No Dia do Orgulho LGBTQIA+, conheça 5 personalidades marcantes do movimento - Revista Esquinas

No Dia do Orgulho LGBTQIA+, conheça 5 personalidades marcantes do movimento

Por Isabela da Silva Tumolo e Mariana Camacho da Costa : junho 28, 2022

Foto: Raphael Renter

Entre a política e os palcos, entenda como se construiu a trajetória do ativismo pelos direitos da comunidade LGBTQIA+ ao redor do mundo

É comum ver pessoas questionando a necessidade de ter um mês exclusivo para comemorar sexualidades e identidades LGBTQIA+. É importante reforçar que Junho não tem como único propósito celebrá-las, mas também conscientizar e refletir sobre o passado. Lembrar e falar sobre acontecimentos e figuras históricas que lutaram pelos direitos de homossexuais, bissexuais e pessoas trans e travestis é uma boa maneira de honrá-las e fortalecer a luta pela liberdade dessas pessoas.

No dia 28 deste mesmo mês, em 1969, membros da comunidade frequentavam o bar Stonewall Inn, localizado no bairro de Greenwich Village, Nova York, quando policiais invadiram o local para violentar principalmente homossexuais e prender aqueles que consumiam álcool.

O bairro de Greenwich Village tinha como grande parte dos moradores grupos marginalizados – homossexuais, transgêneros, pessoas em situação de rua, prostitutos etc. Com isso, a maioria daqueles que frequentavam os bares da região eram consideradas pessoas fora da lei – sabendo que a homossexualidade e a prostituição eram criminalizadas, além do consumo de álcool em estabelecimentos ser proibido.

Com o grande movimento de pessoas cometendo delitos, o bairro era alvo de ataques e invasões recorrentes da polícia, que causavam grandes traumas nos moradores devido à brutalidade que era muitas vezes fatal. Entretanto, na madrugada do dia 28 de junho, diferentemente do que acontecia, os frequentadores do bar revidaram, dando início a um motim de seis dias que mudou pra sempre a história e os direitos LGBTQIA+.

Figuras históricas da comunidade LGBTQIA+

Harvey Milk

LGBTQIA+

O político e ativista norte-americano que é reconhecido por ter sido o primeiro homem abertamente gay a ser eleito a um cargo público na California. Apesar de seu curto mandato de onze meses, Milk se tornou um ícone na cidade de São Francisco por ter sido um político pioneiro na luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+ nos Estados Unidos.

“Todos os jovens, independentemente da sua orientação sexual ou identidade, merecem um ambiente seguro e solidário para que possa atingir todo o seu potencial” — essa foi uma das frases mais emblemáticas e controversas ditas pelo vereador, e ela carrega seu valor até os dias de hoje.

Marsha P. Johnson

LGBTQIA+

Marsha P. Johnson, nascida em 1945 nos EUA, foi uma mulher trans pioneira no ativismo LGBTQIA+ dos EUA. Ela fundou, junto de sua amiga, também mulher trans, Sylvia Rivera, o S.T.A.R. (Revolucionários da Ação Travesti de Rua), primeira organização de acolhimento e ativismo trans conhecida na história. Além disso, Marsha estava na linha de frente dos motins de Stonewall em 1969, jogando coquetéis molotov, tijolos e participando de protestos.

A ativista lutou até o fim de sua vida contra a homofobia e a transfobia, até ser encontrada morta no Rio Hudson em 1990, muitos acreditam ter sido vítima de assassinato, mas o processo foi arquivado.

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Keith Haring

LGBTQIA+

Nascido na Pensilvânia em 1958, o artista ficou conhecido por seus grafites em estilo doodle que focavam em ativismos de diversas facetas, majoritariamente sobre a causa LGBTQIA+. Abertamente gay, o artista sofreu com a AIDS durante anos, o que transparecia em suas obras de arte. Além disso, antes de sua morte, o Haring fundou a Fundação Keith Haring voltada para a prevenção e cuidado de pessoas com AIDS, além de cuidar de crianças em situação vulnerável.

Keith Haring pode ser considerado um ícone LGBTQIA+ por iniciar programas de apoio a outras pessoas que sofriam com o HIV e a AIDS, que na época atingia em sua grande maioria homens homossexuais.

Madame Satã

LGBTQIA+

Nascido no início do século XX, João Francisco dos Santos foi vendido pela mãe ainda criança em troca de uma mula, com a promessa de que o filho teria educação e moradia. Entretanto, o menino, que na época tinha em torno de 10 anos, foi submetido a condições de trabalho análogas a escravidão, fazendo com que poucos anos depois, fugisse para o Rio de Janeiro.

Quando adolescente, já havia sido preso algumas vezes devido a pequenos furtos. Com a ajuda de bicos que fazia como garçom, cozinheiro e segurança, João Francisco conseguiu alugar um quarto numa pensão, onde morou por alguns anos. Foi nesta pensão que descobriu seu amor pela arte e ganhou incentivadores de seu trabalho.

Assumidamente homossexual e adepto ao movimento de crossdressing — ato de usar roupas não comumente associadas ao seu sexo biológico — utilizava o nome Madame Satã em suas performances e ficou conhecido como um dos maiores malandros da história do Rio de Janeiro. Além de sempre desafiar as políticas da época — extremamente conservadoras — Madame Satã pode ser considerada uma das pioneiras da comunidade Drag Queen brasileira.

Sylvia Rivera

LGBTQIA+

Ativista pelos direitos trans e travestis que começou a se montar desde os 8 anos de idade, Sylvia Rivera, foi essencial na revolta de Stonewall e na conquista de direitos da comunidade LGBTQIA+. Apesar de ter tido uma infância difícil, Sylvia começou sua jornada como ativista desde a adolescência, quando conheceu sua amiga e companheira de protestos Marsha P. Johnson.

Sylvia foi uma das protagonistas mais intensas nos ataques de Stonewall, e mesmo tendo passado por diversos obstáculos ao longo dos anos, sua atividade política permaneceu até os últimos dias de sua vida, sempre lutando pelos direitos de pessoas trans e travestis. Na marcha do milênio em 2000, foi nomeada “Mãe de todos os LGBTs”.

Editado por Nathalia Jesus

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