“Estamos abertos pela dignidade, pela vida, pelos empregos”: restaurante descumpre restrição do estado e critica medidas que prejudicam o setor - Revista Esquinas

“Estamos abertos pela dignidade, pela vida, pelos empregos”: restaurante descumpre restrição do estado e critica medidas que prejudicam o setor

Por Maria Clara Vaiano e Vinícius Novais : fevereiro 25, 2021

Segundo Associação Nacional dos Restaurantes, ramo cumpre as normas sanitárias e “não deve permanecer fechado nem mais um dia, em qualquer fase”

“ESTAMOS ABERTOS pela Dignidade. pela Vida. pelos Empregos”. Essa é a legenda de uma foto publicada no Instagram da rede Ponto Chic, que tem restaurantes nos bairros paulistanos Paissandu, Paraíso, Perdizes e Brooklin. A publicação anunciava a abertura clandestina do estabelecimento, que critica o prefeito Bruno Covas por ir à final da Libertadores  enquanto defende medidas sanitárias que prejudicam o setor.

No dia 22 de janeiro, o governo de São Paulo endureceu a quarentena no estado. Nos finais de semana e das 20h às 6h nos dias úteis, a cidade estava na fase vermelha do Plano São Paulo. Nessa situação, comércio e restaurantes estavam proibidos de abrir para o público, podendo apenas trabalhar com serviços de delivery.

Mais uma vez, a medida gerou insatisfação dos comerciantes, que veem seus empreendimentos lesados com ações restritivas tomadas desde o início da pandemia. Em um domingo, 31 de janeiro, a rede Ponto Chic descumpriu a restrição e abriu as portas com o caixa e o dono servindo as mesas.

Na foto divulgando a abertura, centenas de comentários defendem e criticam a ação. Em uma das respostas, o perfil do restaurante cita que “desde o início da pandemia não demitimos ninguém. E mantivemos o plano de saúde de todos os colaboradores. Infelizmente as pessoas gostam de falar sem conhecer a realidade.”

 

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Em nota à ESQUINAS, a Associação Nacional de Restaurantes (ANR) afirma que entende que a abertura de alguns bares e restaurantes no fim de semana de 30 e 31 de janeiro são compreensíveis. Embora, como associação, defenda o cumprimento das leis e regras do Plano São Paulo.”

A ANR também expõe  dados para justificar o desespero dos que trabalham no ramo de restaurantes — tanto funcionários quanto empresários. Segundo a associação, 10 mil empresas do setor fecharam as portas em 2020 e muitas das que se mantiveram abertas tiveram que demitir milhares de pessoas. E além de sofrer com a recessão causada pela crise sanitária, os empresários enfrentam o aumento de tributação – 15% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

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Entretanto, o maior descontentamento dos donos de restaurantes, que ficaram mais de 100 dias fechados entre os meses de março e julho de 2020, é o sentimento de injustiça. Ao verem festas clandestinas, praias lotadas e outras aglomerações acontecerem sem controle ou fiscalização, os empresários se sentem desrespeitados. A ANR afirma que o ramo, pelo contrário, realiza o cumprimento das normas de segurança e, por isso, “não deve permanecer fechado nem mais um dia, em qualquer fase.”

O Plano São Paulo leva em consideração as medidas de segurança necessárias para cada setor com relação às normas sanitárias para conter o avanço da covid-19 e assegurar a segurança dos trabalhadores e clientes. No dia 6 de fevereiro, a capital do estado e algumas cidades do interior avançaram para a “fase amarela”, em que bares funcionam com restrições de 40% do público até as 20h e os restaurantes, até as 22h.

No carnaval (13 a 17 de fevereiro), o Governo cancelou o tradicional ponto facultativo visando a contenção da epidemia (decreto 60.060). Mas vários setores (bancos, comércios, educação e outros) mantiveram o feriado em seus calendários e o litoral paulista, como a praia de Santos, foi inundado de aglomerações. Segundo a Ecovia, mais de 200 mil veículos cruzaram a Anchieta-Imigrantes em direção à Baixada Santista.

Ainda no feriado de carnaval, a vigilância Sanitária aplicou 22 multas e fechou 11 estabelecimentos na capital, como a balada Amata que promovia uma festa com aglomeração e sem máscaras.

Com os descumprimentos às medidas de contenção do vírus, a curva de contágio em São Paulo não tem diminuição efetiva. Por conta do recorde de pacientes com covid-19 internados em UTI, o governador João Doria determinou que a partir de sexta-feira (26) até 14 de março haverá restrição de circulação das 23h às 5h em todo o estado.