Ato reuniu comerciantes e representantes da indústria têxtil que pediam a reabertura do comércio da região
“A gente tem que trabalhar porque tem gente dependendo de nós. Por isso estamos aqui”. Foi o que disse Eusébio, comerciante da região do Pari e Brás na cidade de São Paulo, sobre o que o levou a uma manifestação contra medidas de restrição do governo do estado e pelo impeachment do governador João Doria (PSDB).
O protesto ocorreu nesta segunda-feira, 15 de março, por volta do meio dia, e tinha como trajeto a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio em direção à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Os gritos entoados pregavam o retorno imediato ao trabalho e proferiam palavras de ordem contra a “ditadura” do representante do executivo estadual.
A fase emergencial do Plano São Paulo começou ontem e vai até 30 de março. Ela é mais restritiva que a vermelha, mas não chega a ser um lockdown, que o governador não descarta caso as medidas atuais não contenham o avanço da covid-19. Nesse período, há um toque de recolher das 20h às 5h. Também não são mais permitidas entregas presenciais, celebrações religiosas coletivas, uso de praias e parques, entre outros serviços e atividades.
Segundo as vozes vindas de um carro de som e de muitos dos presentes, as medidas de Doria prendem a população e afastam o trabalhador da execução de seu ofício. Em determinado momento, manifestantes compararam a situação vigente com o comunismo soviético.
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À frente da comitiva, estavam hasteadas bandeiras do Brasil, da Bolívia e outra em celebração da amizade dos dois países. A maioria dos presentes pedia a reabertura do comércio vestindo camisetas brancas e máscaras de proteção. Com exceção de alguns adereços militarescos e camisas em apoio ao presidente, o clima do protesto não era de reivindicações como o fechamento do Supremo Tribunal Federal e a expulsão de integrantes do legislativo.
De acordo com Felipe, nome fictício de um dos organizadores do ato, a movimentação popular foi espontânea. Partiu de um descontentamento dos comerciantes brasileiros, peruanos e bolivianos da indústria têxtil da região do Pari e Brás, revoltados com o fechamento de suas atividades sem nenhum suporte ou planejamento. “Não tem a ver com partido nenhum”, complementa.
Apesar de não haver uma clara declaração de posicionamento político por parte do grupo, os manifestantes se dirigiam à Alesp, onde bolsonaristas protestavam contra a vacina, a chamada “Ditadória” e a até então possível eleição do deputado estadual Carlão Pignatari (PSDB) para a presidência da Assembleia, que foi confirmada.