Ansiedade, stress e choro: como os pets reagem ao isolamento social - Revista Esquinas

Ansiedade, stress e choro: como os pets reagem ao isolamento social

Por Luiza Anicet Ozéas e Vinícius Boucault Peres : abril 7, 2021

Veterinários e donos relatam alterações de comportamento dos animais devido às mudanças da rotina na pandemia

Desde o início da pandemia, é comum ouvir queixas com relação à ansiedade e à dificuldade de se isolar. Esses poderiam ser problemas comuns de qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, mas são sintomas vividos por pets.

De acordo com a veterinária Natassia Cominato, houve um aumento significativo no número de animais de estimação que a procuraram durante a pandemia. “Alterações comportamentais podem afetar a parte física e biológica dos animais. Ansiedade e stress, por exemplo, podem causar lambedura das patas e piorar alergias pré-existentes, que têm como consequência infecções na pele”, explica Natassia.

 

Ver esta publicação no Instagram

 

Uma publicação partilhada por Muito Mais Pet (@muitomaispet)

Em uma pesquisa feita com 35 donos de animais, 26 deles, ou 74%, relataram que seus pets apresentaram mudanças comportamentais por conta do isolamento. 17 respostas se referiam à dependência emocional dos animais para com a família.

Trabalhando home office, a arquiteta Tauhane Gelaleti, 26 anos, decidiu adotar uma companheira: a cadela Beringela. “Ela sempre foi um pet de pandemia, mas noto que é extremamente apegada a mim porque com a pandemia passamos muito tempo juntas. Somos supergrudadas”, diz Tauhane.

Tauhane Boucault, arquiteta e proprietária do escritório de arquitetura Amarelas Studio @amarelasstudio), teve que se adaptar à pandemia e ficar em Home Office na companhia de sua pet Beringela
Acervo Pessoal

A estudante Giovanna Laranjo, 18 anos, conta que Teka, sua cachorra, ficou doente e mais estressada durante a pandemia. “Mas, ao mesmo tempo, ficava se lambendo menos com a gente mais tempo em casa, ela ficava desesperada quando a gente saía”.

A cadelinha Zoey, adotada em 2019 pelo publicitário Vitor Peres, 25 anos, também enfrentou problemas. No início da quarentena, ela desenvolveu um problema cutâneo devido ao estresse por não estar saindo para passear como antes.

Assim como os humanos, os animais sentem necessidade de receber atenção. Segundo o veterinário Donny Morrison, a proximidade de seus donos, que passaram a estar mais presentes e dar mais carinho, aumentou a carência dos pets. Além disso, alguns deles se mostraram estressados, já que sua privacidade foi, de certa forma, “invadida”.

A gerente de produtos Alessandra Anicet, 48 anos, notou modificações no comportamento da maltês Meg, de 13 anos: “Por conta da mudança de rotina da minha família, nossa casa passou a estar cheia 100% do tempo, o que fez com que minha cachorra desenvolvesse stress e começasse a comer as patas.” A estudante de Relações Públicas da Cásper Líbero, Isabela Giaretta, 18 anos, perecebeu que Teka, sua cachorra, se sente deslocada na própria casa.

A maltês Meg de 13 anos tem seu próprio perfil no Instagram: @meg_10172
Reprodução

Essas alterações comportamentais são explicadas pelo veterinário, que também notou mudanças na maioria dos pacientes que atendeu. Segundo Donny, eles estavam extremamente ansiosos, agitados e perdidos devido à transformação de suas rotinas e ao aumento do convívio familiar.

“Com a mudança na rotina dos humanos, ou seja, ficar de home office, estudar virtualmente e não sair constantemente, o animal pode demorar para se adaptar, o que acaba desencadeando esses comportamentos”, diz. De acordo com ele, os pets também ficam ansiosos, e alguns dos sintomas são: chorar excessivamente, uivar, lamber as patas constantemente e até mesmo hiperventilar.

O veterinário contou que um dos casos mais graves observados durante a quarentena foi o de um gato com sintomas de pneumonia, causada pelo uso excessivo de produtos de limpeza no chão da casa em que vive.

Veja mais em ESQUINAS

Vítimas da desinformação, papagaio e porquinho da índia são intoxicados por álcool em gel

“É preciso evitar que o tratador contamine o animal, senão teremos uma série de problemas”, afirma diretor de zoológico

Teleaula, trabalho, tucano: casperianos fotografam isolamento social

Donny reconhece que não é possível manter a mesma vida pré-pandemia, mas, para ajudar e acalmar os animais de estimação durante esse período, é indicado evitar novas mudanças na rotina.

Muitas famílias, de acordo com ele, se sentem culpadas por não poder passear com os animais com frequência, e passaram a mimá-los mais. Isso pode afetar o pet e desencadear alterações de comportamento.

Ainda que ter um animal de estimação seja uma grande responsabilidade, pesquisas indicam que houve um aumento no índice de adoção de cães e gatos durante os primeiros meses de quarentena, o que evidencia a diferença que os animais são capazes de fazer, especialmente em um momentos de reclusão.

Encontrou um erro? Avise-nos