“A gente enxerga com clareza uma ameaça de golpe”, afirma a presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo
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São Paulo – O ato em defesa da democracia desta quinta-feira (11) de manhã na Faculdade de Direito da USP, no centro de São Paulo, permitiu que os estudantes mostrassem sua indignação com o clima de instabilidade em torno do processo eleitoral alimentado pelo governo Bolsonaro e seus ataques à democracia.
- Evento foi realizado no pátio da Faculdade de Direito da USP. Foto: Francisco Stefanelli
- Foto: Francisco Stefanelli
A presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), Tayná Wine, 25, destacou a participação estudantil no movimento: “Nós, estudantes, avaliamos que [o estado democrático de direito] é um assunto emergente, ao passo que se chega mais perto da eleição. A gente enxerga com clareza uma ameaça de golpe”.
A representatividade da data, segundo Tayná, confere mais solenidade ao evento, que teve seu simbolismo concentrado duas cartas em defesa da democracia lidas em sequência – uma no Salão Nobre, de caráter mais institucional, assinada por mais de 100 entidades e outra representando a sociedade civil, com leitura no pátio do prédio histórico da faculdade.
“No dia do estudante, precisamos estar na rua para mostrar que nós defendemos nossos direitos e também os do nosso povo. Hoje tem sido um dia muito simbólico. Estão presentes muitos movimentos sociais, organizações e coletivos para fazer a leitura dessa carta à sociedade”, destaca Wine.
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Bateria do movimento estudantil se apresenta em meio ao ato.
Anna Casiraghi
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A presidente da UEE-SP destaca que o contexto das eleições deste ano é especial, relembrando a forte mobilização para expedição de títulos dos eleitores jovens. “A juventude tem se preocupado mais com a política, tanto que foi o ano em que os jovens mais tiraram títulos de eleitor. A gente percebe que a juventude tem se indignado muito com o atual governo, e tem entendido que a mudança também se dá nas urnas, nas ruas e no diálogo”, afirma Tayná.
“É muito importante que votemos e expressemos nossa opinião por meio do voto. A juventude esse ano vai ser mais incisiva, participando de forma mais ativa da política”, completa.
Preocupações de quem testemunhou a ditadura
A memória do regime de exceção esteve presente nos discursos dos palanques e nas motivações pessoais dos manifestantes. O advogado George Melão, 60, afirma temer os ataques proferidos às instituições. “Toda e qualquer atitude é louvável. Temos que lutar por tudo que já conseguimos. Tendo em vista os ataques, é necessário que as massas de bem se unam para manter o que conquistamos depois de mais de 20 anos de ditadura”, destaca George.
- Manifestantes levantam cartazes em defesa da democracia e do resultado das eleições em 2022. Foto: Anna Casiraghi
- Foto: Anna Casiraghi
- Foto: Anna Casiraghi
- Foto: Anna Casiraghi
João Batista Gilmar de Oliveira, 62, professor aposentado de História, afirmou estar presente no evento em prol da democracia e da liberdade: “É importante estar preparado para que o golpe não ocorra no dia 7 de setembro. Devemos estar unidos para não permitir que isso aconteça, senão, nosso povo corre sério risco.”
O protesto de hoje ocorre num cenário de instabilidade política. Agosto marca o início da campanha eleitoral que, no caso de 2022, é especialmente permeada por incertezas quanto à continuidade do estado democrático de direito. O manifesto lido no pátio da faculdade reafirma o compromisso da sociedade civil com a democracia e afasta os rumores de fraude no sistema eleitoral fomentados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Palavras de ordem contra o chefe do Executivo e em favor do principal adversário eleitoral de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), marcaram presença entre quem compareceu ao Largo de São Francisco.
- Largo São Francisco lotado para a leitura da Carta. Foto: Anna Casiraghi