Ozempic, Sibutramina, Saxendra, entre outros remédios para obesidade e diabetes, chegam na Web como nova forma de emagrecer rápido
Quando o assunto é emagrecimento, soluções fast não faltam, e vão de shakes até restrições a alimentos básicos, como cereais, pães e tubérculos. Como em toda época ou geração sempre há uma nova forma de perder alguns quilos, a recente pode ser encontrada em farmácias ou lojas online. O medicamento, usado no tratamento da obesidade e da diabetes, também é uma droga análoga ao GLP-1, que é um hormônio intestinal que sinaliza para o hipotálamo e para o sistema límbico o controle da fome, servindo para normalizar um apetite que é aumentado.
Ozempic
Na Web, principalmente pelas redes sociais TikTok e Instgram, o remédio de ampola estampou os vídeos da influencer Dayanne Bezerra em maio do ano passado. Bezerra, que conta com mais de 3 milhões de seguidores no Instagram, publicou cenas dela injetando Ozempic em seu corpo. Com um ano de uso e, novamente pelas redes, a influencer lamentou o uso do remédio devido algumas atrofias em seus músculos.
“Há uma necessidade estética da população em geral. É uma fixação que faz com que as pessoas se automediquem de forma inadequada”, afirma Thiago Napoli, endocrinologista do ambulatório de Obesidade e Endocrinologia do Hospital Servidor Estadual de São Paulo, sobre o uso de Ozempic, Sibutramina, Saxendra, entre outros medicamentos para obesidade.
“O mecanismo desses remédios é reduzir os riscos à saúde. Há uma estigmatização em volta deles devido ao uso equivocado de algumas pessoas, que acaba gerando um ruído na sociedade. Esses medicamentos são testados e estudados, salvam vidas.”
Napoli atesta que os riscos à saúde não estão nos medicamentos, mas na forma como são utilizados pela população atualmente. E até mesmo em tratamentos para obesidade o paciente pode sofrer complicações. “Náuseas, diarreias, hipoglicemia, gastrite, refluxo, indigestão, obstipação intestinal, flatulência e alergia ao medicamento”, exemplifica a pediatra Cristiana Fumagalli. “Pelos efeitos colaterais, como o enjoo, as pessoas acabam não comendo nada, assim, perdem gordura e massa muscular.”
A dentista Cibelle Caielli, de 51 anos, fez uso da droga durante um mês, e mesmo com o tempo curto, os efeitos colaterais surgiram. “Eu tinha bastante enjoo todos os dias, então resolvi parar.” Além dos problemas fisícos, o Ozempic é um medicamento caro, cerca de R$ 1000/mês. “É uma verdadeira fortuna”, reclama a dentisa.
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Fácil Acesso remédios
“Não existem remédios para obesidade no SUS, todos são comprados”, afirma Napoli. Mas apesar do sistema público não oferecer a droga, o acesso é razoavelmente fácil através de farmácias e lojas online. “Isso é muito ruim, porque as pessoas querem emagrecer a qualquer custo e muitas vezes não estão nas indicações de obesidade, mas apenas na busca por um corpo magro”, comenta Fumagalli.
Algumas medicações foram inclusive tiradas de circulação em uma tentativa de diminuir a automedicação. Em 2017, foi aprovado pelo STF (Sistema Tribunal Federal) um projeto de lei que proíbe a fabricação e venda de remédios anorexígenos, drogas que aumentam a adrenalina no cérebro e diminuem ou inibem o apetite. Sem comprovação para sua eficácia no tratamento de obesidade, eram medicações de preço acessível e, por isso, muito automedicadas.
Emagrecer de forma saudável
“O tratamento da obesidade é difícil, às vezes você tem que acertar o remédio para determinado paciente e, mesmo assim, o medicamento pode dar errado e você precisar conjugar medicações. É um trabalho complexo”, afirma Napoli. Assim, o processo de emagrecimento demanda paciência e um acompanhamento médico. “É importante a orientação contínua do que o paciente precisa fazer no tratamento”, completa o endocrinologista. Com isso, uma possível reformulação da sua saúde aparece a partir de algumas maneiras, seja por dietas, medicamentos ou mantendo o próprio peso.