11 de agosto no Brasil: estudantes promovem ato pela educação na Avenida Paulista - Revista Esquinas

11 de agosto no Brasil: estudantes promovem ato pela educação na Avenida Paulista

Por Luísa Monte e Luiza Pojar : agosto 12, 2022

Foto: Anna Casiraghi

No dia do estudante, lideranças estudantis e trabalhistas se reúnem na Avenida Paulista e em mais 25 estados para defender o estado democrático de direito e a educação

Motivados pela data simbólica de 11 de agosto, frentes de partidos políticos, movimentos sociais, estudantis (FENET; ARES ABC; DCE IFSP; DCE USP; DCE UNICSUL; DCE Unifesp; Movimento Correnteza) e trabalhistas se reuniram no vão livre do MASP na Avenida Paulista. No fim de um dia marcante com a leitura da carta em prol da democracia na Faculdade de Direito da USP e nos demais estados do país, para uma marcha rumo à Praça do Ciclista, também na avenida.

Em São Paulo, as mais diversas figuras defendem a democracia, a educação e valores que envolvem a comunidade sem assistência. Reunindo cada história separadamente, todas se convergem para a oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e para a mobilização às próximas eleições de outubro de 2022.

11 de Agosto: história da data

O Dia do Estudante faz referência a 11 de agosto de 1827, quando foram criados os primeiros cursos de Direito do Brasil, pelo Imperador D Pedro I. Eles estavam localizados em Olinda, posteriormente deslocado para Recife, e em São Paulo, no Largo de São Francisco, onde funciona até hoje a Faculdade Direito da Universidade de São Paulo.

A criação representa um dos marcos da independência de Portugal, visto que, anteriormente, os estudantes de classe alta saíam do Brasil rumo à metrópole para estudar. Depois da declaração de independência, assim como muitos órgãos, as primeiras faculdades representam a importância da educação nacional na recém-criada nação.

O papel do estudante na democracia

Na manifestação do dia 11 de agosto, na Avenida Paulista, ESQUINAS ouviu diversas opiniões sobre qual é o papel do estudante na democracia. Muitos acreditam que é crucial, principalmente em um momento em que a educação vem sofrendo cortes no orçamento pelo governo.

A candidata a deputada estadual Amanda Bispo (UP) , 26 anos, destaca: “O estudante historicamente cumpre o papel importante na manutenção da democracia, como no momento de luta contra a ditadura militar. A primeira manifestação de enfrentamento ao período ditatorial foi a Passeata dos Cem Mil. Hoje não é diferente. Os estudantes estão dando o recado hoje, na primeira grande manifestação de 2022.”

Ela completa com a sua motivação: “Viemos defender a educação pública. Só esse ano já houve um corte de 14% nas universidades públicas e institutos federais, que correm o risco de não funcionar até o fim do ano. “

A deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL) também defendeu o papel fundamental do estudante: “Costumam ser vanguarda das lutas mais radicalizadas e massificadas da história do nosso país. E diante do bolsonarismo não pode ser diferente, principalmente diante do que tem sido feito pela educação. O MEC está dominado por uma quadrilha”.

Quando começa a marcha em deslocamento na Avenida Paulista, um grupo se destaca na frente do movimento com a faixa “Crianças pela democracia”, carregada por 4 adolescentes do Conselho Mirim, uma iniciativa do vereador Celso Giannazi (PSOL) na Câmara Municipal de São Paulo.

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A professora Simone Cavalcanti, de 41 anos, explica que trouxe os filhos porque a defesa da democracia tem que envolver todos. “Desde pequenos, só podemos garantir os espaços de voz e fala pela democracia. É importante que eles entendam que isso foi uma conquista do povo, que devemos ficar em retaguarda, em defesa, já que eles construirão o amanhã do nosso país”, afirma.

Sua filha, Luisa Cavalcanti, 13 anos, concorda e complementa: “Nós somos o futuro do País, então precisamos ter esse conhecimento sobre a democracia e principalmente nos posicionar, porque, afinal, nós também comandamos”.

O Movimento Revolucionário de Trabalhadores, responsável pela Faísca Revolucionária e o Nossa Classe, estavam presentes para panfletar e discutir suas idéias. Mas, em panfleto distribuído durante o ato, afirmam não terem participado mais cedo da leitura da Carta à Democracia por não acharem que compartilham os mesmos ideias com aqueles que à escreveram. “A Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do estado Democrático foi organizada por universidades com interesses burgueses, banqueiros e candidatos ao cargo presidencial. Não representam o povo oprimido, os estudantes e a classe trabalhadora”, consta no panfleto.

Ainda, afirmam acreditar que “a única resposta a esses ataques golpistas [está] na luta de classes”. Acreditam que “a classe trabalhadora auto-organizada, com assembleias e reuniões de base, aliada à juventude, [deva ser] a protagonista do combate ao bolsonarismo” e pedem o rompimento das centrais sindicais e da União Nacional dos Estudantes (UNE) à “essa política de subordinação aos capitalistas e de aposta na saída da conciliação pelas eleições”.

 

Diferentes origens, mesmos ideais

Diversos grupos se reuniram na Avenida Paulista em favor da democracia e contra as atitudes e as falas do presidente. Em meio a diversas bandeiras de variados movimentos, bandeiras Palestinas flamulavam em nome daqueles que não possuem voz.

“Bolsonaro é um inimigo para o mundo inteiro, então viemos aqui na Paulista nos juntar aos brasileiros nessa luta. Em momentos como esse [onde a democracia é atacada] juntamos nossa lutas: indígenas, mulheres, negros, palestinos”, disse Rawa Alsegheer, imigrante palestina, ativista social pelos movimentos Samidoun Brasil, Alkarama e Masar Badil; que fala e luta pelos direitos dos palestinos no Brasil.

Convocação para 2 de outubro

Os grupos presentes convocaram todos para deixarem seus votos nas eleições que acontecerão em 2 de outubro. No último ano, mobilizações em torno da insegurança das urnas eletrônicas têm sido feitas, apesar das ações do Tribunal Superior Eleitoral e dos Tribunais Regionais Eleitorais para confirmar o contrário. Os manifestantes convocam para lutar contra as ameaças à democracia que podem ser feitas no que diz respeito a tais denúncias de irregularidade das urnas:

“Viemos defender as eleições, e nos posicionar contra o golpe planejado por Bolsonaro. A eleição ajuda, mas sem a luta não mudamos realmente as coisas.” diz Amanda Bispo.

Editado por Nathalia Jesus

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