Entre o samba e a culinária: os ingredientes que regem a trajetória de Mestre Chiquinho - Revista Esquinas

Entre o samba e a culinária: os ingredientes que regem a trajetória de Mestre Chiquinho

Por Gaba Serpa, João Victor Oliveira, Gabriel Bertoli, Gabriel Oliveira de Col, Matias Patrone Camilo e Miguel Teles de Souza : fevereiro 26, 2022

Nascido em Minas Gerais e com experiência na Itália, Mestre Chiquinho conta sua trajetória até sua barraquinha de paella na Paulista

Localizada na Alameda Rio Claro, frente a uma das saídas do metrô Trianon-MASP, trabalha Francisco Corrêa, conhecido como Mestre Chiquinho, maneira como ele se apresenta. Em uma barraca, com uma chamativa faixa vermelha, ao som de clássicos da MPB e samba, Mestre Chiquinho prepara um caprichado burrito para fechar o pedido de um dos seus clientes.

Calvo, com alguns fios de cabelo grisalho, estatura baixa, com um tom de voz baixo e calmo, Mestre Chiquinho conta que nasceu em Pirapora, Minas Gerais, cresceu em Belo Horizonte e mudou-se para São Paulo logo aos 16 anos, acompanhado de seus pais.

Seu pai, Armando Corrêa, já é um rosto conhecido, foi candidato à presidência da república em 1989, mas cedeu a candidatura ao apresentador e empresário Silvio Santos

Porém, não foi na política que Francisco se encontrou. Influenciado pela mãe, ele despertou ainda jovem seu apreço pela dança, música e principalmente culinária. Enquanto a mãe cozinhava, qualquer ritmo ou batida era um convite para Chiquinho dançar.

Amante da cultura, Mestre Chiquinho aventurou-se pela Itália em 1991, a fim de fazer da dança de da música seu sustento. Com aulas de capoeira e tocando em rodas de samba, ele aproveitou para explorar todo o potencial dos ritmos e gingados brasileiros.

No país, participou de concursos de dança, saindo como vitorioso em alguns, além de fazer aparições em videoclipes de cantores italianos como Paolo Conte e Jovanotti, e coordenou as coreografias, mesmo sem ser fluente em italiano.

Aprendeu a preparar iguarias das cozinhas espanhola, italiana e mexicana no período em que esteve fora de sua terra natal, e utilizou desse conhecimento para tirar seu sustento trabalhando em um bar, onde também servia feijoada e caipirinha acompanhadas de uma música brasileira, de preferência Jorge Ben e Toquinho.

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Chiquinho retornou ao Brasil no final de 2019, poucos meses antes do início da pandemia, e não pôde regressar à Itália. Além da questão sanitária, a saúde de sua mãe de 94 anos, o impossibilitou de sair do País.

Aqui, montou sua barraca no final de 2021, localizada próxima do Museu de Arte de São Paulo (MASP), na Avenida Paulista, vendendo e conquistando público com as comidas que aprendeu na Europa, onde teve contato com diversas culturas.

As comidas preparadas pelo Mestre são: a típica paella espanhola, burritos, nachos e tacos, clássicos mexicanos. Seus ingredientes são caseiros, feitos com um “toque brasileiro”, como ele mesmo caracteriza. Um destaque para o molho de guacamole.

Mestre Chiquinho não planeja voltar para a Europa no momento. Sendo assim, ele busca um ponto fixo para seu estabelecimento, com música ao vivo, rodas de samba e capoeira para acompanhar seus saborosos pratos e receber seus clientes. Sempre que questionado sobre o seu retorno ao Velho Continente, o empreendedor diz amar o Brasil e sorrindo (como de costume), afirma que pretende ficar aqui.

Editado por Nathalia Jesus e Anna Casiraghi

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