Do violeiro ao quitandeiro, a diversidade de profissões na Avenida Paulista - Revista Esquinas

Do violeiro ao quitandeiro, a diversidade de profissões na Avenida Paulista

Por Aline Cordaro, Giulia Lang, Giulia Zerbinato, Melissa Carraro, Leonardo Novaes e Pedro Vitor : março 16, 2022

Cícero do Forró tocando com sua banda na Avenida Paulista

Da busca por uma qualidade de vida melhor à aventura de arriscar um novo empreendimento, um encontro de profissões na Paulista

Ao percorrer a Avenida Paulista muitos detalhes nos chamam a atenção. Os prédios e a movimentação do local compõem e fazem jus a sua reputação, mas o que torna a via paulistana um verdadeiro cartão-postal são as vidas e os rostos que se encontram nela todos os dias. Na avenida, podemos encontrar uma diversidade de profissões que fogem do convencional para qualquer outro lugar da cidade.

É interessante observar o encontro de realidades tão distintas durante o horário do almoço, por exemplo, quando colaboradores descem dos prédios com os crachás no pescoço e tornam-se consumidores dos escritórios na calçada: o comércio de rua.

As profissões que escolhemos

Se você frequenta a Avenida Paulista, com certeza já passou pela barraquinha do Seu Nino. Nino Nascimento de Jesus trabalha na avenida paulista há 4 anos, de segunda a sexta, das 9:00 às 18:00. O vendedor produz e comercializa pulseiras de couro, colares de pedras e vários outros acessórios. Para ele, o comércio de rua se tornou uma oportunidade de mudar de vida.

Saturado da vida de garçom nos grandes hotéis de São Paulo, Nino decidiu arriscar e olhar para outras profissões, em 2018 inaugurou seu comércio na via pública mais popular de São Paulo. Localizada entre o número 1100 e 1000, seu pequeno empreendimento atrai muitos olhares.

Nino conta que ele mesmo faz as peças que estão à venda, e que apesar de em alguns finais de semana trabalhar em feiras na Avenida Rebouças, não existe lugar melhor para vendê-las senão na avenida Paulista.

“Aqui o público é diferente, simpático, tem muitos turistas e todos me tratam muito bem. Quando me pedem encomendas eu faço até mandalas e bolsas. Não tenho nada do que reclamar”, comenta.

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Nino organizando seus produtos na barraca para iniciar seu expediente.
Giulia Zerbinato

Frutas pelo pão de cada dia

Em sua barraquinha, que fica aberta das 4h às 16h, Nadilson trabalha vendendo frutas, em torno do número 1000 da avenida. “Estou em busca do pão”, diz o migrante.

Todos os dias ele traz seu pequeno caminhão com os produtos do dia para o seu comércio de rua, fica parado e atende os mais variados clientes, de empresários a turistas.

Nadilson conta que inaugurou seu negócio há menos de um mês, mas está se adaptando a cidade grande: “Quando abri o comércio aqui na Paulista, achei que por conta da correria as pessoas não seriam totalmente receptivas, mas eu me surpreendi e só conheci clientes educados”.

O comerciante revela a razão de ter escolhido essa grande avenida para vender seus alimentos: “A Paulista é top e é muito movimentada, muita gente passando que pode se interessar pelos meus produtos, não seria igual em outro lugar”. Ele também reforça que a avenida não tem tantos camelôs como o dele, então a concorrência é menor.

Nadilson complementa dizendo que as vendas não estão numa frequência ideal, elas só estão “indo”, mas argumenta que sabe que elas estão na melhor localidade possível e que não seria igual em um lugar menos movimentado.

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Nadilson com a mesa do comércio preparada para as vendas.
Giulia Zerbinato

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A música como afago e refúgio

Aos 65 anos, Roberto Peixoto toca violão em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP) para poder  sobreviver. O músico comenta que o instrumento e sua mochila são tudo o que lhe restou de uma vida repleta de profissões no currículo e altos e baixos.

Em situação de rua há 12 anos, ele lembra emocionado de quando foi casado e construiu uma família no Rio de Janeiro, e que os abandonou, abrindo mão de qualquer dinheiro que pudessem lhe oferecer.

Roberto também conta que já ficou preso de 1977 a 2007, por tráfico e roubo, depois decidiu seguir por caminho diferente. Sem condições para abrir um comércio de rua comum, como os outros, ele se apegou na música para ser porta desse recomeço, assim, decidiu se mudar para São Paulo há cerca de um ano e meio.

O ritmo da Paulista como ocupação

Cícero do forró e seus vizinhos, Antônio da Paraíba, 72, e Januário, 76, tocam juntos há 5 meses. O grupo está presente na Avenida Paulista nas tardes de todas as quartas, sextas e domingos.

Cícero, o mais falante do grupo, é de Caruaru, Pernambuco, mas mora em São Paulo há 50 anos. Ele já toca há mais de 22 anos, mas, nos últimos dois decidiu se arriscar com os shows nas vias públicas. O pernambucano conta que vive da música e que também faz shows de forró por toda a cidade de São Paulo.

Editado por Nathalia Jesus

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