No cenário musical do indie brasileiro, Duda in the Sky conquista espaço com letras pessoais
De Liverpool, Reino Unido, até Uberlândia, Minas Gerais, os Beatles não influenciaram apenas o gosto musical de Maria Eduarda Calfat, mas também seu próprio nome artístico, inspirado pela música “Lucy in the Sky With Diamonds” da banda britânica. Duda in the Sky é uma cantora e compositora de 21 anos e tem dois EPs lançados – Sentido (2019) e Amora (2020).
O começo
Em 2018, Duda deu início à carreira musical. Ela venceu o Festival Minas Music com sua canção Um Dia Maior Que o Ano e fez um show pela primeira vez. “Eu me inscrevi com um vídeo gravado no meu quarto, sentada no chão, postei no YouTube e venci por voto popular. Foram mais de mil votos”, ela conta.
“Eu me lembro da sensação. Eu não consigo descrever exatamente o que eu senti. Eu passei semanas ensaiando muito. Eu já tocava violão, já cantava, mas era muito tímida e quando o dia do show chegou, eu sentia borboletas no estômago. A sensação no palco foi incrível, e, quando eu desci, eu disse ‘Quero fazer isso pelo resto da vida’. Era um sentimento de pertencimento. Cantar e contar histórias enquanto as pessoas reagem a isso”, completa.
Depois disso, ela teve sua primeira experiência em estúdio. Juntou-se a seu produtor, Beto Rosa, para gravar a música vencedora e lançá-la nas plataformas digitais. Mas Duda já tinha outras faixas na época, e decidiu gravá-las no mesmo estúdio para montar um EP. No ano seguinte, Sentido nasceu.
Marcado por músicas fáceis de ouvir, Sentido fica no repeat. Duda atingiu o mesmo resultado com seu segundo EP, Amora, mas o estilo das letras mudou de uma produção para outra. “Acho que amadureci muito. Sentido era mais um desabafo, eu lancei sem saber do poder disso, e Amora foi muito mais sobre como eu poderia tocar as pessoas com os meus sentimentos”, explica Duda.
O processo criativo para Duda in the Sky
Mesmo sendo uma cantora solo, Duda deixa claro que a música não é uma coisa que se faz sozinha. Para ela, “a importância do coletivo na produção musical vem desde a primeira ideia, antes da composição sair do papel. Minhas músicas são fruto de experiências, uma não vive sem a outra. Elas são fruto de relacionamentos com pessoas, de como eu vejo as coisas, o que eu quero ser, de como eu quero mudar, dos meus sentimentos e muitas outras coisas”, conta.
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A artista valoriza as pessoas que a acompanham e incentivam. “Tenho muita sorte de ter encontrado muitas pessoas em meu caminho que têm tanta sensibilidade, tanto carinho, que acreditam em mim e em minhas composições. Quanto mais pessoas se unem em um projeto e mais cabeças se unem com o mesmo propósito, com o mesmo sentimento, isso me torna grande”. A figura de Beto Rosa, seu produtor e amigo da família, se destaca. Ele foi o primeiro a ser contatado por Duda após vencer o festival, e tem estado com ela desde então.
Todo o trabalho é recompensado pelos fãs: “É tão incrível receber essas coisas de volta, também, as pessoas dizendo ‘sua música me ajudou a superar algo’ ou ‘eu me sinto bem quando a escuto, eu a escuto o tempo todo, eu a envio às pessoas’. Acho que essa troca é muito legal porque eu vejo o quanto estas músicas se tornaram mais do que eu”.
Quando está confusa quanto ao que sente, Duda consegue definir os sentimentos compondo. “Algumas canções saem tão rápido que parece um verdadeiro surto. Às vezes, eu não sei o que estou sentindo, e, quando transformo em uma canção, eu digo ‘oh, então é isso'”.
Não há receita para o processo criativo. Para Duda, o início de uma canção pode vir de um filme, de uma conversa, de um sentimento mais forte: “Algumas coisas me inspiram”. Ela desenvolve: “Beto estava me dizendo hoje que a diferença entre as pessoas que compõem e as que não o fazem é que as primeiras vêem as coisas de certa maneira, e, além de serem capazes de escrever de forma muito subjetiva, elas colocam isso em música”. Com um instrumento, papel e caneta, um sentimento se torna música nas mãos de Duda.