“Respeitei a quarentena, mas acabei contaminado”, diz Elton Marques, que enfrentou a crise do novo coronavírus com a família em Londres
Quando começou o lockdown na Inglaterra, o brasileiro Elton Marques, de 37 anos, se recolheu em sua casa em Londres. Funcionário de uma filial do Deutsche Bank, Elton mora há três anos na Grã-Bretanha com a esposa e os dois filhos. “Respeitei todas as medidas de segurança”, garante. Mesmo assim, não conseguiu escapar do contágio: o brasileiro e toda sua família acabaram pegando covid-19.
A família de brasileiros engrossou a estatística do país europeu mais afetado pelo novo coronavírus. Já são mais de 250 mil casos confirmados e aproximadamente 40 mil mortes – houve picos de mais de mil óbitos por dia. O próprio primeiro-ministro Boris Johnson, que no início minimizava a pandemia, contraiu o vírus e foi parar na UTI. Alvo de críticas, Johnson adotou, a princípio, medidas que iam contra as recomendações da comunidade científica. Para atingir a chamada “imunização de rebanho”, ele recomendou o lockdown apenas para pessoas que faziam parte de grupos de risco.
O resultado não foi positivo. Então, no dia 23 de março, o país entrou em lockdown. O comércio não essencial foi fechado e a circulação de pessoas nas ruas, restrita. Elton acredita que Boris Johnson optou por decisões que estavam ao seu alcance. “Ele tomou medidas mais leves no começo, não deu certo e só depois mudou. Ele fez o que podia, levando em conta o que se sabia sobre o vírus na época”, opina.
Veja mais em ESQUINAS
“O Brasil é usado como exemplo do que não fazer durante uma pandemia”, diz brasileira em Londres
Com risco dobrado, jovem com síndrome de Down relata sua experiência com a covid-19
Rei Charles: confira momentos do sucessor da Rainha Elizabeth II no Brasil
O próprio brasileiro não tem pistas sobre como se contaminou. “Não sei dizer como acabei pegando”, diz Elton. “Eu e minha família ficamos a maior parte do tempo dentro de casa”. Na ausência de contato próximo com outra pessoa, o paulista acredita que o vírus pudesse estar no ar – ele relata ter pego o metrô para trabalhar nas raras vezes em que teve de ir presencialmente ao banco.
Os sintomas não foram graves. “Tive febre por um curto período e perda do olfato e paladar. Em uma semana, já estava completamente recuperado”, conta. “Nunca encarei como um perigo para mim e para minha família o fato de que peguei o vírus”.
A Inglaterra passa, agora, por um processo de reabertura do país e flexibilização das medidas de segurança. No início de maio, o governo emitiu um documento de 50 páginas com alguns pontos para o início de um desconfinamento progressivo. Alguns trabalhadores, em especial os do setor de construção civil e manufatura, voltaram à rotina. Houve problemas no transporte coletivo, que lotou. Elton afirma que, aos poucos, as ruas da Inglaterra estão ficando cada vez mais cheias. A temperatura em elevação é um grande incentivo para que as pessoas voltem a frequentar os parques, promovendo aglomerações.