi para os marroquinos. Nas quartas, recebeu o Estados Unidos, e venceu por 4 a 0. Os gols foram marcados por Rahimi, Akhomach, Hakimi e Maouhoub.
Nas semis, encarou a Espanha e acabou perdendo de virada por 2 a 1. O artilheiro Rahimi fez o primeiro de pênalti, mas Fermin Lopez e Juanlu Sanchez foram os responsáveis pela virada espanhola. Esse resultado levou Marrocos para a disputa do bronze. Na disputa do bronze, goleou a seleção do Egito por 6 a 0. Os gols marcados foram de: Ezallzouli, Rahimi (2), El Khanouss, Nakach e Hakimi. Essa foi a primeira medalha de Marrocos conquistada na história da competição.
VEJA MAIS EM ESQUINAS
Judô e Boxe do Time Brasil voltam de Paris como protagonistas; 20% das medalhas são deles
O que (ou melhor, quem) os ouros da ginástica representam?
Quem “medalhou” no Atletismo, Basquete, Canoagem e Remo do Time Brasil
Futebol Feminino
Ouro: Estados Unidos
Os Estados Unidos levou o ouro mais uma vez no futebol feminino. É a quinta vez que as norte-americanas se sobressaem na competição e levam a melhor. O primeiro jogo foi contra a Austrália, venceram por 2 a 1. Nos próximos dois confrontos: Alemanha e Zâmbia, também venceram, 4 a 1 e 3 a 0 respectivamente.
Nas quartas de final, as norte-americanas encararam o Japão. A partida ficou 0 a 0 no tempo regulamentar, com isso, o jogo foi para a prorrogação. Trinity Rodman fez um gol que classificou a sua equipe. Placar final: 1 a 0 Estados Unidos. Nas semis, houve o reencontro com as alemãs. Novamente, a partida foi para a prorrogação, e seguiu o mesmo roteiro das quartas de final. No entanto, a parte física falou mais alto, e Sophia Smith fez o gol no fim do primeiro tempo da prorrogação.
Na final, encararam as brasileiras que vinham com moral após eliminarem boas adversárias. Com isso, no jogo, o ataque do Brasil procurou ser mais propositvo. No entanto, as estadunidenses souberam controlar lances de perigo e foram efetivas, Mallory Swanson foi lançada ao ataque nas costas da defesa brasileira, entrando livre na área para colocar no gol.
Prata: Brasil
A campanha do Brasil viveu altos e baixos. O primeiro torneio do técnico Arthur Elias e o último da nossa rainha Marta. A estreia foi uma vitória contra a Nigéria por 1×0. A partida seguinte foi contra o Japão; mesmo vencendo até os 92 minutos, o Brasil levou a virada e saiu derrotado do Parque dos Príncipes. No primeiro tempo, ainda com o placar zerado, a goleira Lorena defendeu um pênalti da atacante Mina Tanaka.
A partida final da fase de grupos foi contra a Espanha, atual campeã do mundo. Em lance imprudente no final do primeiro tempo, Marta foi expulsa e deixou o Brasil com uma jogadora a menos. Assim, foi difícil segurar a cavalaria espanhola, que venceu por 2×0 e colocou a seleção sul-americana em uma situação perigosa. Para avançar de fase, o Brasil precisava torcer para uma derrota da Austrália contra os Estados Unidos, o que aconteceu. Nossa seleção foi a pior classificada para o mata-mata.
As quartas de final foram contra as donas da casa e algozes do Brasil. A França nunca havia perdido para o Brasil no futebol feminino e, além disso, eliminaram a seleção Canarinho na Copa do Mundo de 2019 e venceram novamente no torneio em 2023. Logo aos 16 minutos, Lorena foi fundamental novamente e agarrou outro pênalti, desta vez de Karchaoui, mantendo o Brasil no jogo. Aos 82, Gabi Portilho aproveitou o vacilo da defesa francesa e marcou o gol da classificação brasileira.
Na semifinal, novamente a Espanha. Dessa vez, em circunstâncias diferentes; o Brasil vinha confiante após eliminar a França, enquanto as espanholas sofreram para passar da Colômbia e se classificaram nos pênaltis. A seleção brasileira conseguiu a classificação para a final com um 4×2, que poderia ter sido mais se não tivesse perdido tantas chances.
Na final, um novo embate contra carrascas. Dessa vez, os Estados Unidos, que ganharam do Brasil em outras duas finais de Olimpíadas: Atenas 2004 e Pequim 2008. O Brasil foi derrotado por 1×0 e novamente conquistou a prata. Não foi dessa vez que a seleção conquistou o ouro no futebol feminino.
Bronze: Alemanha
A medalha de bronze da competição ficou com a Alemanha. A seleção começou batendo a Austrália por 3×0. No entanto, a partida seguinte foi uma derrota por 4×1 contra as norte-americanas, maiores campeãs olímpicas da história, com cinco conquistas, somando a de Paris 2024. Na partida que fechou a fase preliminar do grupo B, a equipe alemã aplicou um 4×1 na Zâmbia e garantiu a classificação para a próxima fase.
Nas quartas de final, elas enfrentaram as canadenses, até então atuais campeãs olímpicas. Com o placar zerado no tempo regulamentar e na prorrogação, a partida foi para as penalidades e a Alemanha garantiu vaga nas semifinais com uma vitória por 4×2. O grande destaque foi a goleira Berger, que defendeu duas cobranças e ainda converteu o pênalti decisivo. Já nas semifinais, novamente encontrando os Estados Unidos, a Alemanha até chegou a levar a partida para o tempo extra, mas foi derrotada após Smith marcar o único gol do jogo, no primeiro tempo da prorrogação.
Apesar da derrota, as alemãs foram para a disputa do bronze e venceram com gol de pênalti de Gwinn. No último lance da partida, a árbitra ainda assinalou pênalti para a Espanha. Alexia Putellas, duas vezes melhor do mundo, foi para a cobrança, mas parou na defesa de Berger, sacramentando a conquista da quarta medalha de bronze na história do futebol feminino alemão nos Jogos Olímpicos.