Morador da Zona Leste de São Paulo há 28 anos, o baiano Jordelândio tenta se destacar como ambulante em meio aos arranha-céus do Centro
Conhecida como um grande centro comercial, a Avenida Paulista já mostrou que os negócios vão muito além dos grandes edifícios que a rodeiam, é necessário olhar um pouco mais para baixo, para os personagens que aparecem no asfalto, nas calçadas e corredores da avenida. O dono da barraca de jornal, os artistas de rua, aquele que faz artesanato, o que vende incensos, o ambulante e muitos outros.
Nesse contexto, inúmeros trabalhadores saem de todos os cantos da cidade de São Paulo, e até mesmo de outros estados e países, para conseguir o seu espaço e sustento nesse local.
“Cheguei em 1994 e logo comecei a trabalhar em uma metalúrgica, depois comecei a vender chocolate em frente ao prédio da Gazeta, e então, passei por outros locais, como a Rua Augusta e o prédio da Receita Federal. Até que no fim de 2014, logo após a Copa do Mundo, me estabeleci onde estou.”, relata Jordelândio Ferreira dos Anjos, de 49 anos, vendedor de acessórios para celular na Avenida Paulista.
Jordelândio, baiano que vive em São Paulo há quase 28 anos, sai todos os dias de sua casa na Vila Diva, localizada na Zona Leste da cidade, para vender seus produtos nos arredores da Avenida Paulista. “Eu escolhi vir para a Paulista porque o fluxo é maior e, consequentemente, mais vendas”, afirma o comerciante.
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A pandemia na visão de um ambulante
Sem poder poder trabalhar em seu ponto fixo no início da pandemia, Jordelândio teve que se desdobrar para sobreviver. “Foi muito sofrimento. Trabalhei ilegalmente, porque o protocolo não permitia ficar no meu ponto legalizado. Eu até evitava o ‘rapa’, mas me confiscaram duas vezes e levaram tudo que eu vendia”, conta o trabalhador.
Com a cidade de São Paulo retirando gradualmente suas restrições sanitárias contra a covid-19, Jordelândio retomou suas atividades em seu ponto, porém ainda sofre com os efeitos da pandemia: “Está tudo caro, meu lucro está muito pequeno. Os preços das mercadorias só aumentam, o desemprego do povo também, mas o salário não”. Além disso, o vendedor reforça que a maioria das pessoas irá optar por comprar suprimentos básicos para a sobrevivência, ao invés do que ele vende.
Jordelândio afirma ser um homem de muita fé, o que, para ele, foi um refúgio nos momentos de maior dificuldade desde que saiu de sua terra natal e o permitiu se manter firme até os dias de hoje.