Conheça o comércio de animais que contribui para preservação de espécies - Revista Esquinas

Conheça o comércio de animais que contribui para preservação de espécies

Por Ana Laura Ayub e Ana Guercio : outubro 21, 2024

Arara Canindé, também conhecida como arara-barriga-amarela, possui um valor estimado de 3 mil reais. Foto: Reprodução/Pexels

Espaço em conjunto com Ibama e Secretária do Meio Ambiente, protege fauna, flora e vida de animais raros ou próximos da extinção

No Brasil, 38 milhões de animais são traficados por ano, entre eles, os que mais despertam interesse são silvestres, raros e exóticos. Apesar do país ter a Lei Federal de Proteção à Fauna (nº 5197/67) e a Lei de Crimes Ambientais (nº9605/98) especializada na punição contra crimes a fauna nacional, a fiscalização não é preenchida ou exercida apenas pelo Estado.

Com isso, surgem outras formas de velar pela vida dessas espécies, em uma delas está o Galpão Animal, um centro de comercialização de animais silvestres e espécies raras regulamentado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e pela Secretária do Meio Ambiente.

Passaro raro

Em cativeiro, o papagaio-cinzento, uma das espécies mais traficadas do mundo, reflete o desafio entre conservação e exploração.
Foto: Reprodução/Pexels

O Galpão, que existe há mais de 30 anos, é um espaço comercial apenas com animais de criadouros regularizados. Ezequiel Dutra Reis, biólogo responsável pela loja, explica como funciona.

“Só comercializamos animais devidamente documentados e nascidos em empreendimentos de fauna devidamente regulamentados pelos órgãos competentes. E mais, para serem vendidos, as espécies são identifcadas com anilhas e microchips.”

Por terem nascido em criadouros responsáveis pela reprodução dessas espécies, em teoria, os animais já estão protegidos de, por exemplo, tráfico ambiental. Dutra explica que, a única forma de ter um animal legalizado é olhando sua origem.

“Não existe “legalizar” animal. É impossível ter um animal legalizado sem que ele tenha sido comprado de um espaço regularizado pelos orgãos. A partir do momento em que ele sai de uma loja ou criatório indevidamente documentado, a espécie será ilegal pelo resto da vida.”

Para se prevenir de possíveis golpes durante a compra desses animais, é possível checar as autorizações necessárias pelo site do Ibama e da Secretária do Meio Ambiente de cada estado. Pela legislação, o comércio também serve como ferramenta de arrecadação de fundos destinados a programas de conservação e reintrodução de espécies em seus habitats naturais.

Riscos Ambientais

Apesar desse potencial positivo, o comércio também envolve sérios riscos ambientais. A introdução de espécies não nativas pode causar desequilíbrio ecológico, já que elas podem competir com locais por recursos, propagar doenças e alterar habitats. Além disso, o tráfico ilegal é um dos grandes impulsionadores do declínio de várias populações de animais selvagens.

De acordo com a organização WWF, uma estimativa realizada em 2016, apontou que o tráfico de animais silvestres movimenta cerca de US$ 23 bilhões anualmente, sendo o terceiro maior mercado ilegal, atrás apenas do tráfico de drogas e armas.

“É muito difícil realizar esforços de conservação com animais exóticos no Brasil”, diz Eduardo Lázaro, médico veterinário especialista em animais silvestres. Lázaro exemplifica com o caso da ave Loris-molucano, uma espécie que enfrenta grave ameaça em sua região de origem, com muitos deles morrendo.

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No Galpão Animal, a espécie mais cara já registrada foi uma Arara Azul, animal ameaçado de extinção e classificado como vulnerável pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). O preço médio de uma Arara Azul é R$ 80 mil. No aspecto econômico, alguns outros animais também se destacam, especialmente, aves que vivem em viveiros externos, como é o caso do Tucano Toco e da Cacatua Galerita, que custam em média R$ 35 mil.

Editado por Bruna Blanco

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