Pesquisa sobre imprensa na pandemia aponta que veículos tradicionais ainda são referência - Revista Esquinas

Pesquisa sobre imprensa na pandemia aponta que veículos tradicionais ainda são referência

Por Camila Nascimento : agosto 11, 2020

A pesquisa realizada pela plataforma STILINGUE monitorou mais de 50 milhões de conteúdos diários através de mais de 100 fontes diferentes

A pedido de ESQUINAS, a plataforma de inteligência artificial, STILINGUE, analisou e interpretou dados sobre a cobertura da pandemia pela imprensa entre maio e junho. Durante os dois meses analisados, registram-se mais de 185 mil menções feitas nas redes sobre veículos e jornalistas ligados a cobertura da pandemia.

Em sua pesquisa, a STILINGUE registrou que o volume absoluto de citações à covid-19 caiu 36,7% nos meses de maio e junho quando comparados ao mês de abril. Apesar disso, as menções sobre a cobertura dos veículos de imprensa cresceram quase 6%, tendo um leve aumento de 5,8% em maio, para 5,9% em junho.

 

 

Entre os veículos mais citados durante esse período estão a TV Globo (16,6%), Veja (16%), G1 (12,6%), UOL (9.6%) e Folha de São Paulo (4,6%), totalizando 59,4% das citações. Segundo a jornalista e redatora de conteúdo na STILINGUE, Camila Harumi Gil, os resultados obtidos na pesquisa estão relacionados com a importância que os veículos tradicionais possuem, afinal eles são a maior fonte de informação nos momentos de incerteza para o público em geral.

Simultaneamente à isso, os veículos independentes perderam força. “Meios de comunicação independentes e nascidos do digital, como Mídia Ninja, muitas vezes assumem um papel mais opinativo, o que influencia no alcance e aderência de seus conteúdos”, afirma Camila.

Ainda segundo a jornalista, os veículos tradicionais tiveram mais uma decisão “acertada” e “muito valorizada”. Desde o começo da pandemia, os jornais físicos e plataformas de notícias online mais mencionados nas redes sociais se posicionaram rapidamente a favor da democratização da informação, o que facilitou o acesso do público a todos os seus conteúdos.

Para a jornalista, há uma explicação sobre o aumento contínuo das menções relacionadas a cobertura jornalística na pandemia. “Diante desse cenário, o jornalismo assumiu sua principal forma: informativo e de utilidade pública. É natural, então, que em situações de incertezas, a população procure essas fontes.”

Críticas à imprensa

Apesar dos elogios, também foi constatado pela pesquisa da STILINGUE que 2% dessa menções qualificaram a atuação da imprensa como: “parcial”, “tendenciosa”, “manipuladora”, “suja”, “covarde”, “hipócrita”, “golpista” ou “sensacionalista”.

Já outros 0,5% defenderam que o vínculo político da cobertura se caracteriza pelos termos: “esquerdista” ou “esquerdopatas”. Sobre os comentários mais agressivos em relação à imprensa, Camila ressaltou que se interpretados de maneira quantitativa não são preocupantes, pois o valor absoluto desse tipo de conteúdo é muito inferior ao total de referência.

“Atrelar uma cobertura jornalística de veículos consolidados no mercado como ‘manipuladores’ ou até mesmo ‘esquerdistas’, principalmente pautado por divergências políticas, revela uma ferida muito grande na relação da população com essas fontes. Também temos visto um cenário que de um lado a imprensa se posiciona em prol da divulgação aberta e democrática de informações, e do outro temos líderes de governo que prezam pelo oposto, o que apenas alavanca esse tipo de visão”, diz Camila.

O que chamou atenção nesse período?

Com os dados analisados entre maio e junho, a STILINGUE também traçou a evolução temporal detalhada dos assuntos que mais impulsionaram as menções à imprensa. Em maio, houve 113.378 citações sobre a mídia, sendo que 59% delas foram feitas no Twitter e 37% no Facebook.

Um dos picos do mês maio ocorreu no dia 20, após o ex-presidente Lula dizer em entrevista à Carta Capital: “Ainda bem que a natureza criou o monstro do coronavírus.” Neste caso, o veículo de imprensa aparece apenas como parte do contexto.

Pico 20/05
Stilingue

Já no mês de junho, as menções à imprensa chegaram ao total de 72.027. Apesar do número menor que o mês de maio, a queda acompanhou a diminuição dos comentários relacionados a pandemia no geral. Novamente, o Twitter e Facebook foram as redes sociais com mais menções à imprensa na pandemia, com respectivamente 56% e 38% das citações.

No dia 5 de junho foi registrado um dos picos de menções daquele mês. A alta de comentários ocorreu devido a um Plantão da Globo. No boletim, a emissora informou que o número de mortes diárias pela covid-19 não seriam atualizados devido à uma ordem do Presidente Jair Bolsonaro. A maioria dos comentários elogiaram a ação da emissora e criticam a postura do presidente. No total foram 4.369 menções relacionadas a imprensa naquele dia.

 

Pico do dia 05/06
Stilingue

 

Segundo Camila, o destaque à imprensa durantes os picos de citações só surge quando ela adquire o papel de protagonista. “Em muitos casos, a imprensa é vista apenas como o meio pelo qual as informações e dados circulam”, finaliza.

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