Futebol em números: o impacto econômico que move os gramados - Revista Esquinas

Futebol em números: o impacto econômico que move os gramados

Por Ana Luiza Sanfilippo, Anna Muradi, Antonio Caoduro, Felipe Sales, Fernanda Miki Tsukase e Marina Olim : janeiro 24, 2024

Nos primeiros três anos desde a inauguração do Allianz Parque, em novembro de 2014, totalizou-se uma arrecadação líquida de R$240 milhões

Como funcionam as finanças no mundo futebolístico e como elas alteram o percurso de um time ou jogador

O que você faria com 390 milhões de reais? O clube espanhol Real Madrid escolheu investir tudo isso em apenas um menino. Aos 17 anos, o brasileiro Endrick Felipe Moreira carrega o peso de ser o futuro de um dos maiores clubes do mundo. Mas o que fez brilhar os olhos de Florentino Pérez, presidente dos merengues, para pagar um valor tão expressivo em um único atleta?

Nos últimos 20 anos, outras transferências de jovens talentos do futebol brasileiro chamaram a atenção da imprensa mundial. Considerando vendas a partir de 2002, temos Ronaldinho Gaúcho para o PSG (Paris Saint-Germain)  aos 22 anos, Kaká para o Milan aos 21, Marcelo para o Real Madrid aos 18, Alexandre Pato para o Milan, também aos 18, Willian para o Shakhtar Donetsk aos 17 e Lucas Moura para o PSG aos 20. Como comparação, se juntarmos todos esses jogadores e toda a quantia paga por eles na época, ainda assim, não seria possível comprar Endrick.

Outros jogadores que marcaram o mundo das transferências no futebol brasileiro foram Ronaldo Fenômeno  e Denilson. Em 1994, Ronaldo deixou o Cruzeiro para ir jogar no PSV (Philips Sport Vereniging) da Holanda. O valor? 6 milhões de dólares, na época, o equivalente a 12 milhões de dólares em 2023, que seria considerado inexpressivo nos dias de hoje. O que não passava despercebido era sua habilidade tanto tática, quanto técnica. Pedaladas, velocidade, finalização, dribles com e sem a bola, balanços inesquecíveis frente aos goleiros e uma noção de posicionamento que poucos jogadores desenvolveram. Se ele fosse vendido hoje em dia, quanto custaria?

Em 1998 foi a vez de Denilson deixar o Brasil e brilhar em terras espanholas. Saiu do São Paulo FC aos 21 anos com destino ao Real Betis e deixou 32 milhões de dólares, aproximadamente 60.4 milhões de dólares hoje,  aos cofres tricolores. Quatro anos de intervalo e uma diferença enorme nos valores. Ronaldo sempre foi considerado melhor que Denilson Show, mas foi vendido por muito menos. Por quê? Muito disso está atrelado a uma questão: a economia.

Inflação em salários e transferências

Podemos definir a inflação como o aumento do nível de preços de bens e produtos dentro de uma economia. Esse aumento de preços pode ter várias causas. Suas origens são amplamente debatidas por economistas, mas, há duas principais origens: o aumento do custo de matérias primas e a elevação do nível da renda de uma população.

De maneira simplificada, matérias primas mais caras fazem com que o preço final dos produtos também suba. Consequentemente, serviços que utilizam esses materiais cobrem valores mais altos dos consumidores que, por sua vez, precisam pagar mais caro pelos produtos que compram. A elevação do nível da renda, por sua vez, gera um aumento da demanda por parte da população, já que ela dispõe de mais recursos para gastar em bens de consumo. E esse cenário dá margem para as empresas subirem os preços dos seus serviços e produtos, estando certas de que os consumidores estão em condições e dispostos a arcar com esses custos.

Todos esses efeitos e causas da inflação são partes naturais da economia. Porém, caso os índices de inflação fujam do controle, a saúde da economia tende a ser duramente prejudicada. A principal consequência é a perda da previsibilidade da economia. Sem ela, governos e empresas perdem uma base sólida sobre a qual traçar seus planos para o futuro. O efeito mais cruel da inflação desenfreada, no entanto, afeta as camadas mais pobres da sociedade. Enquanto os mais ricos possuem dinheiro o suficiente para de certa forma se blindar contra a inflação, os demais não dispõem dos mesmos recursos e sofrem as suas consequências diretamente.

E tudo isso afeta o mundo da bola. Mas, para tornar essa compreensão mais simples, é possível encarar o futebol como mais um produto que circula pela economia mundial. Considerando uma inflação descontrolada que desestabiliza completamente a economia de um país, é possível enxergar como empresas e governos estariam menos dispostos e com menos condições de fazer grandes investimentos na área do esporte. Além disso, em um cenário econômico menos aquecido, os consumidores teriam menos dinheiro para gastar com entretenimento, optando por direcioná-lo para produtos e serviços essenciais como alimentação, saúde e educação.

Os efeitos sentidos pelo mercado futebolístico em um cenário de inflação elevada são apenas pontuais. Isso se deve ao fato de que os investimentos não seriam afetados a médio e longo prazo. Ou seja, pouco a pouco a tendência seria da economia voltar ao normal e as empresas e a população a retornarem ao seu padrão de consumo de futebol.

Com isso, surge uma questão muito presente no mercado do futebol: a compra e venda de jogadores, que têm alcançado, cada vez mais, níveis exponencialmente altos. Transações milionárias afetam diretamente a economia dos países que abrigam os times, dependendo de como cada nação trabalha o futebol para torná-lo um produto atrativo. De fato, a entrada de enormes quantias de dinheiro em um país é benéfica para a sua economia, mas os impactos dessas compras se estendem para muito além disso. As economias locais também são favorecidas pelo mercado de futebol. Países que abrigam sedes de grandes clubes ou são berços de jogadores renomados são beneficiados pelo fluxo de jogadores que vão até ele, já que isso movimenta o comércio e aquece a economia, como os torcedores que vão à Barcelona pelo estádio Camp Nou e os que vão à Argentina pela La Bombonera.

Ao longo dos anos, os valores envolvidos na compra e venda dos jogadores têm aumentado consideravelmente, mas a inflação não é a única responsável por isso. Como exemplo, temos a National Football League (NFL) e a National Basketball Association (NBA), que são capazes de monetizar o esporte como um todo explorando a venda de direitos de transmissão, patrocínios, anunciantes e exposição de jogadores.

Gestão estratégica no futebol

A gestão é, segundo o dicionário Michaelis, o “ato de gerir ou administrar”. Então, é fácil compreender que gerir o dinheiro é gerenciar algo financeiramente; mais especificamente, é um conjunto de processos, métodos e ações que deixa uma empresa, por exemplo, controlar e planejar as suas atividades financeiras. Se o objetivo é crescer e, consequentemente, ganhar mais dinheiro, a gestão do dinheiro é fundamental. Assim, a aplicação dessas “técnicas” de administração no futebol provou-se ser muito necessária em decorrência das grandes mudanças que o esporte sofreu nos últimos anos.

O que antes era movido exclusivamente pela paixão, hoje exprime a necessidade de um bom apoio monetário a fim de continuar existindo. O mercado futebolístico é tão competitivo que mobiliza milhões de pessoas e precisa de muita atenção. Como qualquer empresa,  um clube de futebol precisa ter objetivos claros – além de ter que contar com a imprevisibilidade do esporte, que o torna um desafio para os gerentes.

Logo, não existe uma fórmula infalível, há somente cases de sucesso que são possíveis de estudar e aplicar dentro da realidade do clube. É o que diz José Reinaldo Borges, vice-presidente do Barretos Esporte Clube: “O clube consegue ter um bom planejamento, reinvestindo os seus lucros – sabendo que você sempre precisa estar ‘plantando’ e ‘semeando’ para colher bons frutos no futuro. Quem enxerga isso, quem investe em estrutura e está modernizando, oferecendo as melhores condições para o seu profissional, que trabalha e frequenta do dia-a-dia do clube mais ainda do a sua própria casa. Você tendo a noção de que essas condições vão se tornar um ‘case’ de sucesso num futuro próximo, com certeza essas equipes sairão na frente. Não é tão simples administrar tudo isso, mas quem conseguir enxergar e dar esse passo, tão fadado ao sucesso.”

De forma genérica, uma boa gestão financeira gira em torno de quatro pilares: planejar, controlar, analisar e investir. O primeiro passo é o planejamento dos objetivos e resultados a serem alcançados, contando fatores relevantes que podem interferir no desempenho. É o momento no qual são elaborados os planos para concretizar as metas. Depois, deve-se verificar o andamento dessas estratégias, possibilitando ao gestor desenvolver as suas ações, evitando a maior quantidade de erros possível. Logo, é feita uma análise de dados para melhorar esses planos e resultados – essa é uma ação complementar ao planejamento inicial. Por fim, o investimento, que também deve ser baseado em dados, deve trazer um resultado e contribuir para a sobrevivência do negócio. Investir é levar em conta, por exemplo, as contratações, as aquisições, entre outras operações.

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A aplicação dessas “técnicas” de administração no futebol provou-se ser muito necessária em decorrência das grandes mudanças que o esporte sofreu nos últimos anos.
Reprodução/MATTAR, Michel Fauze 2017

Tratando-se de um clube de futebol, esses pilares da gestão podem – e devem – ser aplicados na administração, mas deve-se considerar algumas limitações específicas do ramo futebolístico: foco no curto prazo, influência do desempenho esportivo, forte fator político, pressão da torcida e incerteza do ambiente.

“Está mais do que comprovado que o futebol, como um grande negócio que é, tem que ser administrado como se administra uma empresa. Desde um clube de pequeno porte, longe dos grandes centros, até uma equipe de nível nacional e internacional. Então, tem que ter um planejamento muito grande, ver uma estrutura extra-campo que dê condições ao atleta e a comissão desempenharem melhor as suas funções, para você também exigir dos seus comandados um resultado. Tudo passa por uma gestão de excelência, um trabalho bem elaborado com responsabilidade financeira. Tem que honrar os compromissos que você assumiu, para você ter a cobrança e a contrapartida de exigir os resultados dos seus comandados.” reforça José Reinaldo Borges sobre essa combinação entre gestão do esporte com o da empresa.

Para o clube poder traçar objetivos acerca da gestão financeira, é necessário saber quais são as fontes de receita. Atualmente, segundo o vice-presidente do Barretos Esporte Clube, o montante principal vem das cotas de TV e das federações estaduais, dos projetos de sócio-torcedores, das arrecadações das bilheterias e, mais recente com a valorização das competições à nível sul-americano, das premiações das principais competições do país e do continente. É importante também considerar o aluguel dos estádios para eventos.  Nos primeiros três anos desde a inauguração do Allianz Parque, em novembro de 2014, totalizou-se uma arrecadação líquida de R$240 milhões, divididos entre o Palmeiras e a construtora. José Reinaldo reforça que os clubes que não se planejaram para construir uma arena moderna estão sofrendo financeiramente, a exemplo do Santos na atual edição do Brasileirão, tem jogado para 8 a 10 mil torcedores. Assim, “quando os gestores entenderem que o torcedor também é um consumidor do clube e ele pode contribuir, aumentou bastante a receita dos times e quem visualizou isso com mais antecedência, está tendo muito sucesso.”

Entretanto, a realidade da maior parte dos clubes é a arrecadação de direitos televisivos. Dos 20 times que disputaram o Campeonato Brasileiro de 2022, 15 deles tinham a maior porcentagem de suas receitas vinda dos direitos televisivos. Entre os times restantes, o São Paulo, o Grêmio e o Internacional, tinham a venda de atletas como principal fonte de renda, já o Cruzeiro apresentava 72% de arrecadação vinda de outros lugares e o Red Bull Bragantino não revelou os seus números.

As vivências de um jogador de futebol

A estrutura de um centro de treinamento e tudo que o clube pode oferecer para um de seus jogadores têm extrema importância na atuação de seu time. A parcela de renda investida com o intuito de oferecer a melhor preparação para o elenco é economicamente  justificável quando se observa os benefícios a longo prazo. Pedro Lucas, atualmente atacante do Joinville de Santa Catarina, explica mais sobre as suas passagens por times brasileiros nas categorias de base.

Com 19 anos, já teve passagens pelos paulistas Corinthians e São Paulo, além de uma bem sucedida temporada nos Estados Unidos, como ele mesmo aponta, jogando no St. Louis Scott Gallagher, time especializado em desenvolvimento profissional de jovens futebolistas.

“Fiquei dois anos no Corinthians e dois anos no São Paulo, e depois fiz minha transição para os Estados Unidos. Creio que minha passagem pelos EUA foi muito boa. Foi onde mais cresci como jogador, porque eles veem o futebol de uma maneira diferente. Acabei completando meu conhecimento com algumas coisas muito positivas do futebol dos Estados Unidos.”

 

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O jovem atleta compartilha experiências vividas no cotidiano de um clube de base: “A estrutura do clube é muito boa em questão de alimentação e suplementação. O Joinville nos oferece isso nos próprios locais de treino, com quartos e academia logo em frente ao CT. Temos um ambiente muito propício ao trabalho do atleta para ele se profissionalizar o mais rápido possível.” Ciente das responsabilidades do meio, Pedro não descarta o papel de cada atleta no processo de profissionalização: “Essa questão parte também do atleta em saber usufruir da estrutura que o clube oferece.”

Sobre sua rotina em especial, Pedro Lucas comenta: “A rotina varia de acordo com a metodologia do treinador e do preparador físico. Como no Corinthians eu era muito novo, o dia-a-dia era mais leve. Já no São Paulo, trabalhei em dois períodos em alguns dias da semana. Nos EUA foi onde encontrei a rotina mais pesada, com duplo período todos os dias e ênfase no quesito da força, porque lá o jogo é muito físico. Agora, voltando pro Joinville, posso dizer que o clube tem um preparador físico muito bom, voltado tanto para o sub-20 quanto para o profissional.”

Os patrocínios são outro ponto determinante no desenvolvimento da carreira de um atleta. Sobre o assunto, o atacante de 19 anos explica que as parcerias nem sempre contam com retorno financeiro ao jogador: “No Corinthians e no São Paulo fui patrocinado pela Nike por um período. Recebia materiais esportivos, roupas, tênis, mas não recebia nenhum dinheiro. Nos EUA, acabei fechando com a Adidas, também só recebendo o material esportivo. No momento, não tenho vínculo com nenhuma marca esportiva. Eu ainda uso o que já ganhei, mas agora estou sem contrato”. Pedro também faz queixas ao alto valor desses materiais, considerando que muitos jogadores não têm condições financeiras para adquiri-los.

Mesmo com um cenário desfavorável financeiramente, o atleta não descarta as parcerias como fonte de construção de imagem e valorização dos jogadores: “Estar na mídia é bom. Falam que é legal a gente fazer essa divulgação porque hoje estamos em uma era digital. Tudo está na mídia, e com isso a marca só acaba crescendo.  Por isso acho que é muito bom esse trabalho que as marcas fazem no cenário da base no Brasil. Eles dão uma ajuda imensa aos garotos que não tem condições de comprar esses materiais. A família só se beneficia, e se o menino acaba sendo um grande jogador, todo mundo sai ganhando. A marca tem uma grande visibilidade sobre ele.”

Sobre sua realidade financeira, Pedro Lucas conta que assinou seu primeiro contrato de formação aos 14 anos. O jogador reconhece que, mesmo com a pouca idade, os gastos com o salário são determinantes na vida de um atleta de base: “A questão gira em torno da condição financeira da família do atleta, se esse dinheiro vai ser usado para ajudar os pais em casa, na alimentação e em coisas que são prioridade na vida do atleta além do futebol. Em questão de valores, comecei a ganhar um dinheiro bom na ajuda de custo, acima do salário mínimo na época. Quando assinei o de formação, o valor praticamente dobrou. A responsabilidade eu tinha desde mais novo, mas também me divertia muito. A questão é saber fazer bom proveito desse dinheiro. A orientação que recebemos dos pais e das escolas é fundamental.”

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O atleta também comentou sobre o investimento que a Faculdade Internacional da Flórida, nos Estados Unidos, fez para que ele pudesse competir: “Como eu jogava pela universidade, tinha bolsa integral. Não precisava gastar com nada, tudo eles forneciam. Ao invés de estar recebendo, eles estavam pagando pelos meus estudos, uma coisa muito boa e crucial que a maioria dos países deveria adotar, porque a carreira de jogador é curta e a vida continua.  Mas para deixar claro, manter um aluno atleta com comida, moradia, transporte e principalmente o estudo, tem um valor alto. Eles investiram cerca de 65 mil dólares em mim.”

Em suma, ampliar os horizontes quando se fala de economia é essencial. Muitas pessoas sequer imaginam o forte impacto financeiro que o lazer e o esporte podem ter em uma nação. Mas é claro que isso depende da maneira como o futebol é visto, o crescimento e valorização que a modalidade tem vivenciado a torna um produto efetivamente promissor e com grande potencial de ser trabalhado. O fato interessante e curioso é que, nesse cenário, um jogador pode se tornar um  “item” de luxo e um fator de desejo para os clubes, de acordo, é claro, com suas habilidades e experiências.

Nem é preciso reiterar que os valores são impressionantes e que a quantia que um time utiliza para investir exclusivamente em um único novo integrante, como no caso de Endrick, tem a capacidade de movimentar o efeito do mundo da bola em todo o mercado financeiro, além de fazer a manutenção de sua influência. Essas transações são de extrema importância para o reinvestimento do clube,  que precisa ter em consideração o curto-prazo, e para sua segurança financeira em um ambiente de imprevisibilidade. Quem assiste de fora, geralmente, não tem ideia da magnitude de maneiras que são colocadas em prática para arrecadar dinheiro, além do clássico faturamento televisivo.

Assim como em qualquer outro setor, os fatores econômicos precisam ser previamente analisados e calculados com minúcia, já que sobrevivência e permanência dos clubes dependem de muito mais do que uma forte torcida. É por essa razão também que o preparo e a capacitação de novos atletas é visto como um elemento essencial nesse processo, é a partir disso que o ciclo se reinicia. Mas, certamente, é indispensável levar em consideração o poder que as novas formas de fazer negócio, como as as redes sociais e suas possibilidades de propaganda intensificadas, possuem. Elas também abrem um universo de possibilidades, tanto de forma individual, para os jogadores, quanto para o coletivo, os clubes.

Editado por Daniela Nabhan

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